O verão chegou, com ele o calor e inevitavelmente os incêndios florestais que todos os anos causam inúmeros prejuízos em vários setores onde se inclui a apicultura. A produção de mel é fortemente afetada ao serem destruídas vastas áreas de vegetação, eliminando as fontes de néctar e pólen essenciais para a alimentação das abelhas. Além disso, o fumo e o calor intenso podem desorientar e matar as abelhas, comprometendo a sobrevivência das colónias.

PAULO GOMES – DIRETOR DA REVISTA VOZ DO CAMPO

A longo prazo, a recuperação das áreas queimadas pode levar anos, durante os quais a atividade apícola permanece comprometida. A redução da produção de mel afeta não só os apicultores, mas também a agricultura em geral, já que as abelhas desempenham um papel crucial na polinização de muitas culturas. A verdade é que os apicultores são penalizados ao conferirem uma redução significativa da produção de mel e de outros produtos apícolas, já que com menos flores disponíveis, as abelhas precisam viajar distâncias maiores para encontrar alimento, situação que apenas pode ser minimizada com o exercício de transumância das colmeias, não obstante dos inúmeros riscos e custos inerentes.

Portanto, é imperativo adotar medidas eficazes de prevenção e combate a incêndios, para além de políticas de apoio aos apicultores afetados, para garantir a sustentabilidade e a resiliência da apicultura frente a esses desastres ambientais. É fundamental também, proteger e promover a saúde das abelhas. Medidas como a redução do uso de pesticidas, a preservação de habitats naturais e o apoio à apicultura sustentável são essenciais para garantir a continuidade deste serviço ecológico vital.

Apesar de todos estes condicionalismos a atividade apícola em Portugal caracteriza-se por um forte crescimento de efetivo. De acordo com relatórios recentes, esta atividade tem mostrado um crescimento contínuo, com aumento no número de apicultores e colmeias. A produção de mel tem variado conforme as condições climáticas, sendo que a qualidade do mel português permanece reconhecida internacionalmente.

Será este o reflexo da ação e do profissionalismo dos nossos apicultores que estão cada vez mais capacitados para implementar práticas de maneio sustentável essenciais para a saúde das abelhas e preservação do meio ambiente. Hoje em dia o apicultor português já está mais recetivo ao uso de tecnologias avançadas para monitorar colmeias, controlar doenças e aumentar a produtividade. Ficará eventualmente a faltar um melhor reconhecimento das entidades governamentais, tendo em vista a promoção, a padronização e a certificação dos produtos apícolas, por forma a garantir ainda mais qualidade e consequente segurança para os consumidores.

Editorial da edição de julho 2024. BOAS LEITURAS!