No último dia da Feira de Inovação Agrícola do Fundão, a mesa-redonda “Inovar na Comunicação: O Setor Agrícola Agradece”, organizada pela Revista Voz do Campo, reuniu especialistas e líderes de diferentes áreas para discutir como a inovação na comunicação pode fortalecer o setor agrícola.

O debate contou com a presença de Graça Mariano, em representação do MAPA- Movimento, Ambiente e Produção Alimentar, Pedro Santos, CEO da Consulai, João Gomes, diretor de Marketing da Voz do Campo, Alexandre Salgueiro, jornalista da CMTV, e Bruno Costa, técnico agrícola na Cova da Beira e produtor pecuário, com moderação de Paulo Gomes, CEO da Voz do Campo.

Na abertura da sessão, Paulo Gomes refere a importância de fomentar uma melhor comunicação no setor agrícola.

“O setor agrícola evoluiu bastante, impulsionado pela inovação e tecnologia, mas ainda carece de uma comunicação eficiente que combata a desinformação”, disse, apontando que o objetivo da mesa-redonda “é precisamente trazer ideias que ajudem a inovar na comunicação neste contexto vital para a vida e alimentação”. Nesse sentido, os palestrantes procuraram responder a questões como: Estão as empresas a comunicar devidamente? Qual tem sido a preocupação das empresas em comunicar? O que se pode fazer para que o consumidor esteja mais informado? Qual o papel das Escolas? O que se pode fazer para atrair mais jovens ao setor?

Graça Mariano, na sua intervenção, frisa a necessidade de uma comunicação mais eficaz, sublinhando que, apesar da presença de grandes empresas com gabinetes de comunicação, ainda há uma falta de informação e compreensão sobre a produção agrícola. A dirigente, que também é veterinária, lamenta o “ruído” negativo em torno da agricultura e da criação de animais. Graça Mariano defende a ideia de que a comunicação deve focar não apenas na rotulagem dos alimentos, que é obrigatória, mas também sobre os benefícios nutricionais que eles oferecem.

Por sua vez, Pedro Santos, afirma que, embora a comunicação tenha ganho preponderância, ainda há muitas empresas agrícolas “que comunicam de forma muito reativa”, exemplificando que muitas organizações “estão mais preocupadas em comunicar para dentro do setor, com informação mais técnica, do que com outro tipo de linguagem”. Para além disso, e especialmente nas pequenas explorações agrícolas, a comunicação é quase inexistente, com pouca presença nas redes sociais e nenhum departamento dedicado. “Aqui, há claramente, muito a fazer”, considera.

Já João Gomes, reforça a necessidade de uma comunicação simples e credível, destacando que a Voz do Campo tem trabalhado nesse sentido, mas que ainda pode fazer mais.

O jornalista da CMTV, Alexandre Salgueiro, menciona que embora algumas associações agrícolas estejam conscientes da importância da comunicação, ainda há uma lacuna significativa, especialmente nas pequenas empresas que não possuem departamentos de comunicação. O jornalista sugeriu que as associações de produtores desenvolvessem departamentos de comunicação para uniformizar e fortalecer a sua comunicação, tanto na imprensa, como nos sites e plataformas digitais e remata: “Não só para divulgação da informação, mas também da própria promoção daquilo que é atividade agrícola e pecuária”.

Bruno Costa, trouxe a perspetiva do campo, apontando que os agricultores frequentemente são bombardeados com muita informação, com a “visita de muitas empresas, revistas (…) e acaba por ser um pouco confundido”. Bruno Costa defende uma comunicação “mais cuidada e que seja adaptada à própria região” (…).

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