A empresa Fertiprado foi distinguida com o Prémio Nacional de Agricultura, na categoria da Inovação de Produto. Esta distinção foi atribuída à Gama Proterra da Fertiprado, constituída por misturas biodiversas que cumprem diversas funções e respondem a variadas necessidades do setor agrícola. Esta conquista, foi o motivo para conversarmos com José Freire, diretor comercial e marketing da Fertiprado.
O que significa para a Fertiprado o Prémio Nacional de Agricultura?
O Prémio Nacional de Agricultura é um prémio com elevado prestígio. Tem o alto patrocínio do Ministério da Agricultura e os painéis de júris reúnem nomes com inegável relevância para o sector agrícola.
Foram mais de 570 candidaturas e para a Fertiprado ser agraciada com este prémio foi uma enorme honra. Não trabalhamos para ganhar prémios, trabalhamos para acrescentar valor aos agricultores, mas todos gostam de ver o seu trabalho reconhecido. Nós não somos exceção.
É bom vermos reconhecido o esforço que colocamos na Investigação, na inovação. Acreditamos que esta é a base da nossa posição de liderança.
É um prémio de toda a equipa e que dedicamos aos agricultores, para os quais trabalhamos e com os quais aprendemos muito. Este prémio também é para eles.
O que diferencia a Gama Proterra de outras soluções agrícolas?
Não existem muitas soluções para interculturas, culturas de cobertura ou adubações verdes. As que existem são normalmente de uma só espécie e/ou muito genéricas e por isso, muitas vezes não respondem com eficácia às necessidades dos agricultores.
A Gama Proterra é um conceito diferente, novo e introduz uma abordagem inovadora e cientificamente validada para culturas de cobertura e biodiversidade funcional. Usar a biodiversidade como ferramenta agrícola é uma ideia genial. Com técnicas de “engenharia” desta biodiversidade, conhecendo bem as plantas com que trabalhamos, conseguimos combater infestantes em canteiros de arroz, controlar os nemátodos em parcelas para tomate ou batata, atrair polinizadores para as amendoeiras, resolver problemas de estrutura do solo na vinha, incorporar várias toneladas de matéria orgânica antes da instalação de um olival, evitar ataques de mosca branca nas laranjeiras ou até ajudar fileiras inteiras a atingir a neutralidade carbónica.
Estimamos que os 7 e os 8 mil hectares semeados no ano transato, produziram entre 30 e 36 mil toneladas de matéria orgânica, evitaram a compra de 430 a 600 toneladas de azoto e sequestraram 57 a 66 mil toneladas de CO2 equivalentes.
Estes são apenas alguns exemplos reais. A Gama Proterra é a primeira Gama completa de misturas funcionais. Cada mistura da Gama cumpre uma função, um objetivo específico como os dos exemplos acima e outros.
Esta Gama de misturas resulta de um longo trabalho de I+D, que começou há mais de 10 anos, e que desenvolvemos em parceria com diversas entidades do Ensino Superior, Institutos Públicos de Investigação, agricultores e outros parceiros do setor. E este trabalho continua. A produção de conhecimento nesta área é fundamental para continuarmos a desenvolver mais e melhores soluções.
Como as culturas de cobertura ajudam na melhoria do solo?
Protegem e melhoram o solo em todas as vertentes. Aumentam rapidamente o teor de matéria orgânica com todas as vantagens que daí advêm; melhoram a sua fertilidade também pela fixação de azoto que fazem as leguminosas; promovem a biodiversidade da macro e da microfauna do solo. É este o segredo desta gama: o solo é sem dúvida o primeiro beneficiário da Gama Proterra e isto tem consequências magníficas para as culturas principais.
Assim sendo, quais são as principais vantagens das soluções Proterra?
Ao reduzir a necessidade de herbicidas, fitofármacos e fertilizantes sintéticos, a Gama Proterra contribui para uma gestão mais eficiente dos custos das explorações.
As culturas beneficiam do aumento da fertilidade do solo, de um microbioma mais completo, equilibrado e saudável. Isto tem impacto também na sanidade das culturas. Voltemos ao exemplo do tomate para indústria: se tivermos uma parcela com nemátodos fitoparasitas, não a podemos utilizar, não temos rendimento dessa parcela. A gama Proterra Fumix tem duas soluções para evitar este problema, o FUMIX, que é uma mistura que controla os nemátodos por biofumigação, e outras misturas que controlam os nemátodos pelo reequilíbrio do bioma do solo. No arroz, cultura em que os herbicidas disponíveis são cada vez menos e cada vez mais caros, as soluções Proterra Multi ou Rotarroz reduzem drasticamente a necessidade de utilizar estes herbicidas. Em qualquer cultura, conseguir fazer um aporte rápido de 6 a 8 toneladas de Matéria Orgânica, com uma boa relação C/N (carbono/azoto), sem um produto como o Proterra N-Max é ou muito caro ou até mesmo impossível. Poder alimentar polinizadores durante muito tempo, com o Proterra Bee, permite ganhos de produção enormes em muitas culturas, como as amendoeiras ou outras fruteiras que dependam da polinização entomófila. Resolver um problema de encharcamento, melhorar a taxa de infiltração, a capacidade de retenção e de armazenamento de água no solo, é facilmente conseguido com o Proterra Structurator.
Os exemplos poderiam ser muitos mais e neste momento ainda há muitas oportunidades por explorar. Os benefícios são inúmeros, mas ainda existe um enorme trabalho de divulgação e de desenvolvimento por fazer. Continuaremos a fazer este trabalho, como sempre, de mãos dadas com os agricultores.
Como a Fertiprado está a alavancar novos mercados com a Gama Proterra?
O mercado da Gama Proterra é todo ele um mercado novo para a Fertiprado. Tradicionalmente trabalhávamos maioritariamente para o mercado da pecuária e de algumas culturas perenes.
A Gama Proterra tem aplicação em todo o setor agrícola. E este setor precisa de ferramentas deste género para conseguir os seus desígnios de sustentabilidade, resiliência e eficácia. Vamos continuar a enriquecer esta Gama com mais produtos, que respondam a diferentes necessidades de cada subsetor da agricultura. Estes produtos terão sempre por base as ferramentas que sempre usámos, a biodiversidade e as leguminosas e terão sempre como objetivo principal acrescentar valor às explorações agrícolas.
Qual é a visão da Fertiprado em relação à sustentabilidade na agricultura?
A nossa visão futura é igual à nossa visão presente e passada. A sustentabilidade da agricultura consegue-se com estas soluções, que usam principalmente o conhecimento, a biodiversidade, as leguminosas e a inovação para fazer agricultura com a Natureza e não contra a Natureza.
Usamos a biodiversidade e as leguminosas como ferramentas e isto beneficia a Natureza e esta devolve o que lhe damos em dobro, ou triplo. Isto aumenta a rentabilidade da atividade. Todos ganham: o agricultor, os nossos parceiros, a Fertiprado, a Natureza e a sociedade em geral. Haverá algo mais sustentável?
Ainda assim estamos envolvidos noutras áreas de investigação que trarão mais aportes à sustentabilidade da atividade agrícola. Sem revelar demasiado, e a título de exemplo, posso adiantar que estamos muito focados numa linha de investigação que envolve microrganismos benéficos que irão acrescentar valor aos nossos produtos. Este trabalho tem já alguns anos de desenvolvimento e neste momento já estamos seguros de que no curto/médio prazo, poderemos incorporar esta tecnologia em todas as nossas gamas. Estamos a trabalhar em vários projetos de I+D com diferentes instituições de investigação, Universidades, Institutos Públicos e Laboratórios Colaborativos. Sem inovação, não há futuro.
Qual o contributo da Fertiprado na evolução da agricultura em Portugal?
Somos uma PME, uma empresa de base familiar. Estamos conscientes que o trabalho que o engenheiro David Crespo iniciou há muitos anos, já chegou a muito lado, aos quatro cantos do mundo. Mas ainda há muito por fazer. Transformar um conceito em produtos, e os produtos em valor acrescentado implica um trabalho infindável: muita investigação, desenvolvimento, muita proximidade aos agricultores, muita exigência com a qualidade, muita divulgação, muito empenho. Mas vamos conseguindo, pouco a pouco, de mão dada com aqueles que em nós confiam, vamos apresentando trabalho e resultados.
Hoje, nos mercados onde atuamos pratica-se uma agricultura diferente. Mais eficiente na utilização dos recursos, mais competitiva, que gera externalidades positivas, que produz alimentos enquanto presta serviços ambientais. Isto é tudo mérito dos agricultores, mas a Fertiprado continuará a trabalhar para transformar os desafios da agricultura em oportunidades para todos e, desta forma, contribuir para uma agricultura mais eficiente, sustentável e inovadora.

“Esta distinção representa uma aposta decisiva na inovação e na sustentabilidade”
Recebeu esta distinção, em nome da Fertiprado, o engenheiro David Crespo, fundador da empresa. De acordo com o fundador da empresa, “esta distinção representa uma aposta decisiva na inovação e na sustentabilidade, reafirmando o nosso compromisso com a excelência e com o desenvolvimento do setor agrícola”.
O Prémio Nacional de Agricultura é uma iniciativa promovida pelo BPI, Correio da Manhã e Jornal de Negócios, que contou com o alto patrocínio do Ministério da Agricultura e Pescas e o apoio da PwC.
A entrega dos prémios realizou-se no dia 12 de fevereiro de 2025, em Lisboa, reuniu diversas entidades dos setores Agrícola, Agroindústria, Silvicultura e Pecuária e contou com a presença do Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes.
→ Leia este e outros artigos exclusivos na Revista Voz do Campo (edição de março 2025).