O estudo das plantas infestantes é uma das áreas mais importantes no controlo fitossanitário da produção agrícola. E no caso da vinha, uma das principais culturas no nosso país, tem ainda mais relevância, devido às implicações socioeconómicas envolvidas.

As infestantes causam perdas de rendimento significativas na vinha, uma vez que competem com as videiras pela luz, pelos nutrientes e pela humidade do solo. Controlá-las é, portanto, uma das principais preocupações dos viticultores.

A gestão de infestantes na vinha tem evoluído ao longo dos anos, em paralelo com a evolução dos produtos fitossanitários e a maquinaria disponível, bem como com o conhecimento das próprias infestantes.

Como eliminar a infestantes?

Uma boa estratégia para um controlo sustentável e eficaz das infestantes na cultura, deve passar pela integração de vários métodos, tais como: métodos preventivos, mecânicos e químicos.

Apesar do método mais comum para o controlo das infestantes ser a mobilização, existem métodos preventivos, que visam evitar a introdução de infestantes, e permitir a utilização de métodos mais sustentáveis. Estes acabam por ser uma série de práticas culturas e agronómicas que podem levar a esse fim como, por exemplo, a utilização de estrumes bem compostados, o controlo manual de algumas espécies invasivas (que normalmente produzem uma quantidade enorme de semente) e ter uma sistematização da cultura, que permita a utilização de outro tipo de métodos, como o mecânico, tanto na linha como na entrelinha.

O conhecimento das espécies de infestantes da vinha é sem dúvida um fator primordial para o sucesso no seu controlo. Sem esse conhecimento, é mais difícil delinear uma estratégia de controlo, uma vez que existem algumas espécies com  algum tipo de resistência a alguns herbicidas.

Sabe-se ainda que algumas espécies, podem ter um interesse funcional como estratégia de boas práticas de conservação de solo, onde a cobertura de solo, através de espécies existentes (autóctones) ou semeadas pode ser preponderante no que diz respeito à erosão/perda de solo, não esquecendo que nestes casos, o controlo de estas espécies deve ser feito por meios mecânicos, nomeadamente na entrelinha.

Outro método de controlo de infestantes, considerado biológico, é a utilização de animais para pastoreio, nomeadamente ovelhas, que pode ajudar nesse processo contudo tem as suas limitações em termos de timing de utilização, que deve ser no repouso vegetativo. Outra das vantagens deste método é, a incorporação de matéria orgânica na nossa cultura de uma forma simples e sem custos.

Para além dos métodos mencionados, começa-se a utilizar também os mulchings como método de controlo de infestantes. Estes podem ser constituídos por vários tipos de material, desde o engaço da uva, bagaço de azeitona, palhas, casca de pinheiro, entre muitos outros, alguns até existentes nas parcelas, como o xisto. Com esta prática, consegue-se suprimir as infestantes pelo seu impacto físico, que faz com que as jovens plântulas tenham grande dificuldade em nascer.

Um método que tem grande adesão é o método de controlo de infestantes por meios mecânicos, nomeadamente a mobilização de solo e, mais recentemente, o controlo mecânico das infestantes, tanto na linha, como na entrelinha (corte das coberturas vegetais) e nos taludes, no caso da viticultura de encosta.

A mobilização, quando efetuada em épocas  menos adequadas, pode potenciar os fenómenos de erosão, nomeadamente em terrenos mais declivosos.

Nos últimos anos, a monda térmica também começou a dar os primeiros passos, onde o controlo das infestantes é feito através do uso de queimadores ou de vapor de água. No entanto, também se começa a utilizar os raios laser para essa finalidade. Todos os sistemas, têm vantagens e desvantagens.

Em muitas situações tem se vindo a adotar estratégias mistas de controlo de infestantes, como por exemplo a utilização do método químico na linha da cultura e a utilização de outros métodos na entrelinha, como o método mecânico para o corte dos cobertos vegetais e a mobilização para outras situações.

No que diz respeito à utilização de  métodos químicos, o departamento técnico de viticultura da Syngenta, considera o uso de herbicidas na linha da cultura essencial. É nesta zona que o impacto das infestantes é mais forte, devido à sua exigência em luz, nutrientes e água, recursos pelos quais competem com as videiras. Se as infestantes crescerem na entrelinha, a sua incidência será menor.

Os produtos herbicidas para vinha podem ser de pré-emergência ou de pós-emergência e, estes últimos, subdividem-se em herbicidas de contacto ou herbicidas sistémicos.

Outra técnica, abrangida pelos eco-regimes da Política Agrícola Comum (PAC), é o enrelvamento da entrelinha da vinha. Além da pressão que as espécies semeadas na entrelinha podem exercer sobre as espécies infestantes presentes na cultura, com as quais competem por espaço, em muitos casos impedindo-as de germinar, também ajudam a proteger o solo da erosão, aumentam o teor de matéria orgânica, promovem a atividade microbiana do solo e a infiltração da água da chuva.

Infestantes mais comuns na vinha

As principais infestantes que proliferam nas vinhas são, por famílias:

  • Crucíferas/brasicaceae:
    Diplotaxis erucoides, Sinapis arvensis, Capsella bursa-pastoris.
  • Compostas:
    Senecio vulgaris, Sonchus oleraceus, Sonchus asper, Picris echioides.
  • Outras famílias:
    Stellaria media, Fumaria officinalis, Veronica hederifolia, Papaver rhoeas, Solanum nigrum, Amaranthus retroflexus, Amaranthus blitoides.
  • Gramíneas
    Lolium spp., Bromus spp., Poa annua, Cynodon dactylon, etc.

Além disso, nos últimos anos surgiram problemas no controlo de novas infestantes como a Lactuca serriola, Taraxacum officinalis, Dittrichia viscosa, Aster squamatus, Epilobium brachycarpum, Conyza canadensis e híbridos de Conyza, Erodium cicutarium e Malva spp.

Autoria: Syngenta