Como funciona o Seguro de Colheitas?
Filipe Charters, sócio gerente da Safe-Crop, uma empresa vocacionada para seguros agrícolas especializados, explica-nos em entrevista as vantagens e como funciona o seguro de colheitas.
O seguro de colheitas garante perdas de produtividade. Ou seja, se a terra não dá os kilos (ou as toneladas) previstas devido a fenómenos meteorológicos, o seguro paga.
Mas com margens apertadas como as da agricultura, faz sentido um seguro de colheitas?
Em épocas de margens apertadas, o seguro agrícola é ainda mais uma ferramenta. Não se pode correr riscos. Imagine uma margem de 5%, se houver uma perda total, um produtor irá demorar 20 anos a recuperar o investimento perdido. Perdeu tudo o que tinha investido, e em cada ano, com os 5% que tem de margem tem de pagar aquele ano mau.
É ao contrário do que se afirma: Quanto menores as margens, maior a necessidade do seguro.
Como funciona na prática, no concreto?
Como qualquer seguro. Tem de definir primeiro aquilo que quer proteger. Sabemos que é a colheita, mas como é que isso funciona em seguros? Simples. Tem de indicar quantos quilos ou toneladas costuma colher. E qual o preço associado a cada quilo. Por cada unidade perdida, a seguradora paga o valor pré-acordado. Há detalhes e limites se quiser ter apoio do IFAP, mas são coisas simples.
Tem também de indicar a região, se tem sistemas de proteção anti geada, anti granizo, etc.
Como é que sabem que se perdeu a cultura?
Habitualmente, através de peritagem efetuada por especialista credenciado. Este segue técnicas de amostragem para avaliar a dimensão do dano.
Nalguns riscos a Safe-Crop faz avaliação de danos com base em parâmetros. São seguros novos que funcionam da seguinte forma: se a temperatura subir, ou chover muito, de acordo com um parâmetro preestabelecido, a seguradora paga um montante pré-estabelecido.
O prémio é caro?
Não! A Safe-Crop é uma agência de subscrição – conseguimos bons preços para o Seguro de Colheitas. Além disso o IFAP, através de fundos comunitários, suporta parte do prémio.
É possivel comprar o seguro diretamente?
Sim. O Seguro de Colheitas pode ser contratado por produtores individuais ou entidades coletivas (neste caso, o IFAP dá uma maior bonificação).
Quais os riscos que protegem?
Depende das culturas. Não é uma resposta simples, nem tudo está disponível a todas as culturas, mas genericamente: ação de queda de raio, granizo, tornado, tromba de água, geada, queda de neve, chuvas persistentes, escaldão, desavinho, doenças e pragas, seca, javalis, etc. Oferecemos para algumas culturas a cobertura de preço (…).
O Seguro faz todo o sentido, mas há quem se queixe de dificuldades?
Se olharmos para o nível de proteção, se excluirmos a vinha, apenas 6% da produção nacional tem seguro. A vinha profissional (sublinho este ponto) tem valores a rondar os 100%, isto é, 100% da produção está segura, e o tomate de indústria a mesma coisa.
Porque motivo há essas disparidades? Como é que algumas culturas têm tamanho nível de proteção, contra outros que não têm nenhum?
A razão é muito simples: o seguro de vinha é muito flexível em termos de franquia, definição de sinistralidade e logo de preço. O tomate tem uma cobertura desenhada à medida. Nos outros casos o produto está fechado.
Leia este e outros artigos na Revista Voz do Campo, edição de novembro 2023.
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