Duas empresas portuguesas de base florestal foram reconhecidas em 2024 pelas suas boas práticas e consideradas como as mais sustentáveis do mundo nas suas áreas de atuação. A antecipar o Dia Nacional da Sustentabilidade, que se assinala a 25 de setembro, Portugal conheceu também a sua avaliação no caminho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Duas empresas portuguesas do sector florestal destacaram-se como referências mundiais de sustentabilidade nas suas áreas de atuação. São elas a The Navigator Company e a Amorim, duas indústrias nacionais de referência na gestão da floresta e na criação de produtos dela derivados – pasta, papel e soluções em cortiça.

Em julho, a Navigator foi considerada a empresa mais sustentável do mundo nos sectores da floresta e papel e da pasta e papel, posicionando-se em primeiro lugar nestas áreas de atividade no ESG Risk Rating 2024 da Sustainalytics.

No mês anterior, a corticeira Amorim tinha sido reconhecida como a referência global entre as indústrias mais sustentáveis do mundo em produtos para vinhos, pela World Finance Magazine.

Também em junho foi publicado um novo relatório que avalia o caminho percorrido pelos vários países membros das Nações Unidas para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (17 ODS). Portugal conseguiu o 16.º lugar de entre 167 nações avaliadas.

Navigator: a mais sustentável do mundo no sector da floresta e papel

A Navigator ficou em primeiro lugar no ranking de sustentabilidade entre mais de 80 empresas do grupo das indústrias de “Paper & Forestry”, com uma pontuação de 11,7, na avaliação feita pela Sustainalytics, empresa líder em pesquisa e classificação de sustentabilidade, que fornece dados a investidores e empresas de todo o mundo, ajudando-os a integrar nas suas decisões os fatores e riscos ambientais, sociais e de governação corporativa (ESG – Environmental, Social, Governance).

Este reconhecimento tem, assim, em conta os três pilares de avaliação da sustentabilidade – indicadores ambientais, sociais e de governo das sociedades –, medindo o grau de compromisso das organizações relativamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o seu desempenho em matéria de sustentabilidade no quadro europeu das finanças sustentáveis.

Os indicadores avaliados – mais de 70 – abrangem as decisões sobre a gestão da empresa, os seus investimentos e o desenvolvimento de produtos e serviços; a gestão do capital humano, a segurança e saúde de colaboradores, assim como com as relações com as diferentes comunidades, incluindo acionistas, parceiros, fornecedores e demais stakeholders; e a gestão de recursos naturais e ambientais, de resíduos e efluentes, como por exemplo o uso da terra, a proteção da biodiversidade e as emissões de carbono.

Com esta avaliação de desempenho, a Navigator é reconhecida como a empresa do sector da floresta, pasta e papel com menor exposição aos riscos ESG a nível global e fica posicionada entre as melhores a nível mundial (top 5%) em termos de sustentabilidade, considerando todos os sectores de atividade.

Recorde-se que nos últimos anos a Navigator tem sido igualmente colocada entre as melhores do mundo (rating A ou A-) em áreas como “Alterações Climáticas” e “Florestas”, pela CDP – Disclosure Insight Action, uma organização global sem fins lucrativos que incentiva empresas, cidades, estados e regiões a reduzir os seus impactes ambientais, incluindo emissões de carbono, e a preservar os recursos, nomeadamente recursos hídricos e as florestas.

Corticeira Amorim: a mais sustentável do mundo na criação de produtos para vinhos

A Corticeira Amorim destacou-se entre as empresas mais sustentáveis do mundo com soluções para o sector dos vinhos – categoria “Wine Products Industry”. O galardão foi atribuído pela revista World Finance e reconhece as organizações com melhores estratégias e práticas na promoção da sustentabilidade em toda a sua cadeia de valor.

As rolhas de cortiça são a face mais visível deste prémio de produtos para vinhos, mas o reconhecimento estende-se às práticas e processos que permitem a sua produção, desde a gestão e proteção dos sistemas de montado, à gestão eficiente dos recursos naturais, passando pela circularidade de processos e pelo contributo das rolhas para a descarbonização da indústria vinícola.

Recorde-se que este é o quinto ano que a Corticeira Amorim é reconhecida com este prémio, num total de seis edições.

Mas nem só as rolhas mereceram distinções à Corticeira Amorim, já que a empresa tinha recebido pouco antes o Prémio Nacional de Sustentabilidade na categoria de Economia Circular (Grandes Organizações) com o projeto Cork Infills, que apostou no aproveitamento de fragmentos de cortiça como nova solução orgânica – e alternativa aos plásticos e borrachas – para o enchimento de relvados artificiais, nomeadamente em grandes superfícies relvadas, como os campos desportivos.

Portugal em 16.º entre 167 países no Índice de Desenvolvimento Sustentável

Pela altura em que as duas empresas portuguesas foram reconhecidas, a avaliação do Sustainable Development Report 2024 atribuiu a Portugal 80,22% no caminho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, uma marca praticamente igual à do ano anterior (80,24%), mas que revela um percurso positivo desde 2000, ano em que a avaliação portuguesa se fixara nos 71,55%.

100% equivaleria a que todos os 17 ODS estivessem alcançados, mas nenhum país pontuou acima dos 87%. Na liderança desta lista posicionou-se a Finlândia (86,35%), seguida da Suécia (85,70%) e da Dinamarca (85,00%). Até à 17.ª posição encontram-se unicamente países europeus e o lugar seguinte cabe ao Japão, já abaixo dos 80%.

Apesar de ter lugar no top 20 deste ranking, a avaliação considera que Portugal estagnou no caminho para alcançar alguns dos objetivos que mais diretamente se relacionam com a natureza e as florestas, nomeadamente com os ODS 14 “Proteger a Vida Marinha” e 15 “Proteger a Vida Terrestre”. Ainda assim, foram feitos alguns progressos noutros Objetivos, a exemplo do ODS 13 “Ação Climática”, e o país está no bom caminho para progredir em vários outros, como o ODS 7 “Energias Renováveis e Acessíveis”.