O projeto BGREENER – Biodiversidade e Cânhamo, novos enclaves na zona EUROACE, tem como prioridades proteger e conservar a biodiversidade nos espaços naturais e rurais, bem como valorizar os ecossistemas naturais e o espaço do meio ambiente urbano. O projeto iniciou dia 1 de janeiro de 2024 e finalizará em dezembro de 2026.

Enquadra-se no objetivo político- uma Europa mais verde, hipocarbónica, em transição para uma economia com zero emissões líquidas de carbono, e resiliente, mediante a promoção de uma transição energética limpa e equitativa, dos investimentos verdes e azuis, da economia circular, da atenuação das alterações climáticas e da adaptação às mesmas, da prevenção e gestão de riscos e da mobilidade urbana sustentável. Sendo o objetivo específico, reforçar a proteção e preservação da natureza, a biodiversidade e as infraestruturas ecológicas, inclusive nas zonas urbanas e, reduzir todas as formas de poluição.

O projeto BGREENER está inserido na zona EUROACE, um agrupamento territorial que integra as regiões do Centro, do Alentejo (Portugal) e da Extremadura (Espanha). Esta zona, predominantemente rural, tem uma população total superior a 4 milhões de habitantes. O vasto território e os recursos naturais e paisagísticos que contém constituem o principal ativo da EUROACE, que ocupa uma superfície de cerca de 92.500 km2, correspondente a 16% da Península Ibérica. Do ponto de vista do património natural, o sistema montado constitui o tipo de paisagem e também um sistema de exploração agrícola caraterístico do território, onde o Alentejo é dominado por sobreiros com pastagens, uma paisagem também típica de grandes áreas da Estremadura. Na região Centro, 16% do território está sob alguma forma de proteção e, 32% da área florestal do país está conservada.

O parque natural é um exemplo paradigmático de cooperação ambiental transfronteiriça

Adicionalmente, possui o primeiro parque natural transfronteiriço na zona fronteiriça do Tejo internacional, um exemplo paradigmático de cooperação ambiental transfronteiriça. O principal promotor do projeto é a Dirección General de Política Agraria Comunitaria (Consejería de Agricultura, Desarrollo Rural, Población y Territorio) e, os parceiros espanhóis são o Centro de Investigaciones Científicas y Tecnológicas de Extremadura (CICYTEX), Asociación Empresarial de Investigación Centro Tecnológico Nacional Agroalimentario Extremadura (CETAEX) e o INTROMAC (Consorcio Instituto Tecnológico de Rocas Ornamentales y Materiales de Construcción). Em Portugal, os parceiros são o Instituto Politécnico de Portalegre, o Itecons – Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade e, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo.

Para alcançar os desafios comuns, o BGRENEER realizará um conjunto de atividades:

Avaliação da cultura do cânhamo como infraestrutura verde no espaço Euroace- “Novos Espaços de Biodiversidade”, no qual se avaliará o potencial de utilização do cânhamo como infraestrutura verde multifuncional. Para o efeito, serão testadas diferentes variedades de cânhamo industrial para a produção de fibras (na zona de Badajoz) e para a produção de sementes (na zona do Alto Alentejo). Para atingir o objetivo desta atividade, a cultura será monitorizada e a variação/aumento da biodiversidade será quantificado através de amostragens regulares de aves, polinizadores e pequenos mamíferos;

As qualidades do cânhamo serão testadas como cultura de rotação e fitorremediação em áreas vulneráveis e que necessitem de recuperação (especialmente em solos marginais e devastados);

Serão utilizados os caules de cânhamo como modelo económico inovador, sustentável e circular, bem como será investigado o potencial de utilização dos caules como fonte de matérias-primas negativas em carbono (reutilizáveis, recicláveis e compostáveis) para biomateriais. Estes, serão posteriormente utilizados para construir protótipos que servirão de refúgio para aves e polinizadores;

Será realizado o estudo dos benefícios ambientais da cultura do cânhamo e da sua contribuição para o Pacto Verde Europeu e, para o efeito, serão estudados: a captura de carbono e a quebra do ciclo da doença, a regeneração dos solos, a melhoria da biodiversidade e a baixa utilização de fatores de produção como benefícios ambientais. Além disso, serão tidos em conta o ciclo de vida e a rastreabilidade ambiental do processo (…).

Autoria: Cordeiro, A.I.1,2, Gama, A.M.1, Espejo, A.3, Perez, M.3, Póvoa, O.1,4, Farinha, N.1 & Rodrigues, F.1,2

1 Instituto Politécnico de Portalegre.

2 MED, Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento.

3 CTAEX, Centro Tecnológico Nacional Agroalimentario Extremadura

4 VALORIZA—Centro de Investigação para a Valorização de Recursos Endógenos

Autor correspondente: ana_cordeiro@ipportalegre.pt

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de fevereiro 2024