O Programa de Potenciação de Transferência de Tecnologia do Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL), tem como objetivo potenciar a inovação e a transferência de conhecimento e tecnologia para o setor agroalimentar. Uma das áreas temáticas abrangidas neste programa é a valorização de coprodutos agroindustriais através da sua aplicação na alimentação animal.

O aumento da disponibilidade de coprodutos da produção agrícola e agroindustrial, em particular no Alentejo, torna premente a criação de soluções para o seu tratamento, aproveitamento e valorização. Vários destes coprodutos apresentam características químicas, nutricionais e de placabilidade que os tornam boas fontes de nutrientes e energia para os animais. Os períodos de seca ocorridos nos últimos anos, em particular no Sul do país, tiveram um forte impacto na disponibilidade de recursos alimentares normalmente utilizados na alimentação animal, nomeadamente de pastagens e forragens. A esta situação acresce a instabilidade nos preços das matérias-primas, o que tem causado grande pressão nos sistemas de produção animal. Neste contexto, a procura de soluções alimentares alternativas que possam aumentar a resiliência dos sistemas de produção animal são necessárias e urgentes.

Coprodutos gerados nas atividades agrícolas e agroindustriais podem ser utilizados na alimentação animal em substituição das matérias-primas convencionais

Sessão do Ciclo de Conferências “Coprodutos Agroindustriais Alimentação Animal – Para uma Produção Animal Circular”, realizada no dia 17 de novembro de 2023 na Associação de Agricultores do Sul (ACOS) em Beja

Pelas suas características e a elevada disponibilidade, vários coprodutos gerados nas atividades agrícolas e agroindustriais podem ser utilizados na alimentação animal em substituição das matérias-primas convencionais. Por exemplo, no Alentejo em 2022, foram produzidas elevadas quantidades de bagaço de azeitona (206-274 mil ton), bagaço de uva (48-58 mil ton), repiso de tomate (29-48 mil ton) e de capota de amêndoa (aprox. 14 mil ton)[1]. A utilização de coprodutos na alimentação animal constitui uma oportunidade para a produção animal, reduzindo a dependência de outras matérias-primas e os custos com a alimentação, mas também para os setores que geram os coprodutos, criando ou diversificando as cadeias de valorização destas biomassas.

Apesar da elevada disponibilidade de coprodutos aptos para a alimentação animal, dados recolhidos num inquérito realizado a produtores pecuários sobre a “Utilização de coprodutos da agroindústria na alimentação animal”, e disponível online através do link: https://forms.gle/Z5UzwCNxrpqyn5Rj6, mostram que a nível nacional a utilização destes recursos alimentares ainda é limitada (apenas 30% das explorações que participaram no inquérito). De forma a promover a utilização de coprodutos na alimentação animal, em setembro de 2021 foi criado o Ciclo de Conferências “Coprodutos Agroindustriais & Alimentação Animal – Para uma Produção Animal Circular”. Nestas conferências, investigadores, produtores e outros agentes ligados à nutrição e à produção animal têm a possibilidade de partilhar o seu conhecimento e experiências reais sobre a utilização de coprodutos na alimentação animal. Foram já realizadas 12 sessões, maioritariamente em formato online, que contaram com cerca de 500 participantes, e onde foram apresentados trabalhos e casos práticos do uso de diversos coprodutos na alimentação das variadas espécies animais, como aves, bovinos, suínos, ovinos, coelhos e peixes em aquacultura (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de janeiro 2024

Autoria: Olinda Guerreiro 1,2; Eliana Jerónimo 1,2
1 Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL)/
Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), 7801-908 Beja, Portugal
2 MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento & CHANGE – Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade, CEBAL, 7801-908 Beja, Portugal