A visão de Nuno Serra sobre o futuro do Setor Agrícola: Investimento e Organização como prioridades.

Durante o 11.º Encontro Nacional de Técnicos da CONFAGRI, a Revista Voz do Campo teve a oportunidade de conversar com Nuno Serra, Secretário-Geral da Confederação, sobre o presente e o futuro do setor agrícola em Portugal. Numa reflexão sincera e preocupada, destacou-nos as questões cruciais que ainda desafiam o setor, ao mesmo tempo que expressou otimismo e confiança nas potencialidades do país.

Nuno Serra, Secretário-Geral da Confagri

“Eu estou muito preocupado com a falta de investimento, e, neste momento, até com o decurso das novas políticas relativas ao financiamento”, afirmou Nuno Serra, referindo que a falta de investimento continua a ser uma preocupação central. Segundo ele, a atual situação exige mais ação para garantir que o setor possa prosperar nas próximas décadas.

Apesar dessa preocupação, o Secretário-Geral da Confagri não deixou de reconhecer os avanços recentes. “Ficamos bastante satisfeitos quando vemos que, nos últimos tempos, houve um aumento do rendimento dos agricultores”, disse. No entanto, o próprio também alertou para a importância de contextualizar esses números. “Um bocado, apesar de ser um bocado falacioso, porque isto tem a ver também com a incorporação de um conjunto de apoios extraordinários dos últimos dois anos, devido aos efeitos da pandemia, das guerras e tudo isso.”

Nuno Serra mostrou-se, contudo, esperançado com a atitude do setor. “Mas há, efetivamente, aqui uma vontade enorme do setor de crescer, de exportar mais, de fazer melhor, fazer diferente”, afirmou. Na sua opinião, a visão do setor agrícola é muito otimista e positiva, com um forte desejo de evoluir e inovar.

Contudo, o caminho a percorrer ainda é longo. “Eu acho que nós temos um grande percurso para percorrer. Portugal tem um grande espaço, porque tem excelentes agricultores, tem excelentes associações”, sublinhou Nuno Serra. Porém, destacou-nos um desafio importante: a organização da produção. “Temos que nos organizar mais, temos um déficit estrutural naquilo que é a organização da produção, e, portanto, compete também às políticas públicas.” Nas suas palavras, a organização é fundamental para o crescimento do setor.

Nuno Serra mencionou ainda a necessidade de políticas públicas que incentivem essa organização. “Mais uma vez, a terceira formação do PEPAC, por exemplo, retirou dinheiro da promoção das organizações de produtores”, afirmou, indicando uma área crítica onde o apoio está aquém do necessário. “Mas, tirando isso, eu penso que o setor quer voltar, está com muita vontade de trabalhar, quer ir muito para a frente”, reforçou.

Por fim, Nuno Serra fez um apelo claro às políticas públicas. “Esperemos ter políticas públicas que permitam mais investimento, permitam mais mecanismos de mitigação dos riscos, mais mecanismos para promover a organização da produção”, disse, destacando que o apoio do governo será essencial para garantir o sucesso do setor. “É isto que nós precisamos. Nós precisamos de ter um governo que nos acompanhe naquilo que são as nossas vontades”, concluiu.

Com uma visão otimista e um apelo claro à ação, Nuno Serra acredita que, com o apoio adequado, o setor agrícola português tem tudo para crescer e avançar. “Se o tivermos, o setor vai crescer, de certeza, porque os agricultores e as associações estão cheios de vontade de trabalhar e de crescer”, concluiu.

Assim, fica patente que o futuro do setor agrícola português depende de uma forte colaboração entre os agentes do setor e as políticas públicas, com investimento, organização e mitigação de riscos como fatores chave para o sucesso.

→ Mais desenvolvimento na Revista Voz do Campo (edição de abril 2025).

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