A tecnologia SLECI explora a utilização da irrigação auto-regulável, de baixa energia e à base de argila – uma técnica de irrigação sub-superficial auto-regulável que utiliza a força de sucção real do solo circundante para regular a libertação de água do sistema.

Os resultados preliminares do projeto PRIMA: MED-WET, que conta com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), numa parceria entre a UBI (instituição coordenadora nacional) e o Município do Fundão, foram apresentados durante a Tertúlia da Cereja – Cereja 4.0: no Caminho da Modernização, tendo sido destacado o valor estimado de poupança de 30% do consumo de água nos sistemas de irrigação instalados em duas explorações piloto, fazendo uso da tecnologia SLECI*, sitas no Campo Experimental do Seminário do Fundão (produção de cereja) e numa exploração privada localizada em Mata da Rainha (produção de pêssego).

A tecnologia SLECI explora a utilização da irrigação auto-regulável, de baixa energia e à base de argila – uma técnica de irrigação sub-superficial auto-regulável que utiliza a força de sucção real do solo circundante para regular a libertação de água do sistema. A água é transferida para o solo através de elementos de argila colocados a uma determinada profundidade junto às raízes da cultura. O SLECI funciona com uma pressão hidráulica baixa e a quantidade de água libertada depende de fatores como o tipo de solo e o teor de humidade do solo.

O efeito autorregulador é causado pela tensão de sucção em constante mudança no solo. Quando o solo circundante está seco, a tensão de sucção aumenta e o sistema libertará um maior volume de água. O conceito-base, a produção e a instalação são simples e, por isso, adaptáveis a ambientes rurais, poupando água e energia.

Neste sentido, apresenta-se uma breve resenha da análise de eficiência comparativa, realizada em três dos países da bacia mediterrânica envolvidos no projeto, designadamente em Portugal, Malta e Marrocos, onde foi instalada e testada a já referida tecnologia SLECI, em diferentes contextos de sistemas de produção e irrigação gota-a-gota.

Assim, em Portugal, no que respeita à produção de cereja cabe destacar o efeito positivo e estatisticamente significativo do fluxo de água sobre a eficiência do sistema de irrigação, com o SLECI acoplado, que foi detetado na estimação do modelo semi-normal, não obstante este ser negativo no modelo exponencial e na forma truncada. Por seu turno, para o parâmetro respeitante ao termo desfasado da temperatura média não foi detetada qualquer significância estatística associada nas especificações dos modelos selecionados.

No caso de Malta, a mesma tecnologia de irrigação foi testada com sucesso para vinhas velhas, constatando-se relações de tipo positivo e estatisticamente significativas para os parâmetros: temperatura média; comprimento do rebento; e largura da folha. Por seu turno, para os parâmetros: rebentos laterais; e comprimento da folha; detetaram-se relações de tipo negativo com a eficiência do sistema de irrigação, na quase totalidade dos modelos estimados. Em Marrocos, o piloto SLECI instalado em olivais, permitiu obter evidências de que a temperatura média e o comprimento do fruto surtiram efeitos negativos e estatisticamente significativos sobre a eficiência do sistema de irrigação com acoplagem do SLECI. A largura do fruto apresenta um efeito misto, ou seja, positivo no método ordinário dos mínimos quadrados e nos métodos semi-normais e exponenciais, apesar de ser negativo no modelo truncado (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de julho 2024

Autoria: João Leitão, UBI, NECE
jleitao@ubi.pt

*Mais informações sobre a tecnologia SLECI podem ser consultadas aqui:
https://www.medwet-eu.com/technology