Os Açores, dada a dispersão territorial, à altitude variada e ao seu clima temperado oceânico, possuem condições agroclimáticas propícias à exploração de diversos tipos de produção agrícola. Assim, a economia açoriana assentou, desde o início do povoamento, numa atividade agrícola marcada por uma diversidade de cultivos imprescindíveis para a subsistência das populações e de bens cujo principal objetivo era o negócio, quer interno, quer externo.

Com praticamente metade do território terrestre dos Açores (120 400 ha) considerado superfície agrícola útil (SAU), a economia açoriana encontra-se intimamente ligada à agricultura, certamente como resultado da história do seu povoamento.

Em 2019, a SAU dividia-se em 10.656 explorações agrícolas, tipicamente de pequena dimensão.

A especialização na bovinicultura leiteira, verificou-se nos anos quarenta do século XX, com recurso à inseminação artificial, sobretudo de sémen proveniente dos Estados Unidos.

Paralelamente, as pastagens foram melhoradas, recorrendo a espécies e variedades mais produtivas e de maior valor nutritivo, com uma curva de produção de erva bem característica para zonas de média altitude (Figura 1), com uma produtividade anual de 10,3 t MS ha-1, com uma produção de matéria seca variável ao longo do ano, verificando-se as maiores produções na primavera. Além disso, o recurso e melhoramento das técnicas de conservação de forragens, para os períodos de escassez, permitiu uma maior produção de leite, obrigando a profundas transformações na técnica e no grau de concentração da indústria de lacticínios.

Os períodos de escassez de alimento, varia com a altitude das pastagens. Em ilhas com maior altitude média, como Pico, S. Jorge e Flores, e ou nas zonas altas de todas as ilhas, observam-se dois períodos no ano de falta de erva, no verão (nomeadamente agosto e setembro) e no inverno (novembro, dezembro, janeiro e fevereiro). Nas ilhas mais baixas, e/ou nas zonas baixas, verifica- -se só um período de carestia de forragem o de verão, sendo este, no entanto, bastante mais prolongado (Borba, 2007). Para fazer face à falta de alimento nos Açores, devido às particularidades climáticas, recorre-se, por norma, ao método da ensilagem, para conservar a forragem de milho e erva (…).

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Autoria: Alfredo Emílio Silveira de Borba

Universidade dos Açores

Faculdade de Ciências Agrárias e do Ambiente

Instituto de Investigação e Tecnologias Agrárias e do Ambiente