A Parceria, para além das três organizações agrícolas referidas, conta com seis empresas moçambicanas: Tecap, Bayer, Centrocar, Procampo, Nutagri e Husqvarna, que prontamente aceitaram este enorme desafio conjunto. Esta ambiciosa iniciativa, que se pretende duradoura, vai começar em Maputo, e pretende atuar em todo o país, é muito mais do que um projeto de formação e capacitação, vai ser uma escola de vida, com forte componente na prática real, objetivando melhorar a produtividade das explorações agrícolas e lançar novos jovens mais preparados, e mais empoderados para esta atividade.

O curso MC-Mulheres Camponesas começa dia 26 de abril, às 8:30 horas, é o de nível mais básico da Academia – Agro, e o outro no mesmo patamar de exigência, possui o dobro da carga horária, é designado por BA – Base Agricultura, começa dia 29 de abril.

A AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, a AJAP – Moçambique, a FENAGRI – Federação Nacional das Associações Agrárias de Moçambique, e seis importantes empresas na comercialização e revenda de fatores de produção (Tecap, Bayer, Centrocar, Procampo, Nutagri e Husqvarna), firmaram, no passado dia 17 de abril, em Maputo, os alicerces e definiram os objetivos e a ambição da Academia-Agro.

O grande objetivo visa promover formação profissional agrícola e a capacitação, com uma componente prática muito forte, a preço baixo para todos os que queiram aderir às propostas formativas e de capacitação da Academia – Agro. Os formandos a troco de uma taxa de inscrição que têm de pagar, recebem um diploma de participação, subscrito pela AJAP e pela FENAGRI, e um kit Agro, grátis, com alguns utensílios, ferramentas, sementes e merchandising disponibilizado pelas empresas membro desta parceria.

“Formação com uma componente prática muito forte”

Com objetivos bastante diversificados ao nível formativo, podemos assegurar que a frequência de todas as ações (no âmbito das 3 fases descritas no documento base da parceria), confere a todas, e a todos os seus formandos uma verdadeira “escola” de vida agrícola. Importa motivar e impulsionar as agricultoras e agricultores, que frequentem as ações da Academia – Agro, não só pelos conhecimentos teóricos a fornecer, como também pela prática real (com isso estamos certos da melhoria da produtividade), pelos conceitos a incluir de transformação e conservação de alimentos base, e ainda pela importância de conhecimentos na área da nutrição humana. Pretendemos que os formandos possam pelo seu trabalho e opções a tomar, colmatar algumas dessas lacunas (quantidade e qualidade), pelos produtos (vegetais e animais), a produzir nas suas explorações, e com isso contribuir para o combate à fome e à desnutrição.

Dinamizar a entrada de jovens neste importante setor, também pela ação do CAE – Curso Agricultor Emergente, onde a gestão das explorações, a análise de mercados, a política de preços e o uso de apoios na agricultora, são temas a introduzir, os restantes presentes nas ações da primeira fase (MC – Mulheres Camponesas e BA – Base Agricultura), vão ser mais aprofundados.

A Academia-Agro comporta três fases ou três hierarquias de ações a desenvolver, a primeira Nível-Básico, comporta os cursos MC-Mulheres Camponesas e o BA-Base Agricultura, ambos os cursos muito elementares e semelhantes, sendo que o BA tem o dobro da carga horária do MC. A segunda fase Empreendedora-Específica, comporta as ações CAE-Curso Agricultor Emergente, com 120 horas teórica e de 40 práticas no campo, e as ações CE-Curso Específico (no doc base, são indicadas as ações especificas a lançar), compostas por 60 horas teóricas e 30 práticas no campo.

A terceira fase incide de apoio direto no campo e vai denominar-se Assistência-Técnica, direcionada às machambas, nomeadamente às explorações já com alguma dimensão, e cujas necessidades a Academia-Agro se propõe suprir, prestando serviços de acompanhamento técnico às explorações. Apoiar jovens e as suas iniciativas empreendedoras nas áreas agrícola, pecuária, e outras atividades rurais, são cruciais no apoio a estes jovens empresários, capacitação, elaboração de contas de cultura, estudos de viabilidade económica, para além do apoio agronómico, todas são fundamentais nesta fase de arranque e consolidação dos projetos.

Uma das características evolutivas na Academia – Agro é o crescimento percentual da componente prática real das ações, se na primeira fase, é próxima de 25% da carga teórica (MC e BA), no curso CAE de segunda fase é de praticamente 35%, nos cursos CE, é de 50%, e na terceira fase, todo o apoio é em contexto real direcionado ao produtor/exploração, ou seja 100% prática real.

“As empresas Parceiras são formadoras e por todas constituem o Kit Agro”

Os formadores serão técnicos das empresas que integram a parceria, sendo que, em algumas áreas específicas, serão convidados especialistas de Moçambique, ou até mesmo de Portugal, para capacitar, formar e partilhar conhecimentos e experiencias com os formandos. As empresas parceiras são ainda responsáveis pela constituição do Kit Agro, a oferecer a cada formando, kit que pode conter sementes, ferramentas (enxada, ancinho ou catana), mini-pulverizador, amostras de produtos fertilizantes e pesticidas e merchandising.

De assinalar a experiência e know-how dos 41 anos de existência da AJAP em Portugal, com centenas de milhar de horas de formação ao longo de todo este percurso. Formação associada às exigências, conteúdos e práticas sustentáveis, em vigor no contexto europeu, fruto dos desígnios da EU – União Europeia, assente nas medidas da PAC – Política Agrícola Comum, garante da preparação dos coordenadores da ação, e no fornecimento do apoio necessários aos formadores das empresas e formadores especialistas, por parte da AJAP.

“União agronómica da CPLP”

A AJAP sempre teve, nos seus propósitos, uma concertação muito forte com os países da CPLP, nomeadamente com as suas congéneres associações de Jovens Agricultores, tendo inclusive colaborado para muitas que hoje existam, sejam uma realidade. Esta sinergia, entre todos estes países, que partilham uma língua comum, e uma história, é essencial para fortalecer as relações económicas, agronómicas e de estágios, entre Estados e cooperar em áreas decisivas para o desenvolvimento agrícola e rural.

Firmino Cordeiro sublinha que a componente AGRO tem sido muito defendida pela AJAP, em torno de uma União Agronómica da CPLP mais forte, na difusão da informação, conhecimento, e intercâmbio através de estágios e dinâmicas empresariais partilhadas. O Diretor-Geral da AJAP recorda o caminho de Portugal no contexto da UE e a experiência obtida com a execução da PAC, desde a adesão de Portugal à atual União Europeia, em 1986.

“Moçambique o primeiro país da CPLP a lançar este modelo de Academia

Sendo também a AJAP conhecedora da realidade de Moçambique, pelo trabalho que tem desenvolvido no país, Firmino Cordeiro sustenta que boa parte sua da população é rural. Neste sentido, assegura que “têm de existir esforços muito grandes para que a formação, a capacitação, e o ensino agrícola sejam uma realidade cada vez mais forte e acessível a todos”.

A Academia-Agro está aberta a todos quantos se queiram juntar a este desígnio, nomeadamente outras empresas de fatores de produção, o Ministério da Agricultura e os seus organismos, ONG’s, banca e outros doadores internacionais, no sentido de disseminar os programas de apoio ao setor, e a colaboração e apoio na logística da Academia – Agro.

Para Hernani Mussanhane, Presidente da FENAGRI, a Academia-Agro “é a realização do Plano Estratégico 2022-2024”

No que diz respeito à constante capacitação dos produtores e implementação do protocolo de cooperação entre a FENAGRI e a AJAP, o responsável espera que, “com as formações que vão arrancar, seja possível ter o maior domínio das técnicas agrárias e ver atualizadas as diferentes tecnologias disponíveis no mercado e principalmente o aumento da produtividade que tanto precisamos”.

“Há que referir que estás formações são complementares às formações que a FENAGRI vem realizando desde o início do ano. Portanto, estamos muito satisfeitos, com esta parceria, poder dar continuidade com a AJAP a este trabalho de formação”, frisou.