Autoria: Por John Fulton e Alex Thomas
As culturas de cobertura são cruciais na agricultura sustentável, pois melhoram a saúde do solo, previnem a erosão e aumentam o ciclo de nutrientes. No entanto, a calendarização e a logística podem ser um desafio quando se semeiam culturas de cobertura. Tradicionalmente, as culturas de cobertura têm sido semeadas com semeadores convencionais após a colheita de uma cultura, utilizando máquinas de grande porte adaptadas para semear culturas de cobertura; ou por via aérea. O desafio tem sido a sementeira de culturas de cobertura no início do outono, dando tempo para a emergência e o crescimento da biomassa antes da primeira geada.
E assim, entra o drone – uma ferramenta versátil que encontra o seu nicho nas aplicações de culturas de cobertura em todo o Ohio (EUA). Na verdade, 2024 servirá como o terceiro ano para o uso de drones neste Estado americano, como uma opção popular para semear culturas de cobertura.
Os drones, também conhecidos como UAVs (veículos aéreos não tripulados), ganharam popularidade em vários sectores, incluindo a agricultura. A sua capacidade de voar autonomamente, captar imagens de alta resolução, aplicar produtos de proteção das culturas e distribuir sementes com precisão torna-os uma ferramenta ideal para a sementeira de culturas de cobertura. A maioria dos drones de pulverização vendidos atualmente vêm já com, ou têm como opção, um espalhador de fertilizante ou sementes.
Eis algumas vantagens da sementeira por drone:
1. Sementeira atempada: As culturas de cobertura precisam de ser semeadas em alturas específicas para maximizar os seus benefícios. Os drones permitem aos agricultores semear culturas de cobertura durante períodos críticos, tais como pós-colheita ou pré-inverno.
2. Flexibilidade: A utilização de drones permite aos agricultores semear culturas de cobertura em milho e soja instalados antes da colheita, normalmente desde o início de agosto até ao início de outubro, no Ohio. Os drones também podem ser utilizados quando as condições do solo não são adequadas, como depois de uma chuva. Esta flexibilidade garante um crescimento ótimo e a proteção do solo.
3. Acessibilidade: Os drones podem chegar a locais que, de outra forma, seriam difíceis de aceder com outro equipamento de aplicação. Podem sobrevoar socalcos, cursos de água e zonas húmidas, proporcionando uma sementeira precisa mesmo em terrenos de condições difíceis.
4. Transportabilidade: Os drones são facilmente transportados e utilizados por uma vasta base de clientes. Os drones pulverizadores de culturas, por outro lado, preferem explorações agrícolas e parcelas de grandes dimensões, o que os torna menos adequados para áreas mais pequenas.
5. Benefícios ambientais: Os drones minimizam a compactação do solo, uma vez que não requerem maquinaria pesada para atravessar as parcelas. Além disso, a colocação precisa das sementes reduz o desperdício de sementes e promove a utilização eficiente dos recursos.
Embora a sementeira por drone ofereça vantagens significativas, há desafios a enfrentar:
Regulamentação (EUA): É necessário cumprir a regulamentação local que rege a utilização de drones. O licenciamento, as restrições do espaço aéreo e os protocolos de segurança são considerações essenciais.
Capacidade de carga útil da semente: Os drones têm uma capacidade de carga útil limitada. As parcelas, especialmente as grandes, exigirão vários voos.
Duração da bateria e tempo de voo: Os drones atuais são alimentados por baterias, que têm capacidades e tempos de voo limitados. Ao aplicar culturas de cobertura, serão necessárias mudanças e recargas frequentes da bateria.
Tipo e tamanho das sementes: Diferentes espécies de culturas de cobertura têm tamanhos e formas de sementes diferentes, o que afeta a uniformidade de medição e distribuição. Na nossa investigação, descobrimos que são necessárias diferentes configurações de espalhadores e saídas, dependendo do tamanho das sementes. Uma configuração não funciona para todas as culturas de cobertura, o que pode criar um desafio aquando da aplicação de misturas.
Planeamento de voo e navegação: A operação eficaz do drone requer um planeamento de voo e navegação cuidadosos para evitar obstáculos, manter distâncias seguras de estruturas e linhas elétricas e cumprir os regulamentos do espaço aéreo. As diferentes condições das parcelas (relevo, formato, obstáculos,etc.), ou as áreas com vegetação densa podem, por vezes, apresentar desafios de navegação adicionais para os drones.
Continuamos a realizar investigação sobre a utilização de drones para instalar culturas de cobertura. A nossa intenção é fornecer informações sobre configurações para semear, uniformemente, diferentes culturas de cobertura.
No trabalho que desenvolvemos no outono de 2023 descobrimos que os drones podem efetivamente instalar culturas de cobertura em milho e soja instalados no terreno no final de agosto e início de outubro.
As culturas de cobertura tiveram boa emergência. A uniformidade de propagação medida (coeficiente de variação; CV) varia de 18% a 31%.
Na nossa investigação trabalhamos para ajudar a reduzir esta variabilidade de distribuição e compreender as limitações da largura de trabalho, com base na espécie e na mistura da cultura de cobertura.
Estes resultados podem ser revistos nas páginas 202- 203 do Relatório eFields 2023.
Em resumo, os drones estão a mudar as regras da sementeira de culturas de cobertura e outras práticas agrícolas.
A utilização de drones para a instalação de culturas de cobertura representa uma nova ferramenta para os agricultores do Ohio, oferecendo uma solução económica e amiga do ambiente.
A sua capacidade de aceder a áreas difíceis, a transportabilidade e as vantagens em termos de segurança tornam-nos ferramentas valiosas para os agricultores do Ohio.
À medida que a tecnologia continua a evoluir, podemos esperar soluções ainda mais inovadoras para melhorar as práticas agrícolas sustentáveis.
Para mais informações sobre a utilização de drones e outras tecnologias de agricultura de precisão, visite ou saiba mais seguindo a investigação OSU Precision Ag no X e no Facebook.
Consulte o artigo original AQUI.
Fonte: APOSOLO – Associação Portuguesa de Mobilização de Conservação do Solo.
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