O debate sobre Indústria Agroalimentar, tema da edição n.º 29 da publicação do Gabinete de Planeamento, Política e Administração Geral (GPP), CULTIVAR – Cadernos de Análise e Prospetiva, decorreu no passado dia 8 de fevereiro no Ministério da Agricultura e da Alimentação, em Lisboa.
O Diretor-Geral do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP), Eduardo Diniz, abriu a sessão, tendo Ana Rita Moura e Rui Trindade do GPP, efetuado o enquadramento do tema em debate. A mesa-redonda contou com a participação de António Serrano (Jerónimo Martins Agroalimentar), Idalino Leão (CONFAGRI), Pedro Queiroz (FIPA) e Tiago Costa (Nogam). Já a moderação do painel foi assegurada por Manuela Nina Jorge (AgroGes).
A análise efetuada pelo GPP evidencia uma tendência de crescimento do valor acrescentado da indústria agroalimentar nacional superior ao da economia, maior representatividade na criação de emprego, aumento consistente do seu papel no comércio internacional e um crescimento no investimento acima do da economia. Sendo forte a inter-relação da indústria agroalimentar com o setor agrícola, os indicadores partilhados mostraram que a agricultura é o ramo mais importante para a produtividade das Indústrias Alimentares, das Bebidas e do Tabaco (IABT).
A informação mais recente das Contas Nacionais (INE) revela que as indústrias agroalimentares portuguesas são responsáveis diretas por gerar 2,6% do total do VAB, 2,2% do emprego do total da economia, cerca de 8,0% dos valores das importações e 6,4% das exportações de bens e serviços da Economia.
Os indicadores referidos (e outros, tais como a produtividade do trabalho, o investimento – FBCF, o grau de abertura e a orientação exportadora) têm, regra geral, demonstrado uma tendência de crescimento desde 2000 face ao conjunto da economia. Também o maior crescimento das exportações entre 2010 e 2020 (6,4% ao ano) face às importações (5,0% média anual) teve efeitos positivos sobre o saldo da balança comercial das indústrias agroalimentares, tradicionalmente negativo. Especificamente nos períodos de crise mais recentes, tais como a pandemia da COVID-19 ou a crise inflacionista intensificada pela guerra na Ucrânia, a indústria tem demonstrado (em conjunto com os setores a montante e a jusante, com destaque para a agricultura com a qual apresenta uma forte interligação) uma maior resiliência face à economia mantendo a capacidade de assegurar o abastecimento alimentar.
Para esta dinâmica de crescimento têm contribuído, segundo as Contas Integradas das Empresas (INE), as cerca de 11 mil empresas das indústrias agroalimentares (sendo mais de metade do setor da panificação), que geram 19 mil M€ de volume de negócios (o que representa 4,4% do volume de negócios do total da economia), 3,9 mil M€ de VAB (a indústria das bebidas gera ¼ do VAB), empregam 110 mil pessoas e apresentam uma autonomia financeira de 46% (acima da economia) (…).