Fundada em 2016, a CapriPinhal – Cooperativa de Produtores de Leite de Cabra do Pinhal – tornou-se uma referência na comercialização de leite de cabra, resultado que se tem baseado no trabalho, persistência e dedicação na procura constante da qualidade, sustentabilidade e diversificação da valorização dos seus produtos. Com planos ambiciosos para o futuro, a cooperativa enfrenta desafios ao nível da crescente procura de leite de cabra, estando determinada a contribuir significativamente para o desenvolvimento da região e do setor primário, de que a caprinocultura sempre foi um dos seus expoentes.

A Cooperativa iniciou a sua atividade de comércio por grosso de leite em maio de 2017, e terminou o ano com um volume de negócios de cerca de 250.000 euros. No ano de 2018 a faturação cresceu para 480.000 euros, tendo em 2022 atingido 1.050.000 euros.

Este significativo aumento no volume de negócios, de acordo com Fernando Monteiro, médico veterinário responsável da cooperativa, “foi impulsionado pela procura de novos cooperadores, valorização do produto e aumento da credibilidade da cooperativa”.

A ideia de criar a CapriPinhal surgiu da necessidade de concentrar a produção de leite de cabra e comercializá-la de forma conjunta. Apesar de terem existido pontuais recolhas organizadas na Zona do Pinhal Interior Sul há mais de duas décadas, não havia sido constituída nenhuma entidade para supervisionar e coordenar estas atividades. Em 2016, 25 pessoas, a maioria caprinocultores, formalizaram então a criação da cooperativa, iniciando a recolha de leite em 2017 com o apoio financeiro inicial da Câmara Municipal de Proença-a-Nova. Atualmente, a CapriPinhal é autónoma e sustentável.

A sede da CapriPinhal situa-se em Proença-a-Nova, com um Centro de Recolha de Leite licenciado e quatro viaturas para recolha, distribuição e transporte do leite cru refrigerado. O processo de recolha envolve a coleta do leite nas explorações de origem, sendo imediatamente transportado, em cisternas isotérmicas apropriadas, para as unidades industriais adquirentes.

A qualidade do leite é rigorosamente controlada, com amostras encaminhadas para laboratórios certificados para análise físico-química, microbiológica e pesquisa de resíduos. O valor pago ao produtor é baseado numa tabela dinâmica que contempla um preço base em constante atualização, assim como penalizações e bonificações relacionadas com a qualidade composicional e higiénica do leite.

Atualmente a cooperativa faz recolha de leite a 50 produtores, alguns deles com produções sazonais. A maioria das explorações situam-se, para além do Pinhal Interior Sul, no Ribatejo e Alto Alentejo, pois o objetivo é “expandir a área de intervenção a todo o território nacional”, revela Fernando Monteiro.

Comercializa atualmente mais de 900 mil litros de leite de cabra por ano e entrega leite principalmente em indústrias de queijo (queijarias), a sua maioria localizadas na Beira Baixa, mas também no Alentejo, Ribatejo e Beira Litoral. Pontualmente exporta leite para indústrias em Espanha. Comercializa também leite de cabra biológico (com certificação de operador de produtos biológicos) proveniente de algumas explorações em modo de produção biológico. Algum do leite comercializado dá origem a queijos com Denominação de Origem Protegida, nomeadamente Queijo Amarelo da Beira Baixa e Queijo Picante da Beira Baixa.

Os principais objetivos da CapriPinhal incluem a produção, transformação e comercialização de produtos da caprinocultura e ovinocultura. “Como Organização de Produtores, busca-se a planificação da produção, concentração da oferta, regularização dos preços, transformação e valorização dos produtos, redução de custos e proteção do meio ambiente, assim como a preocupação com o bem-estar animal”, acrescenta.

Os planos incluem a expansão para se tornar uma Organização de Produtores de âmbito nacional, sendo a única relacionada com a fileira em questão. A CapriPinhal busca qualificar o tradicional queijo de cabra regional com uma denominação protegida, em parceria com entidades locais. A CapriPinhal, em parceria com a Acripinhal e os Municípios do Pinhal Interior Sul, pretende qualificar o tradicional queijo de cabra regional com uma denominação protegida. O interesse por leite biológico, inicialmente elevado, tem-se esbatido”.

Os desafios associados à produção de leite com características específicas são acompanhados de perto, visando a valorização do leite de cabra, escasso em Portugal e na Europa. Os planos de crescimento e diversificação são extensos, procurando a CapriPinhal atingir um patamar de sustentabilidade. Contudo, existem condicionantes logísticas e financeiras, sendo necessário forte apoio oficial para a concretização desses projetos.

Os planos futuros incluem a recolha de leite de ovelha e a transformação local dos produtos, visando diversificar a oferta. Com trabalho, persistência e dedicação, a CapriPinhal pretende continuar a crescer, diversificar e afirmar-se como uma organização de produtores de âmbito nacional, relevante e prestigiadora para a Região, e que garanta o futuro e sustentabilidade da caprinocultura, uma das mais relevantes fileiras dos ecossistemas silvo-agro-pecuários do interior do País.