Na sequência da celebração internacional do Dia do Horticultor a 17 de maio, nasceu há três anos, o Dia do Horticultor by AgriNavais, pela mão da empresa agrícola AgriNavais, em Navais no concelho da Póvoa do Varzim.

Este ano, a III edição foi pensada como sendo o ano de afirmação do evento que se pretendia proporcional ao seu alcance em termos de organização e participação de entidades e personalidades relevantes para o setor. O balanço que a AgriNavais faz é mais do que positivo e todas as expetativas foram superadas desde logo com a presença na sessão inaugural do Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes. Em entrevista, a AgriNavais, revela que a sua particiapção serviu de base para o diálogo futuro sobre aquilo que será a melhor forma de ajudar e apoiar o setor hortícola da região.

Que balanço fazem desta III edição? Superou as expetativas?

Esta III edição foi desde logo pensada como sendo o ano de afirmação do Dia do Horticultor By AgriNavais, o ano em que o crescimento do evento se pretendia proporcional ao seu alcance em termos de organização e participação de entidades e/ ou personalidades relevantes para o setor. Tendo em conta que tivemos 32 empresas e entidades a apoiar o evento, estiveram presentes no local 500 visitantes (402 visitantes direta ou indiretamente ligados ao setor hortícola e 79 crianças da escola primária), e contamos com a presença do Senhor Ministro da Agricultura na Sessão Inaugural da Feira, podemos afirmar que o balanço é mais do que positivo e que todas as expetativas foram superadas. A forma como a comunidade aderiu ao evento é a prova do sucesso desta edição; estando a primeira parte da manhã vocacionada para as escolas, só a partir das 11h se começou a notar uma verdadeira afluência de gente ao local, mas a verdade é que desde esse momento até ao final do dia as pessoas mantêm-se ali, participando em todas as apresentações e demonstrações, palestras ou momentos de descontração, como o showcooking ou o concurso de tomate redondo.

Em todos estes momentos a plateia esteve sempre cheia o que demonstra o interesse e adesão das pessoas a todas as iniciativas que preparamos para elas ao longo do dia.

Também na parte das escolas, a dinâmica foi muito interessante, pois para além de dar oportunidade às crianças de identificar algumas espécies através do contacto com as plantas ainda em fase de desenvolvimento precoce, fazendo um jogo com elas, em que tínhamos a espécie já totalmente desenvolvida para se fazer corresponder à planta ainda em crescimento (algumas eram mais fáceis como as alfaces ou a salsa, outras mais complexas como a meloa ou a batata doce),proporcionamos também momentos de interação com alguns animais domésticos, contando com a participação de uma médica veterinária para falar um pouco sobre cada animal, doenças que os podem afetar e respetiva avaliação clínica do estado do animal.

A sessão contou com a presença do Senhor Ministro da Agricultura. Que “recados” lhe foram transmitidos?

Quando fizemos o convite ao Senhor Ministro tivemos como premissa a importância da proximidade e a necessidade que os produtores hortícolas da nossa região tinham de sentir que o Governo está atento às dificuldades e desafios do setor. Tal como o Senhor Ministro afirmou na sua intervenção, não será sentado no seu gabinete que ele vai perceber os problemas e encontrar soluções para os mesmos. Esta participação serviu de base para o diálogo futuro sobre aquilo que será a melhor forma de ajudar e apoiar o setor hortícola na nossa região.

Os produtores não querem mais subsídios ou mais apoios, os produtores querem acima de tudo que os seus produtos sejam comercializados a preços justos e adequados àquilo que investem na produção para garantir que há produção de qualidade; querem condições e ferramentas adequadas para trabalhar com qualidade.

Que razões estiveram na escolha do tema “Eficiência e gestão dos recursos hídricos como forma de aumentar a qualidade de produção e proteção de solos e cultura”?

Desde logo, a importância de termos reservas de água para conseguir equilibrar os períodos de escassez com os períodos de excesso. Depois, consciencializar para uma utilização consciente, quer para proteção do recurso, quer para proteção da própria cultura. Estamos inseridos numa zona vulnerável, sujeita a lixiviações e portanto uma correta e eficiente gestão dos recursos hídricos é essencial para ajudar a proteger os solos, parte essencial para uma boa produção hortícola.

Por fim, com as alterações climáticas a forma de dar resposta às exigências de água de determinadas espécie tem que se adaptar, é preciso criar condições que estejam em consonância com a nova realidade e isso precisa de ser absorvido por toda a classe hortícola para garantir bons resultados.

Qual ou quais os momentos altos do Dia?

Naturalmente, a sessão de abertura com o Senhor Ministro da Agricultura foi o grande momento do dia, onde se juntaram mais pessoas ao mesmo tempo, quer pela relevância que esta presença trouxe ao evento, quer pela importância que trouxe aos problemas dos horticultores, que se sentiram ouvidos e acarinhados.

Mas, todos os momentos restantes podem ser considerados de destaque, pois todas as ocasiões do dia são projetadas para terem um determinado impacto e com um público-alvo, acarretando um objetivo concreto e em todas foi possível ter uma excelente adesão e participação do público, desde os momentos para as crianças até ao showcooking.

Podemos destacar talvez o concurso de tomate redondo, que este ano duplicou o número de participantes e manteve uma plateia cheia e motivada ao longo de todo o processo de prova e avaliação dos produtos.

O que representa o setor hortícola para a AgriNavais?

O futuro! Sendo a horticultura a matriz do negócio na AgriNavais, temos consciência de que este é um pilar da economia e da alimentação e será por aqui que irão passar muitas das inovações no sentido de continuar a garantir alimentação para todos e todas. As necessidades do consumidor são cada vez maiores e mais diferentes e por isso também o leque de respostas tem de diversificar.

Quais são as principais dificuldades e constrangimentos do horticultor?

Para além das questões já apontadas na edição anterior, como sendo a instabilidade dos preços e a mão de obra, que infelizmente são uma característica quase permanente no setor, há que destacar dois grandes problemas na atualidade.

Em primeiro lugar, e de uma forma mais localizada, a insegurança. Na nossa zona, tem ocorrido cada vez mais assaltos nas plantações, levando culturas inteiras. Para evitar esta razia e prejuízo, os horticultores são obrigados em investir em sistemas de segurança e vigilância, o que na nossa zona se torna de facto muito dispendioso, pois as produções são dispersas e de pequena dimensão, e isso implica que se tenha de ter muitos sistemas em muitos sítios. O facto de não haver nenhum tipo de proteção em caso de roubo, é uma insegurança cada vez maior perante as dificuldades económicas que se fazem sentir.

Devemos destacar também a dificuldade no acesso às candidaturas a apoios/financiamentos. Estes são disponibilizados num curto espaço de tempo, não são divulgados de forma próxima e objetiva e na maior parte das vezes os horticultores nem chegam a saber que eles existiram. E alguns destes financiamentos poderiam representar excelentes oportunidades de melhoria nas suas áreas de produção.

Qual papel/apoio a Agrinavais tem desenvolvido para incrementar o setor?

A AgriNavais para onde vai, é sempre embaixadora da qualidade da produção local, promovendo sempre os nossos produtos hortícolas e a forma como são sempre responsavelmente produzidos. Procuramos sempre fornecer as melhores ferramentas e os produtos de última geração.

Providenciamos acompanhamento técnico personalizado e adaptado a cada produtor e a cada situação, ou seja, não temos uma receita geral que aplicamos a todos da mesma forma. Cada caso é um caso, cada cliente é diferente e tem as suas preferências.
Não nos limitamos a vender produtos, encontramos soluções com parceiros de confiança.

A par com este trabalho diário, o desenvolvimento do evento Dia do Horticultor by AgriNavais tem sido um enorme apoio para o incremento do setor, pois as pessoas sabem que naquele dia vão adquirir conhecimento e informação que não adquirem noutros locais, pela proximidade com que o evento é planeado.

Qual tem sido a evolução do setor? Há novos produtores?

Começamos a sentir que há uma renovação do setor e isso foi algo que o Senhor Ministro mencionou na sua visita ao espaço quando se deparou com tantos jovens horticultores. Esta evolução no sentido do rejuvenescimento, aliás, esteve já patente nas iniciativas desta III Edição do Dia do Horticultor em que lançamos a nossa página de Instagram, uma rede social mais frequentada pelos jovens e temos percebido que temos já alguns clientes de faixas etárias mais novas e que utilizam esta rede social como ferramenta de trabalho para melhorar a sua produção. No entanto, esta renovação ainda fica aquém do desejado e necessário para garantir a continuidade do setor hortícola com a dinâmica que precisa.

Os consumidores são cada vez mais exigentes e como tal os produtores têm que estar cada vez mais atualizados sobre as técnicas de produção, tecnologias, produtos novos e diferenciadores, o que significa que terá que haver um investimento cada vez maior em formação e inovação por parte dos produtores; ora isto, só será possível, em primeiro lugar se as gerações mais novas derem continuidade ao setor, e em segundo lugar, se os lucros obtidos com os produtos acompanharem os investimentos feitos, caso contrário torna-se muito difícil um jovem com formação adequada, com conhecimentos técnicos e ferramentas tecnológicas para garantir uma produção de qualidade querer dedicar-se à produção hortícola. Cada vez o produtor tem que acompanhar a evolução, mas para isso a evolução também tem que acompanhar o setor.

Podemos já falar na quarta edição do Dia do Horticultor By AgriNavais?

Ainda não tínhamos realizado a 3ª edição e já estávamos a delinear a quarta, portanto, sim, podemos e devemos já falar na 4ª edição. Já temos o tema central definido, já temos um orador confirmado, algumas empresas e entidades também já nos fizeram chegar o seu interesse em continuar neste projeto, outras já manifestaram interesse em aderir em 2025. Este ano já introduzimos algumas novidades no evento que no próximo ano vão ganhar outra forma e dar ainda mais vida ao Dia do Horticultor by AgriNavais. Apresentamos nesta edição o projeto da horta pedagógica com a escola primária, que não sendo uma novidade, vai distinguir- -se de outros projetos idênticos pelas razões que alicerçam esta parceria e será uma parte muito importante nas apresentações do próximo ano, concretizando um dos grandes objetivos desta iniciativa que é a estimulação de competências como a oralidade e o falar em público. A par com isso está a vontade dos visitantes de que o evento se continue a realizar, crescendo o número de ano para ano e também as ajudas voluntárias na montagem do espaço, na logística do dia, na preparação de brindes, etc. Este evento tem reunido e unido forças de muita gente e no que depender de nós continuaremos a proporcionar este dia de formação e lazer para o setor hortícola da nossa região e não só.

O presidente da Câmara Municipal Aires Pereira manifestou a enorme satisfação pela presença do Ministro da Agricultura no evento, promovido pela AgriNavais com o apoio do Município da Póvoa de Varzim, recordando que “a agricultura, mais concretamente a área hortícola, representa mais de 10 mil empregos diretos e indiretos no nosso concelho, com um volume de negócios superior a 100 milhões de euros”.

A este respeito, acrescentou que os números refletem o esforço da população poveira, que se dedica a esta atividade de forma muito intensiva e que tem elevado o nome e a qualidade dos produtos locais. Tal deve-se ao “sentido de responsabilidade dos nossos horticultores, dos quais muito me orgulho de falar”, declarou Aires Pereira.

No seu discurso, o presidente da Câmara Municipal pediu a ajuda do Ministro para a certificação da “Cebola da Póvoa”, da “Couve Penca da Póvoa” e do “Tomate Coração de Boi da Póvoa” como Indicações Geográficas Protegidas, processo que, quando concluído, poderia abrir caminho para a inclusão destes produtos locais no abastecimento de refeições escolares no concelho.

O Ministro da Agricultura e Pescas reconheceu o trabalho de proximidade do município e a importância de assinalar eventos como este, pois “para decidir, temos de sentir, ouvir, conhecer e estar presentes”.

José Manuel Fernandes alertou que “temos que valorizar o trabalho dos nossos produtores, porque é inaceitável que um agricultor ganhe cerca de 40% das outras profissões”, acrescentando que é necessário melhorar o rendimento dos produtores para podermos atrair mais jovens para esta profissão.

Sobre a certificação dos três produtos locais, pendente devido ao desmantelamento de Direções Regionais da Agricultura na passagem de competências para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), o Ministro comprometeu-se a encetar esforços no sentido de agilizar o processo, por considerar que é uma forma de acrescentar valor ao que de melhor se produz a nível nacional.

“Neste ambiente rural, com a presença do Senhor Ministro da Agricultura, torna este pequeno evento num grande evento. Apesar de sermos uma pequena região que produz hortícolas com grande qualidade, somos persistentes, somos fortes. Recordo na altura da pandemia que esta nossa “gente” nunca parou. E tantas vezes que se diz que o horticultor/agricultor trabalha de sol a sol, essa é mesmo a nossa realidade. A persistência deles é que os motiva e que lhes dá vontade para continuar. Queremos continuar a trabalhar, queremos a valorização do nosso produto (…) é inadmissível a alface que produzimos em quantidades e com qualidade esteja a ser paga ao produtor a 0,20 cêntimos e no hipermercado/supermercado está a dois euros.
A nossa agricultura melhorou, mas no aspeto da valorização do produto estagnou”.


Relatos das Empresas

Lusosem

“A Lusosem participou, com grande entusiasmo, pelo terceiro ano consecutivo no Dia do Horticultor promovido pela AgriNavais e é com agrado que tem vindo a ver este evento a crescer, a ganhar notoriedade e relevância não só para os produtores da região como na agenda das diferentes empresas.

Para a Lusosem, é um dia em que prevalece o convívio aliado à partilha de conhecimento e de experiências, onde podemos em conjunto discutir estratégias para as problemáticas que mais preocupam os produtores e percecionar melhor a avaliação da implementação das mesmas. Alinhada com o tema deste ano, a Equipa da Lusosem apresentou a nova estratégia de resíduo zero para controlo de fungos e de pragas do solo, que tem vindo a ser implementada em diferentes regiões do país, inclusive na Póvoa de Varzim, e com resposta muito positiva por parte dos produtores.

SOIL, NEMICIN e FUSAR são três das soluções que pertencem à nova estratégia de bem-estar dos solos, que tem vindo a ser implementada pela Lusosem, para desinfeção do solo, controlo de nemátodos e controlo de fungos do solo com a cultura instalada, respetivamente”.


Luís Marques, sócio-gerente da Nutrifield

“Em primeiro lugar parabenizar a AgriNavais pela III edição do Dia do Horticultor em Navais. Um excelente projeto que começou como qualquer outro projeto de sucesso. Devagar mas sólido! É com imenso orgulho que estamos desde o 1º dia lado a lado neste evento. Salutamos também o trabalho, dedicação e presença dos respetivos autarcas da região, assim é possível chegar mais longe, realizar obra e dinamizar uma região de excelência”.


Biostasia

“É com enorme satisfação que anunciamos a nossa destacada participação no evento da AgriNavais, comemorando o Dia do Horticultor. Tivemos um desempenho excecional com o nosso estimado cliente, Paulo da Costa, de Navais, que está a desenvolver uma área de exploração com a Biostasia de 2,8 hectares, cultivando três tipos de tomates: chucha, cherry e redondo em modo resíduo zero.

No evento, Paulo Costa competiu com a variedade Optima e conquistou o título de Melhor Tomate, onde os frutos foram avaliados em termos de dureza, cor, brilho e sabor. Para esta conquista, Paulo Costa utilizou exclusivamente produtos da Biostasia: Amino Fe, Root, CA, K, Mimosa e Meta+, destacando-se por ser o único entre os 14 concorrentes a apresentar uma produção totalmente Resíduo Zero. Este feito demonstra de forma inequívoca que é possível aliar qualidade superior à sustentabilidade, usando produtos que não deixam resíduos prejudiciais no meio ambiente. Com esta vitória, fica comprovado mais uma vez que o futuro da agricultura passa por práticas que respeitam o ambiente sem comprometer a qualidade dos alimentos. Parabéns ao Paulo da Costa pela sua vitória e pela excelência dos seus produtos! Estamos orgulhosos de fazer parte deste caminho rumo a uma agricultura mais sustentável e de alta qualidade. A Biostasia reafirma o seu compromisso com práticas agrícolas inovadoras, promovendo uma produção limpa e responsável”.

Assista a alguns momentos do evento:

→ Reportagem publicada na Revista Voz do Campo: edição de junho 2024


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