O panorama da cultura do arroz em Portugal

Atualmente, a quantidade de arroz produzida em Portugal ronda as 160.000 toneladas (média dos últimos 5 anos), ocupando a quarta posição na União Europeia, depois de Itália, Espanha e Grécia. Portugal apresenta-se como o país europeu com maior consumo de arroz per capita, com um valor de 16kg/ano. Para as condições agronómicas e climáticas nacionais, a subespécie de arroz melhor adaptada é a do tipo carolino, produzido nas proximidades dos estuários dos rios Tejo e Sorraia, Sado e Mondego.

A área orizícola em Portugal ocupa cerca de 28.000 hectares (média dos últimos 5 anos). Em Portugal, em 2022, foram cultivados cerca de 26.876 hectares para a produção de arroz (menos 7% que no ano 2021). A produção concentra-se nos vales do Tejo e do Sorraia (55%, 15.000 hectares), Sado (24%, 6.200 hectares) e Mondego (21%, 5.600 hectares). A área semeada com variedades carolino (longo A/japonica) corresponde a 77% dessa área; 12% com variedades agulha (longo B/indica), 10% com variedades de tipo médio e 1% com variedades de tipo redondo. A produção média nacional é de cerca de 6,0 toneladas por hectare.

Em termos de consumo, o arroz carolino representa uma quota de mercado na ordem dos 21,6%, o arroz agulha 46,1%, arroz cozido no vapor 10,5% e arroz basmati 13,5%.

Em Portugal, em 2022, foram semeadas 46 variedades de arroz diferentes, sendo 22 variedades do tipo Carolino, 13 variedades do tipo agulha, 8 variedades do tipo médio e 3 variedades do tipo redondo.

As 5 variedades mais semeadas em 2022 foram:

• Ariete (Carolino) – 18% da área

• Teti (Carolino) – 14,4% da área • Opale (Carolino) – 11% da área

• Luna Clearfield (Carolino) – 10,8% da área

• Ronaldo (carolino) – 9,5% da área

Todas estas variedades foram desenvolvidas por programas de melhoramento genético estrangeiros. Em Portugal, desde 2004 que se tem vindo a percorrer um caminho no sentido de criar variedades portuguesas de arroz.

O Programa Nacional de Melhoramento Genético de arroz – resultados já alcançados

Figura 1 – Campo de multiplicação de semente da variedade portuguesa de arroz carolino CARAVELA (em cima). Pacote demonstrativo de arroz CARAVELA, variedade em breve disponível no mercado (em baixo)

Com a construção da Agenda de Investigação e Inovação do Arroz, dinamizada pelo Centro de Competências do Arroz – COTARROZ e que contou com a participação dos agentes económicos do setor orizícola nacional, foi possível fazer um diagnóstico das principais necessidades deste setor, para as quais a investigação e inovação poderão trazer um contributo.Uma necessidade importante que foi diagnosticada prende-se com a inexistência de variedades portuguesas competitivas no mercado durante muitos anos, só colmatada muito recentemente com a inscrição de 4 variedades portuguesas desenvolvidas pelo Programa Nacional de Melhoramento Genético do Arroz do INIAV/ COTARROZ. No ano de 2021, os direitos para produção, venda e multiplicação, da mais recente variedade portuguesa – CARAVELA – foram vendidos à empresa LUSOSEM, comprovando o sucesso do trabalho desenvolvido (Fig 1).

A recente introdução de variedades portuguesas de arroz no panorama orizícola nacional tem sido possível porque, desde 2004, que o setor do arroz, juntamente com a investigação, uniu esforços para desenvolver um Programa de Melhoramento Genético, com o objetivo de criar variedades portuguesas de arroz (…).

→ Leia o artigo completo na edição de março 2023 da Revista Voz do Campo.

Autores:
Ana Sofia Almeida, Benvindo Maçãs2, Lourenço Palha1, António Jordão3, José Coutinho2
1 Centro de Competências do Arroz – Cotarroz
2 Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária – INIAV
3 Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, Ministério da Agricultura

Edição de março 2023