No dia 1 de outubro, o COTARROZ – Centro Operativo e Tecnológico do Arroz, realizou o seu Dia Aberto em Salvaterra de Magos, uma iniciativa destacada pelo secretário-geral do COTARROZ-CC, Lourenço Palha como uma oportunidade única para partilhar com agricultores, investigadores e chefs de cozinha o trabalho de investigação que está a ser feito no setor. “Hoje mostramos ensaios de campo onde testamos a aplicação de bioestimulantes, destacando como podem beneficiar a cultura do arroz”, explica. Também foram apresentadas novas variedades que estão prestes a ser inscritas no Catálogo Nacional de Variedades, incluindo dois tipos médios e variedades de arroz agulha e aromático.
Para além disso, o momento alto do programa do Dia Aberto foi a assinatura do protocolo relacionado com a variedade de arroz carolino Caravela, a última a ser incluída no Catálogo Nacional de Variedades. “Este protocolo é um marco para nós, pois mostra o valor do trabalho em fileira, desde a investigação até à distribuição no mercado”, afirma Lourenço Palha.
Sobre os desafios atuais da cultura, para o secretário-geral o setor do arroz enfrenta desafios significativos, com os custos de produção elevados e a especulação de uma baixa no preço de venda. Contudo, uma das maiores preocupações é o controlo das infestantes. “O foco está em conseguir controlar as infestantes, através de novas técnicas culturais que temos vindo a adaptar como a sementeira enterrada (…). Para o ano já vai haver uma grande área cultivada neste método e isso já é um grande avanço”, conta, argumentando ao mesmo tempo que, “o nosso objetivo é desenvolver variedades de arroz que sejam altamente produtivas, bem-adaptadas ao nosso clima e resistentes a pragas e doenças”.
Durante a assinatura do protocolo do Projeto Caravela, Ondina Afonso, presidente do Clube de Produtores Continente, revela a importância estratégica desta iniciativa para o setor agroalimentar português. Após anos de investigação, o projeto, fruto de uma colaboração entre o Clube de Produtores Continente, a Lusosem e a Novarroz, culmina no desenvolvimento de uma nova variedade de arroz 100% portuguesa. Este protocolo, segundo Ondina Afonso, reflete a essência do Clube de Produtores, que há 25 anos promove a integração entre produção, conhecimento, indústria e retalho. Ondina Afonso sublinha o valor dos projetos de fileira, que envolvem a cooperação entre diferentes parceiros ao longo da cadeia de valor, desde o desenvolvimento até à colocação do produto no mercado. “É um dia de celebração”, afirma, destacando que o arroz Caravela estará disponível nas lojas Continente a partir de janeiro, reforçando o compromisso com a inovação e o apoio à produção nacional.
A Lusosem, segundo António Sevinate Pinto, administrador da empresa, tem trabalhado ao longo de 20 anos no melhoramento genético de variedades nacionais, reconhecendo a importância de desenvolver variedades adaptadas às condições climáticas e às necessidades específicas do país, incluindo a gastronomia. Para o administrador, este compromisso com a produção nacional “é estratégia da empresa, que desde o início apostou na valorização e otimização da agricultura portuguesa. Apesar da Lusosem já colaborar há muito tempo com os produtores e a indústria, faltava um elemento-chave: a grande distribuição, que agora se concretiza através desta parceria. O Projeto Caravela é o primeiro exemplo em que a fileira do arroz, desde o desenvolvimento até à sua colocação no mercado, está completa (…). Para a Lusosem, este é um dia bom, não só para os agricultores, mas para todos nós que temos trabalhado com esta motivação ao longo dos anos”, realça António Sevinate Pinto, destacando a importância deste momento para a orizicultura nacional.
Benvindo Maçãs, diretor de Investigação e Serviços de Biotecnologia e Recursos Genéticos – INIAV, eleva o lançamento desta nova variedade de arroz como um momento de grande realização para quem trabalha no melhoramento genético. “O lançamento de uma nova variedade é sempre um momento alto para o melhorador, pois simboliza o fruto de anos de trabalho”, vinca. Para Benvindo Maçãs, o envolvimento da grande distribuição, juntamente com a indústria e os consumidores, é um sinal claro de que estão “a trabalhar na direção certa”, atendendo às necessidades e exigências de todos os intervenientes.
O investigador, sublinha também o papel crucial da Lusosem, empresa que detém o exclusivo da comercialização das sementes desta variedade, destacando que a empresa “sempre acreditou no Programa de Melhoramento e nos produtos que poderiam sair daqui, e o Caravela é um exemplo disso”.
“O nosso projeto passa por identificar variedades que tenham aplicações em diferentes mercados”, explica Mário Coelho, administrador da Novarroz, durante a assinatura do protocolo do Projeto Caravela, que marca o culminar de anos de investigação para desenvolver uma nova variedade de arroz 100% portuguesa. A Novarroz, em colaboração com a Lusosem, testou a nova variedade de arroz carolino, que se destaca por ser a primeira variedade genuinamente portuguesa, com o perfil exato do carolino. Para a empresa, “era fundamental que o arroz atendesse às características tradicionais do carolino, como o tempo de cozedura adequado e a capacidade de absorver os sabores do caldo”. Mário Coelho, refere ainda a ligação que a Novarroz tem com a Sonae, “que nos pede também variedades (…). É muito importante para nós envolver um grande operador para divulgar de forma rápida e de revitalizar a categoria do arroz carolino, que vinha perdendo quota no mercado” (…).
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