“No geral, na nossa perspetiva, foi um ano satisfatório do ponto de vista da produtividade”

“Antes de mais, sinto que é necessário fazer uma breve caraterização da nossa exploração. Somos uma pequena exploração familiar historicamente dedicada à produção de bovinos leiteiros e temos vindo a aumentar a área associada à produção agrícola, o que tornou uma necessidade de auto aprovisionamento numa importante operação na tesouraria da nossa instituição. Contamos atualmente com 95 hectares ocupados por culturas arvenses de inverno e verão.

Produtor de milho na empresa Manuel Leal Rosa

Estamos instalados na zona norte do Concelho de Leiria, no perímetro hidroagrícola Vale do Liz, que tem à disposição dos agricultores um sistema de regadio por gravidade, embora esteja atualmente a ser submetido a um processo de modernização e é caraterizado por não ter reservas de água sazonais contando apenas com açudes limitados na capacidade de armazenamento tendo em conta a área agrícola  e o números de parcelas que servem. O sistema de regadio atualmente utilizado é muito exigente em mão-de-obra e muito pouco eficiente na utilização da água disponível. A expetativa de um novo sistema de regadio com água sob pressão provocou o adiamento do investimento em técnicas de rega mais eficientes, pois é fundamental que os equipamentos sejam compatíveis com a rede de rega a ser instalada e que não sejam feitos investimentos em vão.

A combinação dos fatores anteriormente referidos tem dificultado o aumento da dimensão da operação do milho, um dos fatores determinantes é a disponibilidade de água e mão-de-obra necessárias para que não hajam perdas produtivas, por isso, este ano cultivámos 48 hectares de milho ao longo de 22 parcelas, distribuídos na produção da seguinte forma: 

• 28ha em 12 parcelas foram colhidos como silagem e foram utilizadas variedades FAO 500 e 600 com de 89 000 sementes/ha e a sementeira ocorreu durante o mês de maio. Foi obtida uma produtividade média de 58T/ha, a parcela menos produtiva ficou pelas 47 T/ha e a mais produtiva alcançou as 61T/ha. A colheita decorreu na segunda semana de setembro, sem  problemas a assinalar. A produção foi destinada ao auto aprovisionamento da operação leiteira e a outra exploração leiteira da região. 

• 14 ha em 6 parcelas foram colhidos como milho grão, apesar de serem as mesmas variedades e densidades de sementeira utilizadas para a produção de milho silagem. Foi obtida uma produtividade média de 13T/ha, a mais produtiva atingiu as 14T/ha, enquanto que a menos produtiva foi pouco além das 11 T/ha. A colheita do grão foi afetada pelas chuvas do início do outono e decorreu no final de outubro. tiveram que ser utilizadas lagartas devido à humidade que já estava presente no solo, o que aumentou os tempos e os custos de colheita. A produção foi destinada ainda em verde a uma empresa do setor avícola da região.

• 6ha divididos em 4 parcelas ainda não foram colhidos, foram semeados  já no mês de junho, recorrendo a uma variedade FAO 200 com uma densidade de 110 000 sementes/ha. Apesar de ainda não termos dados concretos, temos uma maior incidência de plantas derrubadas pelo vento, o que se deve a uma planta com menor estrutura e a parcelas mais expostas a ventos fortes. A colheita será feita assim que tivermos secador de grão disponível, pois a produção será entregue depois de seca e não dispomos de equipamento próprio para o efeito. 

No geral, na nossa perspectiva, foi um ano satisfatório do ponto de vista da produtividade. Tivemos uma campanha marcada por alguma chuva, o que obrigou a especial atenção no combate a infestantes e tivemos também uma temperatura amena que facilitou a rega. Foi um ano marcado  pelo constante fluxo de água nos canais de rega, parcialmente fruto da nossa estratégia de  gestão de área visto que a gestão de rega ainda não é uma realidade.”

Nome: Micael Leal 

Formação: Lic. Eng. agropecuária, ESAC-IPC

Função: Técnico Responsável pela produção vegetal

Empresa: Manuel Leal Rosa