“A evolução dos resultados desta fileira, que cresce continuamente nos últimos oito anos confirma isto mesmo, em 2015 Portugal exportava 85M€ e em 2022 este valor foi de 260M€”.

A Lusomorango – Organização de Produtores de Pequenos Frutos é um agregador de valor para cerca de quatro dezenas de acionistas, permitindo importantes benefícios de escala, ao nível da sustentabilidade, inovação e abordagem ao mercado. Empenhada em criar valor para os produtores que representa, a Lusomorango é uma organização nacional, comprometida em gerar valor para os seus atuais produtores e para todos os que se identificaram com a sua missão e Código de Conduta, caracteriza em entrevista o diretor geral, Joel Vasconcelos, e ao mesmo tempo traça-nos as grandes preocupações e os desafios que o setor dos pequenos frutos vive atualmente.

A Lusomorango é considerada a maior OP do país neste setor. Quanto contribui a OP para o setor dos pequenos frutos do país?

Em 2022, a Lusomorango contribuiu com 82M€ dos 260M€ do valor das exportações pelo setor dos pequenos frutos. O segmento das frutas, no qual se incluem os pequenos frutos, realizou, a nível nacional e em 2022, mais de 902M€ dos 2.040M€ exportados pelo segmento Frutas, Legumes e Flores.

 

Qual o fruto vermelho com mais expressão na Lusomorango e porquê? O que representam os restantes?

As exportações nacionais de pequenos frutos incluem a framboesa, o mirtilo, a amora e o morango. O mais expressivo destes quatro, ao nível das exportações, é a framboesa que soma cerca de 70% da quantidade total de pequenos frutos exportados.

 

Em termos de mercados, quais os principais?

O destino das exportações da Lusomorango é principalmente para os países da Europa Central e do Norte. Atualmente, mais de 95% da nossa produção tem como destino os mercados internacionais.

 

Quais são as grandes dificuldades que neste momento o setor enfrenta?

O grande risco são os efeitos das alterações climáticas ultrapassarem as nossas respostas, diria que planeamento e investimento nas áreas certas são amigos da estabilidade e da previsibilidade. Claramente Portugal necessita de se concentrar na gestão do recurso água e para isso são necessários investimentos estruturantes.

Se os poderes públicos mostrarem sentido de compromisso para com a atividade agrícola e conferirem confiança aos produtores, no sentido de garantirem que perante a adversidade e o imprevisto serão seus aliados, creio que todos teríamos razões para estarmos mais seguros e confiantes perante o imprevisto. Creio que o caso concreto de Odemira é um bom exemplo, esta zona que concentra um elevado número de empresas que produzem produtos de valor acrescentado, seria extremamente importante haver maior previsibilidade quanto ao compromisso do Estado para com o tema da água e com o compromisso em encontrar soluções que incrementem a resiliência hídrica da região, nomeadamente avançar urgentemente para a instalação de uma unidade de dessalinização.

Outra dimensão é a da ciência e da inovação. Devemos continuar a decidir com base na evidência científica e devemos confiar que a ciência, a inovação e a técnica são as maiores aliadas perante a incerteza e perante os fatores de risco e de instabilidade que não controlamos, como os decorrentes do clima, e que influenciam a produção.

A Lusomorango juntamente com alguns parceiros constituíram o Centro de Inovação e Sustentabilidade em Fataca (Odemira). Quais são os principais objetivos e metas do Centro? Que ensaios já estão a decorrer no Centro?

A Lusomorango assumiu, em março de 2023, o compromisso com o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, a Driscoll´s e a Maravilha Farms de implementar o Centro de Investigação para a Sustentabilidade, no Polo da Fataca, em Odemira.

O consórcio firmou um protocolo de cooperação técnico-científico que deu lugar a este Centro, estabelecendo como grande objetivo deste projeto, investigar e produzir conhecimento sobre práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras.

Atualmente, decorrem no Centro múltiplas linhas de investigação que se distinguem nos domínios da eficiência hídrica e a utilização circular da água, a redução de utilização de pesticidas, a redução do impacto no uso de plásticos e desenvolvimento de soluções alternativas e também na produção de energia por fontes renováveis através de sistemas agrivoltaicos.

Os principais ensaios que estamos a desenvolver, tanto no solo como no substrato em vaso, pretendem definir práticas ideais para um uso mais eficiente da água nas produções agrícolas. Queremos analisar de que forma a planta não absorve água e nutrientes para reintroduzir novamente estes recursos no circuito (…).

→ Leia a entrevista completa na Revista Voz do Campo: edição de dezembro 2023