No âmbito do 13º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo, Fernando Martino, consultor chileno com 15 anos de experiência no setor, teve a oportunidade de partilhar a sua visão sobre os desafios enfrentados pelos produtores de mirtilos, especialmente médios e pequenos. À nossa reportagem Fernando Martino, que tem uma empresa de consultoria, especializada no controlo de gestão e operações no negócio dos mirtilos, trouxe um olhar profundo sobre a dinâmica da indústria, com ênfase nos pontos críticos que podem determinar o sucesso ou fracasso no negócio.
A visão do consultor chileno
Com uma vasta experiência, incluindo 15 anos como gerente comercial das duas maiores produtoras de mirtilos no Chile, Fernando Martino conhece bem os desafios da cadeia produtiva.
O consultor explica que, enquanto grandes grupos produtores controlam toda a cadeia de produção, desde o cultivo até a exportação, pequenos e médios produtores de mirtilo enfrentam margens estreitas e uma grande incerteza. “Muitos produtores entregam a fruta e não sabem o que acontece com ela, como é manejada, a que preço será vendida”, diz Fernando Martino. Assim, o consultor assessora esses produtores a entender melhor o seu negócio e a melhorar os processos operacionais, sem se envolver diretamente na parte técnica do cultivo. Fernando Martino destaca a importância de identificar os “pontos críticos” dentro da operação.
Um exemplo crucial mencionado foi o tempo entre a colheita da fruta e o resfriamento a zero, que impacta diretamente na qualidade final e no preço pago pela fruta.
Para Fernando Martino, é essencial que esses pontos críticos sejam melhorados para alcançar um resultado económico mais favorável. “Há 60 pontos críticos, onde se ganha dinheiro ou se perde”, afirma, referindo-se aos produtores em países como Chile e Peru, com longas distâncias de transporte.
No caso específico de Portugal, Fernando Martino afirma: “Se os primeiros contentores de mirtilos que saem de Portugal chegam à Alemanha com problemas, os alemães não dão muita oportunidade”, alerta. O consultor sugere que uma forma de melhorar essa situação seria garantir que a fruta fosse resfriada rapidamente após a colheita. Fernando Martino ainda frisou a importância de manter uma comunicação clara e eficaz com os clientes. “O produtor deve fornecer um reporte de qualidade para que o cliente saiba como sai a fruta e como ela chega”, enfatiza. O consultor também destaca que, no Chile, a fruta não é colhida quando as temperaturas ultrapassam os 30 graus, pois isso afeta negativamente a qualidade do mirtilo.
→ Leia a reportagem completa do 13º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo na Revista Voz do Campo – edição de abril 2025, disponível no formato impresso e digital.
Veja a entrevista exclusiva:
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Reportagem Voz do Campo: 13º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo