A agricultura de regadio é responsável por 40% dos alimentos produzidos no mundo. No entanto, a competição pelo uso de água é muito grande, revelando-se nos custos desta e em situações de escassez, exigindo uma gestão cada vez mais precisa deste recurso. A boa gestão da água em agricultura passa pelo método de rega, tempo e caudal e escolha da melhor altura para regar.

A rega gota-a-gota é considerada o método de rega de superfície mais preciso e eficiente no consumo de água, que permite a automatização da rega, baseada em métodos e modelos de previsão. No caso dos citrinos, existem diversos identificadores de stress hídrico que podem ser utilizados na programação da rega, bem como métodos de medição da evapotranspiração, de onde se destaca o potencial hídrico ou o balanço hídrico. Com o desenvolvimento de metodologias cada vez mais sofisticadas e complexas, a programação da rega deixou de depender apenas de um balanço de entradas e saídas de água, para passar a ter em conta a interação entre o solo e a planta e ainda a evolução das condições atmosféricas.

Método Community Land Model (CLM-DA) estudado em Espanha

Um estudo realizado em Espanha, na região de Valencia utilizou o método Community Land Model (CLM-DA) para estimar o estado hídrico do solo e das plantas. Este método permite incluir diferentes medições de sensores no solo, previsão do tempo e modelos dinâmicos para uma previsão mais real das necessidades da cultura. O modelo prevê as necessidades hídricas para os dias seguintes baseadas no teor de água no solo, na cultura e na previsão do tempo. De modo a avaliar as vantagens deste método, os ensaios compararam-no com o balanço hídrico da FAO e com a rega tradicional definida pelo agricultor. Durante duas épocas, os campos foram regados de Junho a Setembro, de acordo com os modelos ou a experiência dos agricultores. No caso de um dos campos de ensaio, a meio da época um dos produtores retirou o campo do ensaio, por temer que o tempo mais reduzido de rega recomendado pelos modelos pudesse prejudicar a produção.

Poupanças de água até 24%

A quantidade de água utilizada foi medida ao logo da época de produção, também a produção de fruta de cada talhão foi quantificada. No final dos dois anos de ensaios, foi possível observar poupanças de água até 24%, utilizando o método CLM-DA, em comparação com o consumo definido sem modelos. Já em relação à metodologia da FAO, não houve diferenças significativas. No entanto, os investigadores ressalvam que nos campos de ensaio, os parâmetros empíricos usados no método da FAO estavam muito bem definidos e afinados. Consideram ainda que, à medida que se forem afinando os sensores e obtenção de dados, o método CLM-DA irá ter um desempenho cada vez melhor. A produção não registou diferenças significativas (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de fevereiro 2024

Autoria: Vanessa Duarte, Núcleo Agri