São incontornáveis os desafios que o setor da Pera Rocha enfrenta, resultado de três colheitas consecutivas com produção muito inferior ao potencial produtivo. Os produtores têm batalhado para ultrapassar a situação, não apenas porque a Pera Rocha continua a ser um dos principais motores de desenvolvimento do Oeste Agrícola, mas também pelo peso histórico que o fruto desempenha no setor primário do país. Este produto exclusivo, reconhecido pela sua qualidade e sabor único, conquistou espaço nos mercados internacionais e tornou-se um verdadeiro embaixador do “sabor de Portugal”.

A Pera Rocha é sem dúvida um dos maiores ícones da fruticultura portuguesa, sendo um reflexo do empenho e da competência dos agricultores do Oeste de Portugal. Este produto exclusivo, reconhecido pela sua qualidade e sabor único, conquistou espaço nos mercados internacionais e tornou-se um verdadeiro embaixador do “sabor de Portugal”. Frequentemente, a Pera Rocha é identificada como “o único produto português” presente em diversos supermercados internacionais, evidenciando a sua relevância global.

A Campanha 2023/2024: Exportação para 23 países de três continentes

Durante a campanha 2023/2024, os associados da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha, que representam cerca de 90% da produção nacional, colheram aproximada- mente 107 mil toneladas de frutos, das quais 58% foram destinadas à exportação.

Na prática, durante a campanha, saíram do Oeste cerca de 2800 camiões carregados de Pera Rocha com destino a 23 países de três continentes. Este fluxo constante – aproximadamente 60 camiões por semana – reafirma a importância económica do setor.

Entre os principais mercados destacam-se Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, Brasil e Marrocos. O Brasil, em particular, absorveu mais de um quarto do total exportado, onde a Pera Rocha é comercializada como “Pera Portuguesa” e apreciada como um produto premium. Além disso, o fruto também alcançou mercados desafiadores, como Líbia e Canadá, este último uma alternativa estratégica devido às restrições comerciais impostas pelos EUA às peras europeias.

Trinta Anos de História: De Desafio Local à Conquista Global

O sucesso da exportação da Pera Rocha é fruto de uma jornada iniciada nos anos 90, num contexto de baixa produção de peras na Europa, mas de boa produção em Portugal. Vários produtores organizaram-se, dando origem à própria ANP, realizaram contactos exploratórios e marketing e tendo capacidade de adaptação às exigências do mercado inglês e à oferta em quantidade e qualidade.

Um dos episódios mais emblemáticos que impulsionou as exportações ocorreu por acaso: uma caixa de Pera Rocha foi enviada por engano a um importador britânico. Peter Richardson, então um jovem técnico da empresa, ficou impressionado com a firmeza e o sabor do fruto, além da sua resistência à conservação. Richardson não apenas investigou a origem das peras, mas também visitou Portugal, convencendo a sua empresa a apostar no produto. Desde 1993, o Reino Unido tornou-se um dos principais mercados para a Pera Rocha, impulsionando a modernização e a organização dos produtores portugueses. Importadores franceses procuraram também em Portugal uma solução para atender à procura crescente, dando o primeiro passo para a internacionalização do fruto.

Novos Horizontes e Oportunidades

A expansão para mercados até então pouco explorados, como Líbia e Canadá, demonstra a capacidade de adaptação dos produtores portugueses. Além disso, a colaboração com grandes cadeias de distribuição, como o Lidl Portugal, foi crucial para alavancar as exportações. Em 2023, o Lidl auxiliou centenas de produtores nacionais a exportar 22,3 mil toneladas de frutas e legumes, dos quais cerca de metade foram de Pera Rocha do Oeste DOP, para nove países europeus.

Essa sinergia com a grande distribuição não apenas amplia a presença dos produtos portugueses no exterior, mas também contribui para a consolidação de Portugal como fornecedor de alimentos de alta qualidade.

O futuro da Pera Rocha

Apesar dos desafios que se têm colocado à produção, a procura que existe em relação à Pera Rocha nos mercados internacionais traz boas perspetivas de futuro. O horizonte para a Pera Rocha é promissor. Com mercados consolidados na Europa e na América Latina e um crescente interesse na África e América do Norte, os produtores continuam a investir em sustentabilidade, pesquisa e desenvolvimento para atender às exigências do mercado global.

Mais do que um produto de exportação, a Pera Rocha simboliza a identidade cultural e a capacidade de inovação do setor agrícola português. Como um verdadeiro património nacional, ela reafirma a excelência de Portugal no cenário global e abre caminho para novas conquistas.

Assim, a Pera Rocha continua a escrever a sua história de sucesso, conquistando paladares e mercados, e levando consigo o melhor da produção agrícola portuguesa.

→ Leia este e outros artigos completos na Revista Voz do Campo – edição de janeiro 2025, disponível no formato impresso e digital.

Autoria: ANP – Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha

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