Apesar das consequências da crise, o ano de 2022 ficou marcado também pela implementação do referencial de certificação de bem-estar animal da FILPORC, com as primeiras explorações e matadouros certificados.
O ano de 2022 ficou marcado por uma forte crise económica que afectou toda a sociedade e também muito significativamente a fileira da carne de porco.
O impacto negativo sucessivo de vários factores, que começou com a crise energética e se prolongou com forte agravamento dos custos de produção (combustíveis, energia, fretes marítimos, embalagens e outras matérias-primas), teve como efeito uma subida brutal dos custos com a alimentação animal.
Paralelamente a esta escalada dos custos, houve uma enorme quebra dos preços na fileira, fruto da conjugação de três factores em simultâneo: o aparecimento da Peste Suína Africana na Alemanha (e depois noutros países europeus grandes produtores), a forte redução das importações por parte da China, o maior player mundial, que resultaram na inundação do mercado europeu com carne de porco e a crise pandémica, que levou a uma contração do consumo.
A indústria viu-se assim ‘esmagada’ entre o seu próprio aumento de custos e a justa retribuição a pagar ao produtor, fortemente afectado pela escalada de custos de produção. E, se numa fase inicial conseguiu não passar esse aumento de custos para o consumidor, essa contenção não foi possível na totalidade até ao final do ano, tendo-se assistido a um aumento do preço da carne ao consumidor final, que ainda assim não permitiu compensar a fileira pelas enormes perdas incorridas ao longo do ano.
Por esse motivo nos empenhámos junto da Ministra da Agricultura no sentido de fazer sentir estas preocupações e na sequência foi constituído, por Despacho nº 2294.2022 de 22 de fevereiro, o Grupo de Trabalho de Acompanhamento do Sector da Suinicultura, do qual resultou um relatório que será publicado com um conjunto de propostas, não apenas conjunturais, como também estruturais para a fileira. Mas, mais importante, resultaram também um conjunto de apoios para a produção, em particular a elegibilidade da suinicultura na medida “Reserva de Crises”.
O ano 2022 ficou marcado também pela implementação do referencial de certificação de bem-estar animal da FILPORC, com as primeiras explorações e matadouros certificados.
Esta certificação pode, inclusivamente, ser uma mais-valia para a fileira nacional em períodos de crise como o que vivemos em 2022 porque a certificação de bem-estar animal da FILPORC aplica-se a toda a fileira – da produção ao abate – e apenas à produção nacional, o que destaca e valoriza perante o consumidor a origem da carne de porco portuguesa criada com elevados padrões de bem-estar. Temos já contratualizado também com a grande distribuição, o que garante a colocação da carne rotulada com selo de certificação no mercado muito em breve, esperamos que antes do fim do ano (…).
→ Leia o artigo completo na edição de dezembro de 2022.
Autor:
Patrícia Fonseca
Managing Director FILPORC – Organização Interprofissional da Fileira da Carne de Porco