Um Programa de Conservação e Melhoramento Animal visa preservar a diversidade genética e melhorar as características produtivas e adaptativas de populações animais. Esse Programa é essencial para manter a sustentabilidade e a resiliência dos sistemas de produção.

Portugal ainda que tenha uma área geográfica reduzida, possui uma diversidade de clima, de tipos de produção, de condições edafo-climáticas que ao longo de centenas de anos fizeram com que se fixassem neste território inúmeras populações de animais de produção em comunhão com a natureza e com as populações que deles tomam conta e dos quais tiram o seu sustento. Esta diversidade faz com que existam, na atualidade, reconhecidas pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

63 raças autóctones, registadas no catálogo oficial das raças autóctones portuguesas. Este catálogo inclui toda a informação sistematizada sobre as 63 raças autóctones de animais em Portugal: raças autóctones portuguesas de Bovinos (16), Ovinos (16), Caprinos (6), Suínos (3), Equídeos (6), Galináceos (4), Peru (1) e Canídeos (11).

Por forma a acompanhar, conservar e melhorar as raças autóctones são estabelecidos Programas de Conservação e Melhoramento Animal, que visam preservar a diversidade genética e melhorar as características produtivas e adaptativas de populações animais. Estes programas são essenciais para a manutenção da sustentabilidade e a resiliência dos sistemas de produção com animais destas raças, e devem incluir:

1. Conservação Genética

Identificação e Avaliação de Recursos Genéticos: Identificando os indivíduos, mapear e avaliar as populações existentes.

Banco Português de Germoplasma Animal: Armazenamento e identificação de produtos germinais (Sémen, Óvulos e embriões) e ADN, das nossas raças autóctones. A nossa “Arca de Noé”.

Conservação In Situ: Manutenção dos animais nos territórios onde os mesmos são originários.

Conservação Ex Situ: Crioconservação de produtos germinais, no BPGA. E manutenção de reserva genética em animais vivos criados e mantidos fora dos territórios de onde são originários.

2. Melhoramento Genético

Seleção de Reprodutores: Escolher animais com características desejáveis para reprodução, e perpetuação dessas características nas gerações futuras.

Programas de Cruzamento: Orientação de cruzamentos controlados para combinar características favoráveis.

Tecnologias Reprodutivas: Inseminação artificial, transferência de embriões, clonagem.

Avaliação Genética com recurso a técnicas de análise de ADN: Utilização de dados genéticos para melhorar a precisão na seleção.

Testes de Performance: Avaliação regular dos animais para medir características como ganho de peso, produção de leite, produção de lã ou qualidade da carne.

3. Gestão de Livro Genealógico

Registo e Acompanhamento: Manter registos detalhados das genealogias, desempenho produtivo e características dos animais.

Avaliação de Consanguinidade: Evitar cruzamentos consanguíneos para manter a variabilidade genética.

Avaliação do Programa de melhoramento: Avaliar os resultados dos programas de melhoramento e ajustar as estratégias de melhoramento aos objetivos pretendidos.

4. Educação, Divulgação, Promoção

Formação de Produtores: Capacitar produtores sobre técnicas de conservação e melhoramento.

Divulgação de Informações: Disseminar informações sobre as raças e os resultados dos programas de melhoramento (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de agosto/setembro 2024

Autoria: Pedro Vieira, Gabinete de Recursos Genéticos Animais, DGAV