O Professor António Carmona Rodrigues, presidente da Águas de Portugal (AdP) e coordenador do grupo de trabalho “Água que Une”, esteve presente nas Jornadas da FENAREG para discutir as questões relativas à água e apresentar as diretrizes do grupo.
Criado por determinação do governo, o Grupo reúne várias entidades, incluindo as Águas de Portugal, a EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva), a DGADR (Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural) e a APA (Agência Portuguesa do Ambiente), com o objetivo de elaborar uma estratégia integrada para a gestão da água em Portugal.
A transição de “contingência para resiliência”
Aos presentes, Carmona Rodrigues destacou que o grupo de trabalho tem como missão desenvolver uma estratégia que permita à água passar de um “ambiente de contingência para um ambiente de resiliência”. O coordenador explicou que, nos últimos anos, Portugal tem enfrentado uma crescente escassez de água e situações de seca, que resultam em restrições no uso deste recurso vital.
A estratégia que o Grupo está a desenvolver será apresentada ao Governo brevemente, com a previsão de ser incluída no Plano Nacional da Água, revisado para o horizonte 2025/2035.
Carmona Rodrigues ressaltou que o trabalho está focado na criação de “um conjunto de medidas estruturais e não estruturais” para mitigar a escassez de água no país. Essas medidas serão adaptadas às especificidades das diversas regiões de Portugal, de forma a evitar problemas de abastecimento e uso da água, garantindo uma gestão mais eficiente. “Queremos tirar partido da oportunidade que hoje temos de recorrer a várias origens de água”, afirma, mencionando opções como a dessalinização, a reutilização de águas e a gestão das águas subterrâneas e superficiais.
Outro ponto fundamental abordado por Carmona Rodrigues foi a necessidade de melhorar a governança da água.
O coordenador sublinhou a importância de tornar as instituições ligadas à gestão da água mais capacitadas, tanto em termos técnicos quanto de recursos humanos e financeiros. “Queremos que as pessoas nas várias instituições ligadas à governança da água estejam mais capacitadas”, diz, sublinhando ao mesmo tempo a relevância de ter uma rede de gestão eficiente e bem estruturada para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela escassez de recursos hídricos.
Carmona Rodrigues defende ainda o caráter único da colaboração entre os diversos departamentos do estado, o que tem possibilitado uma abordagem mais integrada e eficaz para a gestão da água. “Esta é uma oportunidade única (…). A água é, cada vez mais, um bem precioso, e que é essencial tratar este tema de forma transversal, com a colaboração entre todas as entidades envolvidas”, considera.
O coordenador do Grupo de trabalho também destacou a importância de eventos como as Jornadas da FENAREG, que possibilitam a troca de ideias e propostas entre as diversas partes envolvidas na gestão da água. “Reuniões como esta são extremamente úteis para trocar impressões e para receber propostas”, afirma Carmona Rodrigues, sublinhando que o grupo de trabalho tem recebido muitas sugestões essenciais para fortalecer a estratégia de gestão da água.
“Água que Une”
A estratégia interministerial “Água que nos Une” representa um compromisso com a gestão sustentável da água, através de uma abordagem holística, multissetorial e colaborativa. A iniciativa inclui um novo Plano Nacional da Água (PNA 2035), que vai ajudar todos os setores económicos a usarem a água de maneira inteligente. Será financiada através de diversos instrumentos, entre os quais o PT2030, PRR, Fundo Ambiental, InvestEU e BEI.
→ Leia este e outros artigos completos na reportagem das XV Jornadas da FENAREG na Revista Voz do Campo – edição de janeiro 2025, disponível no formato impresso e digital.
Assista a alguns momentos do encontro: