Garantindo o bem-estar animal o produto final tem sempre uma qualidade acrescida

“O bem-estar animal começa pela prevenção. Trabalhamos sempre de mão dada com outros setores, como a medicina veterinária (…). Garantir que o animal tenha o maior bem- -estar possível, para que também o produto que nos chega ao prato, o consumidor possa ter a certeza de que não houve sofrimento implicado durante a produção. Temos muitos temas nos quais trabalhamos, mas o bem-estar animal, diria, que liga todos, porque sem ele não é possível termos produção animal (…).

Garantindo o bem-estar animal, o produto final, seja leite, carne, ou outro, tem sempre uma qualidade acrescida”.

“Os Congressos são muito úteis para mudar a forma de ver este setor na comunidade”

“As pessoas que têm entrado no primeiro ano de licenciatura, são cada vez menos. Isto está muito associado ao ceticismo, de ser um visto como um setor pobre, o que não é verdade. A falta de informação é o principal problema (…). Estes Congressos são muito úteis para mudar a forma de ver este setor na comunidade (…).

A situação no futuro é um pouco preocupante, porque tenho medo de que com a falta de desinteresse das pessoas e com a falta de interesse nos cursos, se vá perdendo um bocadinho a agricultura”.

“O nosso papel é juntar a academia à indústria”

“O ZOOTEC é o nosso evento mais antigo. É um evento que tentamos realizar anualmente. Este ano ao contrário do habitual, trouxemos o Congresso para a indústria e foi isso que o tornou um bocadinho diferente. Quisemos aproximar a indústria do Congresso (…). Temos sempre palestras focais de temas essenciais da zootecnia, algumas mais do momento, como esta da inteligência artificial, outras que são o foco da zootecnia como o melhoramento animal, nutrição animal (…).

Este ano quisemos aproximar-nos da realidade do terreno (…) claro que as instituições de ensino são essenciais até porque o ZOOTEC é muito para investigadores. Temos aqui os investigadores a apresentar todos os seus trabalhos, todos os seus estudos dos últimos anos, por isso nós queremos estar sempre perto da academia. Mas, o nosso papel é juntar a academia à indústria (…) porque não faz sentido estarmos a fazer investigações que não vão fazer sentido para a produção. Nesse sentido, acreditamos que fazer um ano o Congresso junto da produção, um ano junto da indústria, um ano junto das instituições de ensino, será muito melhor para todo o setor”.

Transformar o CEMTIR Merino num centro de inteligência artificial

“Este Congresso é onde se juntam os engenheiros zootécnicos, veterinários (…) onde se debatem temas e que se discutem assuntos importantes relativos à zootecnia e que no permitem avançar, que nos permitem ver coisas novas e que nos permitem olhar para os temas de formas novas (…). Tive especial interesse em vir a este Congresso, pelo tema, a inteligência artificial. Porque o nosso objetivo, no âmbito do CEMTIR MERINO (Centro de Melhoramento, Tecnologia, Inovação e Reprodução da Raça Merina), é transformar aquilo num centro de inteligência artificial. Queremos utilizar a inteligência artificial para todos os processos que ali queremos criar (…) queremos utilizar estas novas tecnologias e implementá-las através de diversas formas”.

Zootecnia de precisão vai definir o futuro do setor

“É um Congresso muito importante para a pecuária e para a zootecnia em Portugal, porque é um Congresso que reúne grande parte da academia, da indústria ligada à produção animal (…) é um Congresso muito interessante porque mostra o melhor que se faz da zootecnia em Portugal (…).

A inteligência artificial é uma pequena porção ainda da zootecnia e da atividade pecuária, mas no entanto pode ser englobada dentro de um conjunto maior que se chama: zootecnia de precisão. A zootecnia de precisão, neste momento é o tema deste Congresso e é de longe uma das áreas mais significativas para nós, ou seja, é determinante, porque a sua utilização pode determinar resolver problemas, como a falta de mão-de-obra, a maior eficiência na alimentação, o menor impacto ambiental (…) portanto a utilização de técnicas de zootecnia de precisão é algo que é muito muito novo, é muito recente nos currículos de zootecnia, mas extremamente importante e que vai definir o futuro da zootecnia para os próximos 10/15 anos e possivelmente mais além”.

“As Raças Autóctones podem ser o reservatório para as possíveis soluções que possam ser colocadas no futuro com os problemas das alterações climáticas”

“As Raças Autóctones neste momento são uma questão de soberania nacional, são consideradas património nacional (…) que têm apoios, nomeadamente, através dos fundos comunitários e do orçamento do Estado. Tanto são apoiados os seus criadores para manutenção das raças autóctones in sito como são também apoiadas as associações de criadores através dos seus planos de melhoramento genético para no fundo conservarem ou melhorarem estas raças autóctones. É um património que é considerado muito importante não só pelos países em si, mas também pela FAO uma vez que estas Raças podem ser o reservatório para as possíveis soluções que nos possam ser colocadas no futuro com os problemas das alterações climáticas (…) devemos ter animais mais adaptados a condições extremas e agressões externas, no fundo, para termos a sustentabilidade dos ecossistemas e para termos a segurança alimentar que precisamos para nos alimentarmos”.

“Há uma necessidade de transferência de conhecimento”

“Estamos num Congresso com uma participação bastante interessante em número de inscritos (…) ver a resposta tão positiva de tantas pessoas, de várias origens, quer da comunidade académica, das associações, bem como de empresas é sempre gratificante e percebe-se que o nosso trabalho tem interesse e é chamativo (…). Temos um Congresso com uma parte mais técnico-científica em ambiente de auditório e sempre tivemos uma parte de visitas que são um complemento interessante, porque muitos de nós vimos de realidades diferentes, ver uma realidade produtiva aqui no Norte é diferente e vice-versa quando o evento é no Sul (…) portanto é sempre interessante perceber e ter uma noção talvez mais real. Há uma necessidade de transferência de conhecimento (…) este tipo de eventos favorece isso, sobretudo quando há uma participação de alguns produtores, muitos deles representados pelas associações de produtores das várias Raças e que seguramente vão transmitir depois aos criadores algumas das coisas que foram faladas e mostradas (…) portanto é sempre uma mais-valia nesse processo de transferência de conhecimento” (…).

→ Leia este e outros artigos completos na reportagem especial do ZOOTEC’24: XXIV Congresso Nacional de Zootecnia na Revista Voz do Campo – edição de dezembro 2024, disponível no formato impresso e digital.

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Reportagem em direto: ZOOTEC’24 (XXIV Congresso Nacional de Zootecnia)

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