Lísis Fernandes possui uma exploração agrícola em modo de produção biológico, localizada na freguesia de São Martinho de Angueira, no concelho de Miranda do Douro, totalizando uma área de 15 hectares.
As principais culturas são o castanheiro, a aveleira e hortícolas, distribuindo-se por 2,5 hectares de aveleiras, 1 hectare de batata de sequeiro e os restantes 11,5 hectares ocupados com soutos, dos quais 7,5 hectares são regados.
As aveleiras de Lísis Fernandes foram plantadas em fevereiro de 2019 com auxílio de um trator equipado com plantador assistido por GPS, tendo sido pensada a localização das plantas polinizadoras tendo em conta ventos dominantes e a orografia do terreno. A variedade produtora escolhida foi a ‘Tonda de Giffoni’ e a ‘Fertile de Coutard’ enquanto polinizadora.
Preferiu-se o compasso 8×4, a pensar na fertilidade do terreno, no comportamento da espécie e na colheita. Esta operação é realizada com a mesma máquina que Lísis Fernandes utiliza na colheita da castanha, aplicando apenas o “limpa brácteas”, uma vez que a máquina está preparada para aplicar este acessório.
Optou pela condução em tufo/arbustiva, pois a variedade é muito vigorosa e de forte afilhamento.
Já para a rega, o sistema é de gota-a-gota em dupla linha, sendo que atualmente rega apenas numa só linha, estando a instalar o segundo ramal. O sistema de rega está com gotejadores de metro a metro, com débitos de 1,6l/h.
“A maior dificuldades é criar valor acrescentado ao produto ainda no agricultor”
O produtor explica que a aposta na aveleira lhe fez todo o sentido quando decidiu aumentar a diversidade de culturas na exploração, mas de forma que otimizasse o parque de máquinas. “Como nos frutos secos a colheita é uma das dificuldades e as máquinas de colheita já estavam adquiridas, procurei uma cultura que fosse cronologicamente desfasada da apanha da castanha, mas que utilizasse os mesmos meios”, esclarece.
O início da produção efetiva das aveleiras está estimado para o ano de 2023, mas a esta distância assume que o escoamento não será um problema, “pois as organizações de produtores prestam apoio nesse sentido. A maior dificuldade é criar valor acrescentado ao produto ainda no agricultor e entrar em mercados de nicho, porque aí é difícil marcar a diferença”.
Para já, o ano agrícola está a ser um desafio pois o inverno seco e as geadas tardias de maio trouxeram dificuldades acrescidas às culturas. Posteriormente as altas temperaturas do verão inibiram muita frutificação e provocaram muito stress hídrico.
Nos dois primeiros anos as principais pragas que identificou foi o aparecimento de Curculio nucum que consome todos os abrolhamentos e pode levar à morte da planta, e atualmente o Nezara viridula – percevejofedorento, a praga que causa maior preocupação.
Acompanhamento técnico a cargo da Vivalley – Engenharia Agronómica e Ambiental, parceira da Biocal
O acompanhamento técnico da exploração de Lísis Fernandes é da responsabilidade da Vivalley – Engenharia Agronómica e Ambiental – e no momento em que foi necessário proceder à correção do pH do solo, depois das análises terem revelado “valores próximos de valores proibitivos para a instalação das avelãs”, surgiu a possibilidade de trabalhar com a Biocal, já parceira da Vivalley Fruit. O produtor refere a facilidade de comunicação, o apoio na escolha do produto mais adequado às necessidades da exploração, para além da rapidez de entrega.
“Como tenho a exploração em Modo de Produção Biológico, fomos ao encontro do carbonato de cálcio e carbonato de magnésio. Os produtos são disponibilizados em pó, mas também granulado, em função dos equipamentos da exploração. Fez-se a aplicação recomendada para correção, sendo que daqui a 4/5 anos volto de novo a realizar análises para verificar a disponibilidade de cálcio e o pH do solo”, recorda o produtor.
Em termos práticos, Lísis Fernandes refere que a aplicação de calcário aquando da preparação do solo torna-se obrigatória quando se procura a competitividade. Em termos económicos considera-o um investimento residual para os benefícios diretos que proporciona. “O vingamento e o crescimento vegetativo são notórios, sendo que a aproximação a valores neutros de pH no solo traz inúmeras vantagens também em termos de redução de toxicidade para as culturas”.
“As análises de solo antes da correção de pH apresentavam valores próximos dos considerados proibitivos para a instalação das avelãs, apliquei 6t/ha e no final do primeiro ano após a aplicação do calcário, os valores estavam próximos de 6. Fiquei muito satisfeito com a alteração”.
Em 2023 é para plantar mais 13,5 hectares de aveleiras
O produtor já pensa em novos investimentos e na implementação de novas áreas de negócio, não descartando a plantação de novas áreas e o investimento noutras culturas, “mas sempre otimizando os recursos já existentes”. Certo é que em 2023 vai plantar mais 13,5 hectares de aveleiras.
- Artigo completo publicado na edição de outubro 2022 da Revista Voz do Campo.