Autor: Lopo Carvalho1
1Aquagri – International Irrigation Management, Lda – Courelas da Herdade do Perdiganito 13, 7005-099 Nossa Senhora de Machede, Évora, Portugal. lj.carvalho@aquagri.com

Resumo

A região do Mediterrâneo é apontada como umas das zonas do globo mais afetadas pelos efeitos das alterações climáticas, sendo a atividade agrícola claramente um dos setores que diretamente mais tem vindo a sofrer com esta situação. Para além das várias implicações que essas alterações têm vindo a provocar na generalidade dos ecossistemas, a qualidade e quantidade de água disponível para utilização na rega tem sido muito afetada, provocando graves prejuízos económicos, sociais e ambientais.

Conscientes dessa situação, o consórcio internacional constituído pela Aquagri, Hochschule Karlsruhe, Cadi Ayyad University, Moulay Ismail University, Centre de Recherches et des Technologies des Eaux e a Raach Solar, deu origem ao projeto SmaCuMed, que se encontra em execução desde 2020, visando o desenvolvimento, testagem e implementação de uma nova tecnologia de dessalinização (deionização capacitiva, DIC) com recurso a osmose inversa de baixa pressão (OI) num sistema totalmente integrado de rega inteligente, organizado num sistema modular instalado num contentor marítimo. O sistema permitirá tratar de forma energeticamente autónoma, com recurso a painéis solares, diferentes qualidades de águas salobras de origem subterrânea para utilização na rega, sendo a gestão da aplicação da água tratada feita através dum sistema inteligente alimentado por dados meteorológicos e sensores instalados nos campos experimentais, localizados em Marrocos, em pomares de tamareiras e árvores de argão.

Nos ensaios de campo realizados com árvores de argão na região de Essaouira, tendo em conta que na sua generalidade se trata de povoamentos conduzidos em regime de sequeiro foram avaliados 4 tratamentos, um com 65% de dessalinização, outro com 50%, outro sem tratamento de água e por fim uma zona sem rega. Em todos os tratamentos regados, independentemente do nível de salinidade existente na água, as árvores responderam muito bem à rega, estando ainda por determinar as diferenças existentes ao nível da quantidade e qualidade dos frutos produzidos. Os ensaios com tamareiras tiveram início no final de 2022, numa exploração agrícola na zona de Errachidia, com águas subterrâneas com o dobro da salinidade – 6 g/L – daquela existente em Essaouira. Neste caso, aplicou-se um tratamento para redução da salinidade da água de rega até 1 g/L, outro com água não tratada e um em que se vai reciclar a água residual (salmoura) gerada no processo.

O consórcio acredita que para além do desenvolvimento da solução tecnológica, o projeto contribuirá para aumentar a consciencialização da população do impacto que as alterações climáticas têm na produtividade futura das culturas agrícolas.

Agradecimentos: Projeto Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), no âmbito do projeto PRIMA/0003/2019

Autor: Lopo Carvalho1
1Aquagri – International Irrigation Management, Lda – Courelas da Herdade do Perdiganito 13, 7005-099 Nossa Senhora de Machede, Évora, Portugal. lj.carvalho@aquagri.com

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