A UPAC irá suprimir 35% das necessidades energéticas da Estação Elevatória da Barragem dos Minutos.

A Associação de Beneficiários da Barragem dos Minutos (ABBM) juntamente com a Ecoinside celebraram uma parceria para a instalação de um sistema fotovoltaico, gerando cerca de 35% da energia total consumida pela estação elevatória da ABBM.

A Ecoinside conquista mais um projeto no Alentejo, sendo a empresa tecnológica de energias renováveis a selecionada para desenhar uma solução à ABBM.

A Barragem dos Minutos, é localizada sobre o rio Almansor, no concelho de Montemor-o-Novo (Évora), foi construída sob a orientação técnica da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) e está integrada num plano nacional de melhoria dos sistemas de irrigação para apoio à agricultura. Posteriormente a gestão, manutenção e exploração foi entregue à ABBM, que atualmente administra a barragem e a Estação Elevatória. Atualmente, o Aproveitamento Hidroagrícola da Barragem dos Minutos irriga cerca de 1980 hectares de terrenos agrícolas.

Em contexto de seca meteorológica a ABBM abraçou o autoconsumo. A Ecoinside projetou uma solução “verde” que irá mitigar a dependência da energia fóssil da ABBM proveniente da rede pública de energia. Na Unidade de Produção para Autoconsumo (UPAC), 648 módulos fotovoltaicos serão implementados no solo sobre a albufeira, possibilitando a produção de eletricidade através da energia solar, que estima gerar uma produção total anual de mais de 720 MWh. A UPAC irá gerar energia limpa para alimentar a Estação Elevatória da Barragem dos Minutos, integrada no Aproveitamento Hidroagrícola da mesma, destinada a bombear a água da barragem para a rega dos campos agrícolas dos benificiários desta associação.

Joaquim Roque, Presidente da Associação de Benificiários da Barragem dos Minutos, reforça que a ABBM, com a nova UPAC verá uma amortização na sua fatura energética, permitindo gerar um nível de poupança significativo a curto prazo para a Associação, e abraça uma resposta sustentável – ambiental e económica – à necessidade de aporte de água.

“Com este investimento a Associação de Beneficiários prevê reduzir a fatura no que diz respeito à energia em mais de 86 000€ (a que se deve acrescer a poupança nas taxas associadas à energia) no 1º ano de operação, que irá permitir baixar os custos de exploração da rede, logo, as taxas a cobrar aos regantes e, consequentemente, melhorar os proveitos da atividade agrícola”. Explica o presidente da ABBM.

Os painéis fotovoltaicos preenchem uma área de 1 648 m², empregando sistemas de rastreamento com recurso a trackers fotovoltaicos – uma tecnologia que ajusta a posição dos painéis solares de acordo com o movimento do sol ao longo do dia.

Os trackers dão resposta para um melhor aproveitamento do espaço, sendo necessários menos painéis para gerar a potência energética desejada. Além disso, os trackers permitem uma maior captação da incidência dos raios solares. Esta solução móvel, permite uma produção de energia 30%-45% superior comparativamente a uma projeção fixa.

Com 260 metros de profundidade e uma superfície inundável de 5 km2, a Barragem dos Minutos aporta uma capacidade total de armazenamento de 50 milhões de m³. Rega cerca de 1 980 hectares de terrenos agrícolas, afirmando-se como um importante empreendimento hidrológico que contribui para o desenvolvimento socioeconómico de Montemor-o-Novo, e do Alentejo Central.

A frequente aposta nas energias renováveis em projetos para irrigação agrícola, demarca-se como uma resposta eficaz à realidade que enfrenta o setor da agricultura, em destaque no Alentejo, e ao melhor aproveitamento dos recursos. “Enquanto atividade económica a agricultura necessita de ser viável para existir.” Explica Joaquim Roque.

A seca meteorológica é cada vez mais severa para o Alentejo, no final de 2023 a maioria das barragens no sul do país estava abaixo dos 50%. Sendo esta, a região do país com maior exploração de área agrícola. O presidente da ABBM considera que o financiamento público é imprescindível para outras entidades aderirem a projetos verdes semelhantes à UPAC da ABBM. “Se as energias renováveis contribuírem para o aumento da robustez da atividade económica então os empresários poderão encarar de forma mais sustentada eventuais períodos de seca”. Remata Joaquim Roque

Além dos benefícios económicos e ambientais associados a este tipo de soluções, a UPAC projetada pela Ecoinside irá evitar a emissão de 170 toneladas de CO2 para atmosfera. Pelo que irá contribuir para a salvaguarda dos recursos hídricos da região alentejana, e dos agricultores, através da redução dos custos de exploração.

“Ao reduzir os custos de exploração, o agricultor já não necessitará de maximizar a produção para alcançar os mesmos resultados, logo, potencialmente poderá existir uma redução do consumo de água.” Explica o presidente da ABBM.

A aposta na UPAC veio no âmbito de um concurso público promovido pela ABBM, através do PDR2020 (Plano de Desenvolvimento Rural), no qual se pode usufruir de um apoio ao investimento a fundo perdido na ordem dos 60%, permitindo deste modo à ABBM ter capacidade de suportar os custos que tal investimento acarreta, acrescenta o presidente da ABBM. A Ecoinside destacou-se na sua proposta pela sua capacidade de aporte e know-how técnico, ao evidenciar valências prévias como uma das empresas qualificadas com capacidade de resposta ao desafio.

Ainda neste contexto, quando questionado se o financiamento público em projetos de energia renovável, como o da ABBM, ser uma janela de oportunidade para outras entidades aderirem à energia limpa, Joaquim Roque reforça que “o financiamento público é o principal responsável para que tal aconteça (…) A principal vantagem deste tipo de empreendimentos (para o Alentejo) é ajudar a criar solidez nas empresas agrícolas de forma a manter forte a atividade económica.” Finaliza o presidente da Associação.

O caminho para uma maior aposta na energia renovável, já está a ser edificado. No ano de 2021, houve um decréscimo da emissão de gases de efeito estufa (GEE) em 1.3%. Segundo a APA (Agência Portuguesa do Ambiente), estes valores resultam, essencialmente, da redução das emissões do setor de produção de eletricidade (- 1,8%) bem como do setor dos processos industriais e uso de produtos (-3,3%). A frequente aposta nas energias renováveis em projetos para irrigação agrícola, demarca-se como uma resposta eficaz à realidade que enfrenta o setor da agricultura, em destaque no Alentejo, e ao melhor aproveitamento dos recursos.