Autoria: Ana Cristina Figueiredo
Centro de Estudos do Ambiente e do Mar Lisboa (CESAM Ciências), Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Biotecnologia Vegetal (BV), Departamento de Biologia Vegetal, C2, Campo Grande, 1749‑016 Lisboa, Portugal
Email: acsf@fc.ul.ptUm óleo essencial é uma mistura complexa de compostos de famílias químicas distintas, que se obtém de uma dada planta, por processos específicos de extração. Essa mistura, e a proporção de cada um dos seus “constituintes” é responsável pelas características odoríferas e propriedades biológicas que caracteriza um óleo essencial, e o distingue de cada um dos outros.

Muitas e variadas instituições em Portugal têm dedicado parte da sua investigação ao reconhecimento da diversidade, e do potencial bioativo dos óleos essenciais produzidos a partir de flora nacional ( Figueiredo 2023). Esse conhecimento tem sido transmitido não só entre pares, em artigos científicos, mas também ao público em geral, sob a forma de cursos, jornadas, artigos e livros técnico-científicos e de divulgação. Portugal tem uma longa tradição na participação na congénere nacional da International Organization for Standardization (ISO), a Comissão Técnica de Óleos Essenciais (CT5) do Instituto Português de Qualidade, e em Portugal tiveram também já lugar eventos especificamente dedicados a esta temática, numa abordagem mais científica no International Symposium on Essential Oils (ISEO, 2002 e 2012), ou mais industrial, no congresso da International Federation of Essential Oils and Aroma Trades (IFEAT), em 2004.

Fruto deste interesse crescente nesta área, realizou-se em 2010 (Barata et al. 2011) uma primeira auscultação aos produtores nacionais de óleos essenciais, que gentilmente acederam a colaborar nesta avaliação. Em 2019 foi realizada uma nova avaliação (Figueiredo 2019), que foi atualizada no corrente ano para o período de 2019 a 2022. Pretende-se aqui, dar conta da evolução da produção de óleos essenciais em Portugal, entre 2010 e 2022, não esquecendo que ela assenta apenas em produtores respondentes, e não em todos os produtores, de maior, ou menor, dimensão, existentes em Portugal continental e arquipélagos da Madeira e Açores.

Dos produtores contactados responderam cerca de metade (10). Os dados recolhidos, constantes da Tabela 1, confirmam não só a continuada dominância do óleo essencial de eucalipto (Eucalyptus globulus) na produção nacional, mas também um acentuado decréscimo na sua produção desde 2018. No seu máximo a produção de óleo essencial de eucalipto atingiu as 15 t em 2018, com valores de 2022 rondando as 9 t, Tabela 1. A este decréscimo não será alheia a pandemia, mas também condicionantes ambientais e económicas, como o atual menor valor de mercado deste óleo essencial. Os óleos essenciais de alecrim (Rosmarinus officinalis) e lavanda (Lavandula stoechas) seguem-se ao de eucalipto em termos de quantidade produzida, embora com uma produção anual muito inferior, Tabela 1Se para 2010, Barata et al. (2011) referenciavam 11 espécies vegetais como sendo utilizadas para isolamento de óleos essenciais, em Portugal, os dados atuais referem 34 espécies, distribuídas por 14 famílias, Tabela 2. Destas espécies, apenas 9 atingiram, pelo menos uma vez entre 2010 e 2022, uma produção anual ≥ 5 Kg/ano, Tabela 1.

Importa referir que a origem das espécies vegetais utilizadas no isolamento dos óleos essenciais não é igual em todos os casos (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo, edição de novembro 2023.