Entrevista a Florencio Romaguera Mínguez, Diretor Ibérico da Rovensa Next.

Confrontados com os desafios globais como o crescimento populacional e as alterações climáticas, os agricultores precisam de uma solução para alimentar o planeta através de soluções saudáveis e seguras. Hoje, o Grupo Rovensa, líder mundial na produção de soluções para uma agricultura sustentável, responde a essa necessidade com a Rovensa Next, uma nova unidade de negócios global dedicada a biosoluções para a agricultura que visa devolver à Terra o que a Terra nos dá.

Em entrevista durante a Feira Nacional de Agricultura 2024, Florencio Romaguera Mínguez, Diretor Ibérico da Rovensa Next, explica-nos todos os detalhes e estratégias da empresa para responder às necessidades dos agricultores.

Em linhas gerais, qual é a estratégia comercial da Rovensa Next para a Península Ibérica?
A nossa estratégia comercial baseia-se em responder às necessidades dos agricultores. Os agricultores enfrentam uma nova realidade, com muitas restrições, com uma queda acentuada nos produtos químicos tradicionais e enfrentam desafios de sustentabilidade. Por isso nós, Rovensa Next, como somos a união e fusão de onze empresas no mundo com tecnologias e produtos diferentes e capacidades técnicas muito fortes, queremos ajudar o agricultor a obter algumas soluções bio no mercado, que os ajudará a permitir o acesso a qualquer mercado de exportação e acima de tudo cumprindo os princípios da sustentabilidade.

Falámos essencialmente de soluções biológicas?
A natureza dos nossos produtos é de diversas áreas, mas tudo dentro do âmbito biológico, ou seja, temos produtos de origem mineral, de microrganismos, e também temos produtos de origem vegetal. A partir de extratos vegetais fabricamos produtos que disponibilizamos ao agricultor. Todos estes produtos ou a sua maioria, podem obviamente ser utilizados na agricultura convencional, mas também na agricultura ecológica, por isso estamos a transformar uma necessidade numa biosolução.
O mercado hoje está cada dia mais exigente. Como consumidores temos hoje acesso a muita informação que não tínhamos há 10 anos, e a preocupação do consumidor é saber o que come, e o que alimenta a sua família. Então, com esta exigência por parte do mercado, queremos ajudar o agricultor a ser capaz de manter a sua sustentabilidade financeira, ou seja manter os seus níveis de rendimento económico, com produtos de maior qualidade, mas também com essa exigência regulatória, ao nível da sustentabilidade e ao nível da qualidade alimentar que hoje o mercado exige.

Com base na inovação e com a agregação das onze empresas fez com que tivéssemos um projeto forte e inovador para o presente e o futuro. Essa é a nossa força e a forma de aplicar essa investigação, em inovação ao agricultor e ao consumidor final.

Qual é a expetativa da Rovensa Next perante o mercado não só ibérico, mas mundial cada vez mais exigente?
O mercado mundial das biosoluções é um mercado muito dividido, a verdade é que hoje não há um player claramente dominante no mercado. O que a Rovensa pretende é ser líder mundial nesse mercado. E, para ser líder mundial não só precisamos de ter a capacidade de aplicar essa inovação, mas também agir rapidamente. Assim, queremos posicionarmo-nos rapidamente no mercado de biosoluções como um líder indiscutível.

Como já referi atrás, durante os últimos cinco anos os nossos investidores, apostaram nas soluções bio num projeto estratégico e temos vindo a adquirir empresas em todo o mundo, quer porque nos complementaram no nosso portefólio ou porque nos complementaram em capacidades ou em tecnologia. Com a fusão dessas onze empresas sob uma marca robusta que é a Rovensa Next, pretendemos dar acesso aos 85 países onde estamos presentes, o nosso portefólio de biosoluções.

Nesse sentido, quais serão as apostas da Rovensa Next?
Num mercado tão disperso o que temos procurado é agregar tecnologia e agregar capacidades. O que procuramos são outras competências, compor um portefólio robusto que não apenas agregue soluções ao agricultor, mas também tenha capacidade tecnológica para ser hoje líder em inovação e ser a plataforma de inovação para o futuro. O que pretendemos é também criar alianças, criar ambientes nos quais outras empresas de biosoluções possam aderir e possamos continuar a crescer e ser líderes deste mercado.

Então faz parte da vossa ambição agregar mais empresas?
Sim, a verdade é que temos um desafio de crescimento inorgânico. Não estamos fechados a crescer de maneira inorgânica com alianças com outras empresas ou mesmo com aquisições também de outras companhias.

O que estamos a fazer durante esta integração é integrar as diferentes empresas sob a égide da Rovensa Next, mas continuarmos a operar em todos os países como até então. Qual é a diferença? É a oferta que estamos a lançar para o mercado onde antes havia uma empresa do Grupo Rovensa Next, hoje são onze empresas do Grupo Rovensa Next e o que estamos a fazer nessa parte do crescimento é fazer sinergias a partir dessa fusão.

Espanha e Portugal. Apesar das diferenças geográficas, é possível fazer-nos uma comparação em termos de mercado?
Esta é uma questão pertinente. O que procuramos é fortalecer uma estrutura global a partir das particularidades locais, com foco no agricultor. Saber quais são as necessidades do agricultor e com base nessas necessidades, o que fazemos é complementar com um portefólio de soluções para o agricultor. Obviamente o mercado Espanhol é totalmente diferente do Português, e dentro de cada país a tipologia das culturas varia de norte a sul com exigências distintas ao nível das soluções de Bionutrição e Biocontrolo. Para ajudar os agricultores na tomada de decisão temos os nossos assessores técnicos que são especializados nas diferentes culturas. Isto é, a solução não passa apenas pela venda do produto mas também pela assessoria técnica ao agricultor, tão fundamental para o sucesso das suas culturas. A nossa grande vantagem está em entender as necessidades que existem a nível local, ou seja, primamos pela proximidade e pela transferência de conhecimento.

E o que representa o território português para a Rovensa Next?
Para nós Portugal é um país estratégico. De realçar que, o Grupo nasceu em Portugal, viemos da SAPEC Agro Business que mais tarde se tornou na Rovensa e daí foram formadas duas unidades de negócio, uma que é líder em Portugal no mercado da “Crop Protection” e a outra é a Rovensa Next. Somos hoje líderes no segmento dos bioestimulantes, mas queremos crescer numa área de oportunidade, que é o biocontrolo. Temos um portefólio muito robusto e como disse, Portugal é estratégico porque há uma forte oportunidade de negócio.

Hoje vivemos um problema comum que são as condições climáticas. Como conseguem conciliar todo o vosso trabalho em função, também, da importância que tem cada vez mais o ambiente?
Posso dizer-lhe com muito orgulho que a primeira empresa que juntámos ao Grupo é de 1967, ou seja, em 1967 já havia gente a pensar que a transição para a bio agricultura tinha que acontecer a qualquer momento. Afinal a agricultura evoluiu muito rapidamente após a Segunda Guerra Mundial, muito rapidamente com a transição verde e a parte das biosoluções que começámos a trabalhar desde 1967 fazem parte do nosso ADN. Apesar da Rovensa Next ter sido constituída recentemente, conta com um uma história muito grande, com pessoas que há muitos anos atrás pensaram em ser disruptivas na agricultura. A agricultura adquire e inova muito e é um setor extremamente tecnológico, quer a partir do estudo varietal das sementes e plantas, quer o estudo de produtos que evitem o desenvolvimento de resistências pelas pragas e doenças, ou seja, há muita tecnologia dentro da agricultura e nós trabalhamos com essas tecnologias há cinco, seis décadas.

Em termos de investigação e desenvolvimento, como é feito o vosso trabalho?
Temos hoje em dia duas grandes áreas de trabalho em investigação e desenvolvimento. A nível global estamos divididos em regiões e essas regiões estão divididas em sub-regiões e cada sub-região tem o seu departamento regulador, tem o seu departamento de investigação e desenvolvimento onde estão a trabalhar as necessidades locais. Mas, depois a nível global, temos 92 pessoas a trabalhar na investigação e desenvolvimento que se concentram na pesquisa de novas soluções, pesquisa em novos ativos, pesquisa e melhoria de novos produtos, novos adjuvantes, que ajudam a melhorar o efeito dos produtos no campo, e isso é transferido para as regiões. O que procuramos são soluções globais, mas que realmente resolvam ao nível local os problemas que os agricultores enfrentam no seu dia a dia.

Uma outra questão tem a ver com o crescimento exponencial a nível mundial de habitantes, nos próximos 50 anos, e isso obriga de certa forma a uma intensificação da agricultura. Para a Rovensa Next, qual é o grau de dificuldade? Qual é o desafio?
É muito difícil, envolve muito investimento e envolve muita massa crítica para, não só obter um novo produto, mas também para aplicar a tecnologia, como já referi anteriormente. O desafio não é apenas alimentar o aumento da população, o desafio é alimentar o aumento da população com menos área cultivada, com uma mudança ambiental que é clara e tentar reduzir a carga residual nos alimentos, ou seja, o desafio é enorme. Os agricultores enfrentam um desafio maior com restrições regulatórias não só no seu respetivo país, mas também nos países para onde vão enviar os produtos. O que temos de procurar são soluções que sejam holísticas, porque o desafio é alimentar mais pessoas com menos recursos porque já não estamos a falar só do solo, mas de água, alimentos com menos resíduos, ser sustentável, bem como fazer disso um negócio para o agricultor, que é o motor da atividade.

O estar presente em muitos países do mundo também nos permite adaptar ano após ano, porque a agricultura está sempre a mudar. Por exemplo, este ano enfrentamos o fenómeno El Niño na América Latina, com impacto na América do Sul e por outro lado aqui na Península Ibérica foi um ano chuvoso, mas tivemos quatro anos de seca.

Como encara então o futuro da agricultura?
Para mim a agricultura é possivelmente a profissão mais nobre do mundo, porque o agricultor reinveste, sempre que consegue vender a um bom preço, sempre que consegue uma boa colheita, reinveste, como tal para mim os agricultores são os heróis que alimentam o povo.. É uma mensagem muito clara para as gerações atuais, mas também para as gerações vindouras. É uma forma de lançar uma mensagem de valores porque no final o que queremos é gerar um legado, não só para nós que estamos aqui hoje, mas também para as gerações futuras.

Daí que se justifica a vossa estratégia comercial, de reunir cada vez mais conhecimentos através de empresas que se queiram juntar no Grupo. Em suma, é esta a vossa filosofia?
Essa é a nossa filosofia, temos que crescer através do trabalho, através da implementação. Na Rovensa Next, o que nos comprometemos não é dizer, mas sim fazer. Precisamos de implementar e precisamos implementar rapidamente e é por isso que investimos. E, também é por isso que agora estamos a unirmo-nos não apenas para sermos participantes, mas para sermos líderes.. O que eu espero e o que peço às minhas equipas é que, se uma biosolução tem de ser integrada no campo, vamos integrá-la amanhã, não em três anos, mesmo que a necessidade não seja para hoje. Temos de implementá-la imediatamente, hoje, porque temos que preparar os agricultores, temos que transferir conhecimento, temos que ser capazes, não vou dizer educar, mas sim aconselhar. Isto hoje, já não é uma tendência, mas sim uma necessidade para os agricultores.

O mundo está a avançar e a mudar muito rapidamente e temo- -nos de nos adaptar a essa velocidade porque como disse, o fluxo de informação também é tão rápido e tão amplo que no final o que procuramos é transferir modelos de negócios que sejam lucrativos, que sejam sustentáveis para todos e rapidamente.

Por último, quer deixar uma mensagem para os agricultores?
Aproveitar a oportunidade para valorizar o trabalho que a Rovensa Next está a fazer hoje. Valorizar o trabalho e o conhecimento das equipas que temos, que são diferenciadoras, não só no conhecimento de produto e dessas tecnologias, mas também da aplicação no campo. Então, encorajo os agricultores que continuem a apostar na biotransformação e pensem na Rovensa Next como o aliado para poder enfrentar todos os desafios.


João Pinto, Country Manager Rovensa Next Portugal

“A Rovensa Next é uma área de negócio do Grupo Rovensa que abrange o negócio das biosoluções, agregando no seu portefólio todo um conjunto de produtos que visam a bionutrição das culturas e biocontrolo para proteção das mesmas. Assentamos a nossa estratégia na transmissão do conhecimento adquirido e no desenvolvimento dessas soluções para a fileira da produção. Ou seja, o nosso grande desafio é conseguir passar todo esse conhecimento e soluções devidamente apoiadas para aquilo que são os interesses e necessidades quer do produtor quer do consumidor (…). Fazemo-lo com um grande apoio e investimento na equipa agronómica que temos em Portugal composta por 10 agrónomos no campo diariamente. Uma equipa que faz muito além do papel meramente comercial. A nossa atividade pauta-se por uma componente técnica muito marcada e é por essa via que procuramos fazer a transição da passagem de conhecimento e de implementação das biosoluções da Rovensa Next”.

 


Tiago Santos, Iberia Marketing & Development Manager

“A Rovensa Next foi a última área de negócio a nascer dentro do Grupo Rovensa. Grupo do qual fazem parte outras 2 marcas importantes em Portugal que é a Ascenza e a Selectis. A Rovensa Next vem ao encontro daquilo que hoje em dia o mercado e o legislador pedem para que o agricultor utilize ou produza. Ou seja, produtos cada vez mais sustentáveis, cada vez mais amigos do ambiente, produtos que sejam o menos prejudiciais à saúde humana e nesse aspeto a Rovensa Next nasce fruto de uma estratégia do Grupo Rovensa onde ao longo dos últimos cinco anos foi adquirindo diferentes empresas ligadas às biosoluções. A Rovensa Next tem vindo a investir fortemente na área da investigação e desenvolvimento.

São investimentos muito avultados mas estritamente necessários para que possamos colocar no mercado, tão breve quanto possível, novas soluções passíveis de serem utilizadas pelos nossos agricultores, sempre no sentido de sermos líderes de mercado nesta gama de produtos biológicos ou resíduo zero.

Desde há 2 anos a esta parte, foram feitos fortes investimentos num grande sistema de fenotipagem, e em novas infraestruturas para novos laboratórios na região de Palmela.

A Rovensa Next tem vindo a apostar numa estratégia de marketing diferenciadora (“Out of the box”). Temos de inovar e passar a mensagem aos agricultores de forma diferente (…). O Departamento de Investigação e Desenvolvimento, estuda, testa, avalia e promove o aparecimento de novas biosoluções e posteriormente cabe ao Departamento de Marketing divulgar ao mercado o que de novo se vai desenvolvendo. Ver para querer. Neste momento estamos nessa fase, mostrar ao agricultor através de uma forma muito intuitiva o porquê dos nossos produtos serem bastante eficazes”.


ROVENSA NEXT MARCA PRESENÇA NA FNA 2024

A Rovensa Next marcou presença na Feira Nacional de Agricultura, realizada no início de junho em Santarém.

No seu stand, os agricultores tiveram oportunidade de ver um ensaio demonstrativo para mostrar os benefícios da utilização do óleo de laranja nas suas culturas, das marcas comerciais: PREV-AM, OROCIDE, PREV-GOLD. Recorrendo à utilização da luz negra e pigmentos fluorescentes, conseguiu-se demonstrar o porquê da elevada eficácia desta Biosolução que tem registo (AV) como inseticida, acaricida e fungicida.

Para além disso, a equipa da Rovensa partilhou todo um portefólio inovador de biosoluções incluindo a bionutrição e o bioncontrolo de pragas e doenças.

→ Leia a entrevista completa na Revista Voz do Campo: edição de julho 2024

Mais informação:

www.rovensanext.com