O Dia de Campo do COTArroz – Centro de Competências do Arroz, realizou-se no dia 20 de setembro, em Salvaterra de Magos. Ao longo da manhã, todos os 120 participantes percorreram uma série de ateliers técnicos, instalados no campo, cada um deles abordando uma distinta temática.

Esta iniciativa, promovida pela Direção do COTARROZ-CC, cuja sessão de abertura foi presidida por Francisco Dias (COTARROZ) e Benvindo Maçãs (INIAV I.P), permitiu dar a conhecer a todos os participantes quais as atividades desenvolvidas atualmente pelo COTArroz em conjunto com o INIAV, dando resposta aos desafios presentes na Agenda de Inovação do Arroz.

Ao longo da manhã, todos os 120 participantes percorreram uma série de ateliers técnicos, instalados no campo, cada um deles abordando uma distinta temática.

Foi abordado o tema do uso de marcadores moleculares no melhoramento genético. Esta técnica, permite conhecer os genes que estão presentes em cada variedade e respetivos efeitos na planta, sendo possível selecionar para as características de interesse, através de análises de DNA, quais os progenitores que contêm os alelos que se pretendem passar à descendência. Isto poderá facilitar a escolha de progenitores e aumentar a probabilidade de um cruzamento planeado passar à descendência um gene com potencial agronómico ou de qualidade e acelerar o sucesso da obtenção de novas combinações genéticas. Assim, o INIAV, em colaboração com o Cotarroz, está na fase em que poderá utilizar marcadores de DNA para contribuir para a eficácia do melhoramento genético em arroz.

Durante a iniciativa foi apresentado o projeto “FilliGRAIN-PROTECT (PTDC/ASP-PLA/1920/2021)”, desenvolvido em parceria com INIAV, COTArroz e ITQB, no âmbito de um projeto financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, que estuda quatro proteínas cinases que se sabe estarem envolvidas na resistência do arroz a: temperaturas extremas, salinidade, secura e controlo de transporte de açúcar para o grão durante o seu enchimento. O grande objetivo deste trabalho é proteger o enchimento do grão em condições ambientais adversas. Nesta colaboração com o COTArroz, explorar-se-á a diversidade genética disponível no Banco Português de Germoplasma Vegetal (INIAV). Caso o trabalho seja bem-sucedido, poder-se-á conseguir variedades melhor adaptadas às alterações climáticas.

Foi também apresentado o trabalho desenvolvido pelo COTArroz no âmbito do Projeto aQuacer – Uso eficiente de água nos cereais, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Neste ensaio foi testada sementeira enterrada no arroz, com a introdução da rega por aspersão no primeiro mês da cultura. Os principais objetivos foram alcançados, conseguindo uma redução do consumo de água em cerca de 20% e taxas de germinação da semente na ordem dos 90%. O controlo das infestantes não foi eficaz, sendo que nas variedades Clearfield o seu sucesso foi bastante superior. Neste local foram também demonstradas as mais recentes variedades do tipo Clearfield e Provisia (BASF), onde todos os presentes puderam verificar as diferenças na adaptabilidade destas variedades às condições edafoclimáticas da região.

“Caravela”- variedade portuguesa de arroz carolino obtida pelo Programa Nacional de Melhoramento Genético do Arroz

Todos os participantes tiveram ainda a oportunidade de acompanhar, “in loco”, todos os passos do processo para obtenção de novas variedades de arroz. Sendo que a última “paragem” foi no local onde se encontra semeada a Pré-Base da variedade portuguesa de arroz carolino “CARAVELA”, obtida pelo Programa Nacional de Melhoramento Genético do Arroz. A LUSOSEM (empresa detentora dos direitos de venda e comercialização da variedade), fez também uma breve apresentação do desenvolvimento da variedade, informando que a mesma tem tido um comportamento muito positivo, mostrando competitividade em relação às variedades estrangeiras, especialmente no que diz respeito à sua adaptação, produtividade e resistência às principais pragas e doenças.

Autoria:
Lourenço Palha, Secretário-geral do COTArroz

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