A Corylus, Associação Nacional de Promoção da Aveleira, realizou no início de julho o II Open Day “A Cultura da Aveleira”, na Quinta da Avelã, Castelo Novo, no concelho do Fundão.

Gestão do Solo e Fertilização na Aveleira, Sanidade, Mecanização do Avelanal, Organização da Produção no Chile, a mesa-redonda – Oportunidades de negócio para a fileira, foram os temas que fizeram parte da iniciativa. O final do dia ficou preenchido com a visita de campo à Quinta da Avelã.

A Corylus, Associação Nacional de Promoção da Aveleira, é uma jovem associação, constituída durante o ano de 2023, que tem por objeto promover e desenvolver a fileira da aveleira. Rui Droga, presidente da Corylus, realça que um dos principais objetivos do Open Day é aumentar o conhecimento sobre a aveleira. “Há muita falta de informação técnica, porque a cultura esteve ‘abafada’ com os outros frutos de casca rija, que sempre tiveram mais palco. A amêndoa, a castanha e, mais recentemente, o pistacho têm recebido mais atenção, deixando a aveleira como o parente pobre dos frutos de casca rija”, sublinha Rui Droga.

Com a criação da Corylus, a associação visa mudar esta realidade e dar à aveleira o destaque que merece.

Rui Droga destacou também os benefícios da avelã, acreditando que apesar do longo caminho a percorrer, “a aveleira pode ocupar um lugar de maior relevância no setor dos frutos de casca rija”.

A mesa-redonda sobre as Oportunidades de Negócio para a fileira da Aveleira contou com a moderação de Paulo Gomes, diretor da Revista Voz do Campo e com a participação de Nuno Serra – secretário-geral da Confagri, Carlos Silva – vice-presidente do CNCFS, Gonçalo Andrade – presidente da Portugal Fresh e António Saraiva – diretor executivo da Portugal Nuts.

Nuno Serra, secretário-geral da Confagri, começou por expressar o seu agrado ao acompanhar o início da Corlyus. O dirigente reforçou que a união e a cooperação são os princípios fundamentais para se alcançar uma maior competitividade no mercado e facilitar a comercialização dos produtos. O secretário-Geral da Confagri destacou ainda que, “embora as quantidades produzidas no Norte do Tejo ainda estejam longe dos grandes players mundiais, temos produto de boa qualidade (…). A qualidade do produto é um ponto de partida para a criação de valor”.

Nuno Serra sublinhou que o investimento é crucial para o desenvolvimento do setor da aveleira. Este investimento não deve partir apenas dos beneficiários, mas também deve ser estimulado pelo apoio público.

No final da sua intervenção, o secretário-geral, comparou o rácio de associação em Portugal com o de Espanha, apontando que, enquanto em Portugal o rácio é de 20%, em Espanha 69% do Produto Interno Bruto passa por cooperativas. “Isto é outro défice estrutural do nosso setor: é preciso juntar mais para conseguirmos competir de igual para igual”, terminando ao mesmo tempo que “a fileira da aveleira tem todo o potencial para ter uma história”.

Por sua vez, Carlos Silva iniciou a sua intervenção explicando a missão do CNCFS, que envolve a colaboração com várias organizações no setor dos frutos secos. Esta colaboração visa fortalecer a produção e comercialização dos frutos secos em Portugal. Sobre as oportunidades do setor da avelã, Carlos Silva relembrou a visita de 2018 à sede da Ferrero (em Itália) um dos maiores players do mercado mundial da avelã. “A Ferrero é a segunda maior empresa de chocolates do mundo, a seguir à Nestlé”, destacou. Durante a visita, foi possível aprender com os melhores sobre produção, compra e venda de avelãs.

A Turquia lidera a produção mundial com 65%, seguida pela Itália com 11%, Azerbaijão com 5%, e os restantes 19% distribuídos por outros países.

Um ponto crucial observado na visita foi a organização dos produtores italianos. Nenhum produtor com menos de 10 hectares possui máquinas próprias, em vez disso, trabalham em agrupamentos de produtores para adquirir os equipamentos necessários e recebem assistência técnica das cooperativas ou associações. “A Ferrero compra praticamente toda a avelã disponível no mercado mundial e oferece formação aos técnicos das cooperativas, garantindo um contrato de escoamento de produto por vinte anos”, explicou Carlos Silva. Atualmente, entre os frutos secos representados pelo CNCFS, a avelã e o pistacho são as culturas com menor área, mas com grande potencial de crescimento e rentabilidade. “A cultura da avelã tem um enorme potencial de mercado e de rentabilidade para o agricultor”, afirmou.

Ao abordar a questão do investimento, Carlos Silva sublinhou que este deve ser definido pelo investidor e não por decreto. “É importante que o poder político ouça as confederações, organizações, cooperativas e centros de competências, adaptando a legislação às necessidades do setor (…), se fizer isso, já está a ajudar muito”, apela, sublinhando “se já temos uma série de problemas como as pragas, doenças, falta de água, o mercado, temos de ter condições e ferramentas para poder trabalhar” (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de agosto/setembro 2024


Saliente-se que a Revista Voz do Campo foi media partner e transmitiu em direto o II Open Day “A Cultura da Aveleira”. Reveja a transmissão:


Recorde a grande entrevista à Corylus publicada na edição de maio de 2024:

Corylus-ANPA quer tornar mais resiliente a fileira emergente da aveleira