Qual o papel das plantas herbáceas silvestres nativas na recuperação dos ecossistemas degradados pelo grande incêndio da Serra da Estrela em 2022?

O projeto FLoRE – Flora Local para o Restauro Ecológico, em curso no laboratório colaborativo MORE CoLAB, está à procura da resposta, apostando nesta Solução baseada na Natureza (SbN) como estratégia para revitalizar os solos, acelerando a recuperação e melhorando a sua resiliência.

A preservação e o restauro das regiões montanhosas são de extrema importância devido à função que estas desempenham enquanto reservatórios de biodiversidade e fontes de água doce para grande parte da população mundial. Assim enquadrados, os territórios do sudoeste europeu são fundamentais para a conservação dos serviços dos ecossistemas, não obstante estas regiões enfrentarem atualmente pressões significativas devido à intensificação da atividade humana e às alterações climáticas¹,².
Uma das soluções para esta problemática passa pela recuperação de ecossistemas degradados, estratégia cada vez mais reconhecida como fundamental para enfrentar os desafios das alterações climáticas, a perda de biodiversidade e as questões ecológicas e sociais associadas³.

Sítio-piloto do projeto FLoRE em Manteigas Plantas herbáceas silvestres nativas – porquê?

As sementes de plantas herbáceas silvestres nativas são a base de muitas iniciativas de restauro ecológico, pelo que o seu uso eficiente e eficaz é considerado crucial para o sucesso dos projetos deste âmbito, uma vez que contribuem significativamente para aumentar a biodiversidade e o valor ecológico dos habitats a restaurar, especialmente quando provenientes de sistemas de colheita sustentável4. Esta Solução baseada na Natureza (SbN) é uma ótima estratégia para combater a degradação e fragmentação dos ecossistemas resultante dos incêndios, de forma a revitalizá-los, acelerando a sua recuperação e incrementando a resiliência dos mesmos5.

O projeto FLoRE – Flora Local para o Restauro Ecológico

Neste contexto, surge o projeto FLoRE – Flora Local para o Restauro Ecológico, que assume o desafio de demonstrar a viabilidade económica e organizacional de uma mudança de escala na implementação de soluções de restauro ecológico, destacando o uso de um recurso local: sementes de plantas herbáceas silvestres nativas e de origem local.
Este projeto está enquadrado no Programa INTERREG-SUDOE, que pretende consolidar o sudoeste europeu como um espaço de cooperação territorial nas áreas da inovação, competitividade e proteção do meio ambiente.

O FLoRE resulta de uma colaboração entre entidades portuguesas, espanholas e francesas, sendo promovido pelo Conservatoire d’Espaces Naturels d’Occitanie – CEN Occitanie e copromovido por:
Conservatoire d’Espaces Naturels d’Auvergne – CEN Auvergne
Le Labo des Territoires Alimentaires Méditerranéens – FAB’LIM
Asociación Florestal de Soria – ASFOSO
Consejería de Medio Ambiente, Mar Menor, Universidades e Investigación da Comunidad Autónoma de la Región de Murcia – Centro Murcia
Cámara Oficial de Comercio, Industria y Servicios de Badajoz – CC Badajoz
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária – INIAV
Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação – MORE CoLAB

O MORE CoLAB é uma associação sem fins lucrativos de direito privado reconhecida desde 2018 como Laboratório Colaborativo pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Resulta de uma associação de unidades de investigação, laboratórios, instituições de ensino superior, centros tecnológicos, empresas e instituições intermédias e de interface.
Este laboratório colaborativo nasceu com a missão de aproximar as regiões de montanha, sobretudo as do Mediterrâneo, promovendo a sustentabilidade económica, ambiental e social através da inovação de produtos e serviços, da aposta no emprego qualificado e do respeito pelos produtos endógenos, tradições e comunidades destas regiões (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de junho 2024

Autoria: Maria Seixas¹, Bárbara Matias¹, Luis Silva¹ e Susana Araújo¹
¹ MORE CoLAB – Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação

Agradecimento:
Os autores deste trabalho agradecem o financiamento atribuído pelo Programa INTERREG-SUDOE ao projeto FLoRE (S1/2.7/F0042). Agradecem ainda a todos os parceiros envolvidos na sua execução.

Referências: Solicitar aos autores
1. Banks-Leite, C., et al (2020). https://doi.org/10.1016/j.oneear.2020.11.016
2. UNEP & FAO (2021). https://www.decadeonrestoration.org/publications/ ecosystem-restoration-playbook-practical-guide-healing-planet
3. IPBES (2022). https://doi.org/10.5281/zenodo.6417333
4. Cross, A. T., et al (2020). https://doi.org/10.1111/rec.13173 5. Wittenberg, L., & Shtober-Zisu, N. (2023). https://doi. org/10.1016/j.coesh.2023.100520 6. ICNF (2023). https:/