A cidade de Borba, no distrito de Évora, acolheu, no passado dia 26 de outubro, o evento do Balanço de Campanha de Frutos Secos 2023.

A iniciativa deste ano foi uma organização conjunta da Portugal Nuts – Associação de Promoção de Frutos Secos, do Centro Nacional de Competências de Frutos Secos (CNCFS) e do Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN), com o objetivo de avaliar o desempenho da campanha de produção de frutos secos no país.

O encontro foi um momento de troca de experiências entre produtores e uma oportunidade para aprofundar conhecimentos técnicos.

No período da manhã, tiveram lugar duas visitas técnicas de forma simultânea, a duas explorações localizadas em São Manços (Évora), uma do Grupo De Prado – na Herdade do Casão e Cume, e a outra pertencente ao Grupo Maned – na Herdade Monte do Gavião.

Grupo De Prado – Herdade do Casão e Cume

Com uma área aproximada de 580 hectares a exploração iniciou a sua atividade em 2019, sendo o amendoal (de regadio e com 417 árvores/ha), composto por variedades de casca rija de amêndoa, Penta, Lauranne e Soleta. Tem também instalado um centro descapotado de limpeza de amêndoa.


Grupo Maned – Herdade Monte do Gavião

Com uma área total explorada de 570 hectares, com compassos de 3,5 x 6m (476 árvores/ha), instalada em 2020 e 2021, com a plantação de amendoal de variedades americanas: Nonpareil, Wood Colony, Monterey, Independence, Butte e Padre. Toda a amêndoa é processada em instalações próprias em Viana do Alentejo e comercializada através de um acordo comercial com a Manolet.

Já no período da tarde, tiveram lugar no auditório do Pavilhão de Eventos do Parque de Feiras e Exposições de Borba, três apresentações técnicas e três painéis de discussão sobre a Campanha, Fitossanidade e Mercados, que contaram com a presença de diversos oradores reconhecidos no setor.

Tiago Costa, presidente da Portugal Nuts

“Aquilo que marca definitivamente o balanço da campanha deste ano, é efetivamente a questão do preço, assistimos a uma grande quebra de preço, cerca de 30% face ao ano anterior e que está naturalmente a afetar tudo o que são as projeções e o desenvolvimento desta indústria”, afirmou Tiago Costa, presidente da Portugal Nuts.

Na sua opinião, a quebra de preço de uma maneira geral, foi o grande tema em discussão, procurando saber de facto como se podem desenvolver os mercados, para que os preços baixos possam evoluir no futuro para níveis mais positivos.

“Estamos efetivamente em conjugação e em estreita ligação com os agricultores, para lhes poder dar informação em tempo útil e terem o melhor resultado possível nas suas explorações”, reforçou.

Segundo António Saraiva, Diretor Executivo da Portugal Nuts, este encontro permitiu a todos os presentes analisar e debater questões conjunturais e estruturais da campanha de frutos secos de 2023. “Estou certo de que o crescimento sustentado que estas fileiras têm demonstrado nos últimos anos vai reforçar a sua competitividade e relevância para o futuro”, refere.

António Saraiva, diretor executivo da Portugal Nuts

A associação Portugal Nuts espera um aumento de 20% na produção de miolo de amêndoa este ano, embora a seca tenha afetado o rendimento. O diretor executivo da associação, afirmou ainda que a produção nacional poderá chegar a 20.000 toneladas, em comparação com a estimativa do Instituto Nacional de Estatística de 15.000 toneladas.

O aumento deve-se a novos pomares produtivos no sul do país e a um “bom ano de produção no norte”. No entanto, salienta o nosso entrevistado que “a seca afetou o crescimento das plantas, resultando em rendimentos menores. A zona do Alqueva, no Alentejo, reforçou as dotações de rega para compensar a seca, mas a produção não atingiu todo o seu potencial”.

A Portugal Nuts, fundada em 2020, tem 54 associados e representa cerca de 15.000 hectares de amêndoas e 1.200 hectares de nozes, principalmente no sul do país e na Beira Interior. É de referir entretanto que  a associação se  encontra atualmente a discutir o aumento das dotações de rega com a EDIA e a administração pública para apoiar o setor de frutos secos.

A produção de miolo de amêndoa é este ano em Portugal estimada em 20.000 toneladas, e será a maior de sempre. Portugal poderá chegar ao TOP 5 dos produtores mundiais de amêndoa, quando os pomares jovens atingirem a maturidade. Estima-se que dentro de cinco anos a produção nacional se situe  entre 30.000 a 35.000 toneladas.

Recorde-se que atualmente Portugal é o 6º produtor mundial, após EUA, Austrália, Espanha, Turquia e Itália.

A equipa de reportagem da Revista Voz do Campo acompanhou o evento e disponibiliza no seu Canal YouTube, os momentos mais importantes.

Informação relacionada:

Balanço da campanha dos frutos secos 2023 (26 de outubro)