A presença do insecto plátipo (Platypus cylindrus) está registada em Portugal desde 1870, mas ganhou relevância na década de 1980.

Mais recentemente, houve a possibilidade de aprofundar os estudos sobre esta praga que causa a mortalidade dos sobreiros em muito pouco tempo após o ataque.

Imagem do plátipo (PLATISOR)

Esta foi a principal razão que levou a AFLOSOR a liderar o Grupo Operacional PLATISOR, que pretendeu, através da monitorização de parcelas e respetivas árvores devidamente caracterizadas, melhorar o conhecimento da distribuição espacial da praga, da sua movimentação, dos fatores que a influenciam, entre outros.

Contámos como parceiros com o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária – enquanto entidade responsável pela metodologia experimental, com a Florgénese, empresa que comercializa produtos para a agricultura e floresta e, ainda, com alguns associados que cederam parcelas para a realização dos ensaios de campo.

O projeto iniciou-se em Janeiro de 2018 e terminou em março de 2023. Nas três propriedades monitorizadas, houve descortiçamento durante esse período.

Verificámos que muita da informação disponível podia ser validada. Por exemplo, que o descortiçamento provoca o aumento dos ataques da praga, ou que o descortiçamento, pelos voláteis que são emanados pela árvore, são atrativos para este inseto.

Outro aspeto validado é o funcionamento das armadilhas como uma prática de gestão de captura em massa do inseto e que as mais comercializadas atualmente, tipo slit, são as mais eficazes.

Existem diversas variáveis que podem afetar a ação do plátipo

Também as feromonas mais utilizadas, tipo cilindriwit, são as mais eficazes, principalmente pela melhor captura inicial após a sua colocação.

Sabemos que existem diversas variáveis que podem afetar a ação do plátipo e o sucesso do seu ataque num montado. Falamos da evolução das variáveis climáticas ao longo do ano (temperatura e humidade), de práticas de gestão da propriedade, nomeadamente no que respeita à fertilidade dos solos, mas também a questão das alterações climáticas.

Destas variáveis, aquela que mais facilmente pode ser controlada pelo proprietário é, sem dúvida, a promoção da fertilidade dos solos, melhorando desta forma a nutrição das plantas, tornando-as mais resistentes e mais “saudáveis”.

A grande característica de ataque do plátipo prende-se com a debilidade da árvore. Uma árvore mais debilitada está mais propensa a ser atacada por diversas pragas, não só pelo plátipo, sendo este um oportunista. Claro que a variabilidade das condições climáticas que vivenciamos provocam um grande stress nas árvores, principalmente pelo déficit hídrico prolongado a que as plantas estão sujeitas.

A prevenção do alastramento de ataques é possível com boas práticas de gestão do montado

De qualquer forma, a prevenção do alastramento de ataques é possível com boas práticas de gestão do montado, nomeadamente a colocação de armadilhas e respetiva feromona, com a sua substituição atempada; a identificação dos locais para a colocação destas armadilhas; ou o devido tratamento da madeira atacada, após o corte. Estas são três práticas de gestão que foram validadas no projeto e que estão ao alcance dos proprietários.

Como já referimos, as armadilhas tipo slit de cor castanha foram as que melhor funcionaram na captação dos insetos, bem como a feromona tipo cilindriwit.

A colocação da feromona atempadamente é fulcral para a armadilha ser eficaz e esta deve ser substituída no máximo de 6 em 6 semanas, dependendo sempre das condições climáticas a que estiveram sujeitas (temperatura e humidade).

Fonte: INIAV, PLATISOR

Registamos, no gráfico acima, a eficácia da feromona tipo cilindriwit em comparação com outro tipo de invólucros, permitindo afirmar que nas primeiras 4 semanas o número de insetos capturados é francamente superior ao dos outros tipos de apresentação da feromona.

Por outro lado, a colocação das armadilhas deve também obedecer a critérios: colocação apenas na zona do montado afetada, posicionadas na orientação dos ventos dominantes e numa malha nunca superior a 4 armadilhas por ha e/ou distantes umas das outras em 50 metros. Esta foi a distância de voo do inseto validada pelo projeto.No que respeita ao tratamento da madeira atacada após o corte, esta deve ser de imediato retirada do montado pois constitui um foco de contaminação. A madeira deve ser transportada tapada com rede inseticida.

Quanto aos cepos, sempre que possível devem ser arrancados, mas apenas se a sua extracção do terreno for imediata.
Caso esta prática não seja possível, em alternativa, podem ser enterrados (mais económico) ou tapados com plástico de solarização, deixando o plástico por 3 a 4 semanas, podendo haver uma monitorização semanal para avaliar a presença dos insetos.

Pode ser consultada mais informação sobre este tema em:
www.aflosor.com/platisor.

Autoria: Inês Barracha – AFLOSOR

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