A cultura do olival no Alentejo tem desempenhado um papel fundamental na economia e paisagem da região, destacando-se como uma atividade agrícola de grande relevância, não só pela produção de azeite de qualidade, mas também pela criação de emprego e preservação do meio ambiente.

Atravessamos um período de extrema importância para o setor olivícola, em que a modernização das técnicas culturais coloca o olival no centro das atenções do agricultor e o rendimento do produto final atrai a mira de grandes investidores. Nota-se, então, um pouco por toda a região do Alentejo, uma crescente preocupação por parte dos produtores com a qualidade do acompanhamento técnico que é feito nesta cultura, sabendo que cada tomada de decisão ao longo do ciclo impacta de forma direta a produção final.

Estamos perante uma campanha bastante exigente e marcada, por um lado, por dias com elevada precipitação, intercalados com dias quentes e outros com manhãs húmidas e tardes amenas, o que não só tem favorecido as condições para o desenvolvimento de doenças como a Spilocea oleagina (Olho de Pavão), como ainda obriga o agricultor a um esforço acrescido no que toca ao controlo de infestantes.

Por outro lado, temos presenciado um ano marcado por oscilações térmicas muito acentuadas, das quais acabam por resultar desequilíbrios hormonais que afetam o normal desenvolvimento das plantas, sobretudo em fases críticas como a floração, que se deu de forma heterogénea, verificando-se uma maior taxa de fecundação nas flores mais precoces em relação às mais tardias. Fica, então, a dúvida se plantas que estão nos primeiros anos produtivos poderão, ou não, adquirir esta tendência nos anos seguintes, ainda que não sofram estímulo para isso.

Esta problemática acaba por nos dificultar a execução de um planeamento estratégico de prevenção e combate a pragas como a Euphyllura Olivina (Algodão da Oliveira), a Prays oleae (Traça da Oliveira) e agora nesta fase, a Bactrocera oleae (Mosca da Azeitona), obrigando o agricultor a fazer um maior escalonamento dos “timings” de entrada na cultura para a realização dos tratamentos fitossanitários, utilizando por base o número de capturas observado nas armadilhas que utilizamos para monitorização destas pragas (…).

→ Leia este e outros artigos completos na Revista Voz do Campo: edição de agosto/setembro 2024 (especial Olival & Azeite)

Autoria: Pedro Mendes, Técnico Comercial da A Cano Associados