O SUMO é um projeto multitemático centrado no Ecossistema do Montado que teve o seu início a 1 de janeiro de 2023 prevendo-se que termine a 30 de setembro de 2025. É financiado pelo PRR (Programa de Recuperação e Resiliência) e pelos Fundos Europeus NextGeneration EU.

Envolve 15 parceiros entre Instituições (UÉ, FMV- UL, DGAV, DRAPAL-CEBA), Associações (ANCORME, ACPA, ANCPA, ACBRP e AACB), Empresas (AIM-CIALA, SA; SIGMETUM, Lda; PIPECODES, Lda, MYCOPLANET, Lda) e Centros de Competências (do Pastoreio Extensivo e do Porco Alentejano e do Montado).

Figura 2. ovinos de raça Merina na parcela experimental

Os principais objetivos do projeto são: 1) melhorar a produtividade, saúde e bem-estar dos animais produzidos no Montado; 2) promover a conservação e incremento da biodiversidade, fomentando a sua compatibilização com a pecuária extensiva e 3) avaliar o valor dos produtos e serviços do Montado, o impacto económico do uso das tecnologias em estudo no projeto e de políticas públicas que o promovam. Para atingir esses objetivos estão em curso 11 tarefas que, sucintamente, descreveremos de seguida.

Produção Animal

As doenças parasitárias, nomeadamente as provocadas por parasitas gastrointestinais, são causa de perdas de produtividade e de eficiência reprodutiva nas explorações de pequenos ruminantes no Montado. Para diminuir essas perdas está em curso uma tarefa que pretende validar marcadores genéticos de resistência ao parasitismo em ovinos de raça Merina. Após essa validação, os cruzamentos entre animais portadores desses genes serão promovidos, tendo em vista uma redução das perdas e do uso de antiparasitários nas explorações (Figura 1).

A tecnologia associada à avaliação do solo e das pastagens bem como ao controlo dos animais, permite monitorizações, quer nas parcelas, quer remotas, com as quais se podem obter informações que possibilitam a agricultura e pecuária de precisão. No projeto SUMO temos duas tarefas ligadas a estas temáticas para que se façam intervenções e se criem processos de tomada de decisão mais informados (ex. aplicações de fertilizantes diferenciadas por zonas das parcelas, decisões sobre o pastoreio que permite uma maior e melhor regeneração da pastagem). Os objetivos finais destas tarefas passam por controlar e gerir mais eficazmente o pastoreio (usando uma aplicação informática em desenvolvimento no projeto) e otimizar as intervenções nas parcelas de forma a promover a conservação do solo e aumentar a produtividade e qualidade da pastagem no longo prazo, reduzindo custos (Figura 2).

Na produção animal no Montado ainda há bastante a melhorar no que respeita à fertilidade e prolificidade (no caso dos suínos) dos animais. No SUMO está a decorrer uma tarefa que pretende identificar e validar marcadores genéticos e não genéticos de fertilidade ou prolificidade em ovinos Merinos, bovinos de raça Preta e Garvonesa, equinos da raça Sorraia e suínos Alentejanos e que tem como objetivo final um incremento da produtividade na produção de através da identificação, escolha e uso de reprodutores com maior potencial para aumentar a fertilidade ou prolificidade nas diferentes raças.

Por questões ligadas ao maneio e à qualidade da carne e produtos transformados, a castração cirúrgica é correntemente praticada na produção de suínos de Raça Alentejana. Face às pressões para a eliminação desse procedimento, por razões de bem-estar animal, há que preparar alternativas viáveis. No SUMO estamos a estudar protocolos de imunocastração de machos adaptados à raça e ao seu sistema de produção e a avaliar o seu impacto na qualidade da sua gordura e da sua carne (Figura 3).

Biodiversidade

A exploração intensiva no agroecossistema Montado tem levado à homogeneização da diversidade e estrutura vegetal, com perda da diversidade funcional. No projeto SUMO, na vertente da biodiversidade, estão a ser recuperadas manchas de vegetação espontânea em zonas de pastoreio animal, que visam promover a biodiversidade e a diversidade funcional, potenciando a resiliência dos ecossistemas. Posteriormente, será avaliado o seu impacto ambiental e no ecossistema Montado (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de julho 2024

Agradecimentos: Este trabalho foi financiado pelo Projeto SUMO: Sustentabilidade do Montado(PRR-C05-i03-I-000066), Investimento apoiado pelo PRR – Plano de Recuperação e Resiliência e pelos Fundos Europeus NextGeneration EU. Agradecemos também a todos os proprietários, gestores e colaboradores das explorações onde estão a ser levadas a cabo diversas ações das diferentes tarefas.

Autoria: Rui Charneca, Elisa Bettencourt e Jordana Lopes
Universidade de Évora MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento