Estudo estima que o PIB português teria impacto de 0,4% se ocorresse a eliminação total da ação polinizadora da natureza.

Se a ação polinizadora realizada pela natureza deixasse de ocorrer, Portugal sofreria um impacto de 0,4% no seu Produto Interno Bruto, o que representa uma perda anual de cerca de 919 milhões de euros.

Os dados são do estudo “Biodiversity loss part II: Portfolio impacts and a quantitative case study on pollination abatement measures”,promovido pela Allianz para analisar o risco da perda de biodiversidade.

Pode ler-se no documento publicado em junho: “Uma completa eliminação da polinização […] reduziria a receita do produto interno entre 0,04% (Reino Unido) e 0,4% (Portugal).” O impacto poderia chegar a ascender a quase 26.000 milhões de euros anuais em países como os EUA.A análise revela também que, no sentido oposto, o aumento da polinização teria como reflexo o crescimento dos setores industriais e dos serviços, bem como a produção dos setores mais ligados à terra. Além disso, os investimentos em biodiversidade podem criar “enormes oportunidades” de negócio, contribuindo, a longo prazo, para a manutenção da economia.

Em Portugal, com vista à promoção da biodiversidade, nomeadamente dos serviços ecológicos e económicos prestados pelos polinizadores, em especial pelas abelhas, a empresa The Navigator Company assinou um acordo com a Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP), em que cede, a título gratuito, parcelas que integram o seu património florestal para que os apicultores da associação possam aí instalar apiários. A Navigator acolhe nas suas propriedades cerca de 900 espécies e subespécies de flora e 252 espécies de fauna.

Entre as medidas enunciadas pelo estudo da Allianz para combater a perda de polinização, é destacado, por exemplo, o uso do controlo biológico, em vez da utilização de pesticidas químicos, prejudiciais a muitas espécies polinizadoras. Neste âmbito, o RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, laboratório de R&D detido pela Navigator, a Universidade de Aveiro, a Universidade de Coimbra e a Universidade de Lisboa, através do Instituto Superior de Agronomia, desenvolve um programa de controlo biológico de pragas do eucalipto.