A Vespa velutina (Vespa velutina nigrithorax), é uma espécie invasora predadora de insetos oriunda do Sudoeste Asiático, que chegou a Portugal em 2011. Entrou pelo Alto Minho, mas atualmente, com exceção das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, já está presente em todo o território de Portugal Continental.

Apesar dos prejuízos na Apicultura serem mais intensos na faixa litoral do país, em 2023 a predação de abelhas no final do Verão, princípio do Outono, foi intensa na Beira Interior e nalgumas regiões de Trás-os-Montes. Em toda a faixa litoral do país, com especial incidência de Setúbal para Norte, as perdas anuais de colmeias médias são de 20 a 30%, quando eram de 10 a 15% no passado. Esta perda de efetivo é consequência da ação direta de predação (perda de abelhas), mas também porque a presença de vespas nos apiários condiciona o normal funcionamento das colónias de abelhas, numa época crítica de preparação para o Inverno (a quebra na entrada de néctar e pólen, condiciona a viabilidade da criação em setembro e outubro, o que leva ao colapso das colmeias mais fracas durante a Inverno.

Esta perda de efetivo é acompanhada por uma quebra de 25% na produção de mel, acompanhado de um aumento dos custos por colmeia de 67% com a alimentação das colmeias de 15% com o maneio sanitário (colocação de armadilhas) e de 53% com as visitas extra a apiários (essencialmente combustível).

Nos últimos anos, nomeadamente após a criação da Comissão de Acompanhamento para a Vigilância, Prevenção e Controlo da Vespa velutina (CVV) em outubro de 2017, foi significativo o investimento público relacionado com a invasão da Vespa velutina. Esse investimento permitiu, e bem, obter mais conhecimento científico sobre a Vespa velutina. Portugal tem hoje à sua disposição uma rede de monitorização, uma base de dados e uma plataforma de recolha e tratamento da informação, que permite saber onde é necessário atuar, e quem o deve fazer. Às autarquias de todo o país foi concedido financiamento para que, hoje, estejam dotadas e capacitadas (humana e materialmente) com os meios necessários para a destruição dos ninhos. No entanto, este investimento priorizou a proteção das populações e não os efeitos nefastos na economia das explorações apícolas.

A apicultura é a atividade económica mais afetada.

Ainda que fosse expetável que essas medidas pudessem também mitigar os efeitos negativos na Apicultura, tal não se verifica, estando os apicultores a acumular (ano após ano) prejuízos e perdas de rendimento, decorrentes da diminuição da produção e do aumento dos custos de produção.

Sem a criação de um mecanismo financeiro de compensação aos apicultores pelas perdas provocadas pela Vespa velutina, agudizar-se-ão os seus prejuízos, e muitos apicultores terão que abandonar a atividade.

→ Leia este e outros artigos na Revista Voz do Campo: edição de julho 2024

Autoria: FNAP (Federação Nacional dos Apicultores de Portugal)