Na região mediterrânea, os efeitos das mudanças climáticas, a escassez de água para irrigação e a grande dependência energética da Europa tornam necessário estabelecer estratégias que otimizem tanto a água disponível quanto os fertilizantes e a energia. A agricultura no Sul da Europa, além de deficitária em energia, também enfrenta escassez de recursos hídricos. No entanto, é a área com maior potencial produtivo devido ao clima.
Sem dúvida, exacerbada pela crise energética que vivenciamos no último ano, as nações europeias enfrentam a preocupante perspetiva de que a segurança alimentar e bem-estar estejam num estado de vulnerabilidade. A nossa dependência externa é tão significativa que, a qualquer momento, todo o nosso sistema de produção pode entrar em colapso facilmente, como está acontecendo neste momento. Diante desse cenário, torna-se necessário adotar medidas que garantam fornecimentos de água suficientes para alcançar um alto grau de auto-suficiência alimentar e, portanto, independência em relação a fatores externos. É preciso utilizar modelos de produção inteligentes que sejam sustentáveis, especialmente no uso da água, dos fertilizantes e da energia, além de aumentar o uso de outras fontes de água que não sejam superficiais, mas seguras para as plantações e produção.Nesse contexto, como resposta da comunidade científica ao desenvolvimento e/ou mitigação de uma necessidade económica e social, nasce o Projeto SIRIS.
O projeto concentra-se no design e implementação de um novo sistema de irrigação eficiente e sustentável aplicado diretamente no solo, utilizando ferramentas digitais de monitoramento e controle do contínuo solo-planta-atmosfera, garantindo a máxima eficiência produtiva das plantas e a qualidade dos seus frutos.
Esse sistema procura alcançar um uso racional e inteligente dos recursos na agricultura, recuperando o dreno (geralmente “perdido” por lixiviação) e reutilizando os subprodutos (água e fertilizantes), permitindo a adaptação do setor agrícola às mudanças climáticas, com ênfase na escassez hídrica/inundações, e consolidando fontes hídricas alternativas para o desenvolvimento e estabilidade a longo prazo do setor agrícola, buscando a maior auto-suficiência possível e contribuindo para a preservação de recursos hídricos de qualidade para usos destinados ao abastecimento humano, industrial e ambiental.
Além disso, vale ressaltar que: i) a “perda” ou eliminação por lixiviação dos excedentes hídricos na agricultura gera impactos significativos, pois algumas substâncias podem ser prejudiciais às plantas e ao meio ambiente, tornando o projeto positivo na minimização e controle da contaminação direta e/ou indireta; ii) a recuperação, reutilização e revalorização da água lixiviada de irrigação (dreno agrícola) e seus nutrientes desenvolvidos no projeto visam integrar o setor agrícola em direção a um desenvolvimento sustentável, de acordo com o “Novo Plano de Ação para a Economia Circular por uma Europa mais limpa e mais competitiva”; iii) espera-se que os resultados do projeto ajudem a reduzir e mitigar os efeitos negativos de secas extremas, inundações e o aumento progressivo de custos de energia e outras matérias-primas (…).
→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de março 2024
Autoria: Dámaris Núñez-Gómez, Juan José Martínez Nicolás, Pilar Legua, Agustín Conesa e Pablo Melgarejo
Departamento de Produção Vegetal e Microbiologia da Universidad Miguel Hernández