PERANTE A PRESENÇA DE FALSO MEL NO MERCADO (ADULTERADO COM XAROPES DE AÇUCARADOS COM ORIGEM EM PAÍSES TERCEIROS) OS APICULTORES PEDEM MEDIDAS EXTRAORDINÁRIAS À UE E GOVERNO.

Sob o lema “Apicultores europeus contra a fraude”, a Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP) convocou uma ação de protesto para o próximo dia 28 de janeiro em Lisboa, em frente à sede da UE em Portugal, onde se pretende entregar na Representação da Comissão Europeia em Portugal um manifesto dos apicultores portugueses a favor da transparência no mercado do mel.

Esta ação terá também lugar simultaneamente em Madrid e Paris, no âmbito da Plataforma Comum promovida em Dezembro passado com apicultores de França (União Nacional de Apicultores Franceses UNAF) e de Espanha (Coordinadora de Organizaciones de Agricultores e Ganaderos COAG), para combater a fraude massiva em o setor do mel.

Em março do ano passado, a Comissão Europeia publicou um relatório elaborado em conjunto pelo OLAF (Organismo Europeu de Luta Antifraude), pelo JRC (Centro Comum de Investigação da União Europeia) e pela DG SANTE (Direção-Geral da Saúde e Segurança Alimentar), onde foram apresentados os resultados de um plano de controlo fronteiriço realizado em centenas de importações de mel durante 2021 e 2022. As conclusões do relatório são elucidativas: 46% das amostras analisadas eram fraudulentas e 66% das empresas importadoras controladas tiveram pelo menos um resultado positivo. Este “falso mel” é fabricado por xaropes de glucose obtidos a partir de cereais (milho e arroz, por exemplo), e chega aos consumidores misturado com mel europeu.

Em Portugal, entre janeiro e julho de 2024 entraram nas fronteiras marítimas do nosso país 7.658.149 Kg de mel oriundo da China, cujo preço médio das importações ronda os 1,50 €/Kg. No mesmo período, segundo dados obtidos junto das Aduanas Y Comercio de España, Portugal exportou para Espanha 6.422.710 kg de mel a um valor médio de 1,58 €/Kg.

Para a FNAP é evidente que Portugal está a servir de plataforma para um esquema de triangulação da origem do mel, ou seja, as importações de mel chinês entradas em Portugal têm como destino a indústria alimentar sedeada em Espanha, mas no percurso entre os Portos nacionais e o destino final, “transformam-se” em mel de origem Portugal.

A presença de mel adulterado no mercado impede os consumidores de aceder ao mel produzido pelos apicultores, um produto de elevada qualidade, saudável, seguro e sustentável. Para a FNAP e para os apicultores de Espanha e França, a UE e os Governo dos Estados Membros têm de agir imediatamente, reforçando os controlos fronteiriços e fiscalizando as importações de mel, especialmente enquanto estas circulam entre operadores no espaço europeu.

Esta é uma realidade incomportável para um setor que aposta cada vez mais na qualidade e na produção sustentável, e que luta para se adaptar aos efeitos das alterações climáticas que são devastadoras para as abelhas e para a atividade dos apicultores. “Não são apenas os apicultores que estão ameaçados. A soberania e a segurança alimentar da União Europeia também estão postas em causa. Por cada apicultor que abandona a atividade, milhões de abelhas melíferas deixam de polinizar os ecossistemas e muitas das nossas culturas agrícolas. Muda a paisagem, muda a identidade, muda o país. Sem abelhas, não há alimentos!”, sublinha Manuel Gonçalves, Presidente da FNAP.

Compareça e junte-se a esta ação de protesto no Largo Jean Monnet nº 1 (https://maps.app.goo.gl/QkMNtxWFhS4C2LTdA), em frente à sede da Representação da Comissão Europeia em Portugal. A concentração far-se-á a partir das 14.00, havendo concentração na sede da FNAP até às 12h00.

FNAP – Federação Nacional dos Apicultores de Portugal

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