No âmbito do programa da área governativa da Agricultura e Alimentação, integrado na iniciativa “Governo Mais Próximo”, teve lugar, em Idanha-a-Nova, a sessão de contratualização dos Projetos I&D + i, a desenvolver sob o mote da iniciativa emblemática “Alimentação Sustentável”. Esta sessão, que materializa mais um passo na implementação da Agenda de Inovação para a Agricultura 20|30 “Terra Futura”, a qual está contemplada no Plano de Recuperação e Resiliência, contou com a participação do Primeiro-Ministro António Costa.
“Em sintonia com o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, a Agenda Terra Futura está a contribuir para a capacitação do setor, para a produção e aplicação de conhecimento e para a democratização do acesso à inovação e à tecnologia. Foi o que hoje comprovámos nesta sessão. Ou seja, esta Agenda procura responder aos desafios que os sistemas agroalimentares enfrentam à escala global e cuja superação nos convoca a todas e a todos. Por isso, estamos a trabalhar para garantir todas as condições favoráveis ao crescimento sustentável do setor. Um setor que garante alimentos e que alimenta o desenvolvimento socioeconómico do país”, afirmou a Ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, que, na sua intervenção, ilustrou a visão holística e integrada que está a nortear a execução dos diversos instrumentos.
Estando em causa um apoio de cerca de 4M€, foram contratualizadas seis candidaturas, envolvendo dezenas de entidades e evidenciando a importância da ligação do setor à sociedade, à academia, aos agentes do território e à administração pública:
RedFruit4Health – Dieta mediterrânica: promover a valorização e consumo de frutos vermelhos como promotores da saúde, apresentada pelo Instituto Politécnico da Guarda e que ambiciona desenvolver uma bebida funcional à base de frutos vermelhos, bem como vários menus saudáveis com produtos endógenos da região, integrando os mesmos nos setores da restauração, cantinas escolares e entidades públicas e avaliando os seus efeitos como promotores da saúde.
DM4you – Potencial da Dieta Mediterrânica no aumento da qualidade de vida: + saúde + sustentabilidade, apresentada pelo Instituto Politécnico de Portalegre e que pretende promover, sensibilizar e identificar a história de um povo através da tradição e dos hábitos culturais; fazer a avaliação bromatológica de cada produto identificado; eleger os produtos mais nutritivos a integrar nas sopas em cada época do ano; garantir a análise sensorial; efetuar o estudo em diferentes grupos etários para determinação do efeito do consumo de sopa e fruta na saúde destes grupos-alvo; e proceder à análise estatística e interpretação dos resultados.
Rede Nacional para a Alimentação Equilibrada e Sustentável, apresentada pelo FOOD4SUSTAINABILITY – Associação para a Inovação do Alimento Sustentável e que visa promover a mudança de comportamentos para uma alimentação saudável e sustentável; estudar e monitorizar os diferentes fatores que influenciam e fomentam uma boa adesão à Dieta Mediterrânica; criar uma estrutura de caracterização dos Sistemas Alimentares Territoriais, que apoie à decisão e definição de prioridades de intervenção e inovação no setor agroalimentar; e promover o trabalho em rede e articulação institucional das operações regionais e locais do Plano Nacional para a Alimentação Equilibrada e Sustentável.
Cogumelos do “Prado ao Prato”: Do Tratamento de Doenças do Metabolismo a Dieta Saudável Sustentável a partir da Valorização de Recursos Agroflorestais, apresentada pela Universidade de Coimbra e que procurará valorizar resíduos agrícolas e florestais (RAF), com vista ao cultivo de cogumelos e substratos nacionais; rastrear propriedades nutricionais e metabolitos (em cogumelos e substrato esgotado) e criar os protocolos padronizados do cultivo a partir das formulações de RAF; avaliar os benefícios do consumo de cogumelos na diminuição de risco de obesidade, diabetes, inflamação e melhoria do metabolismo celular, para validar os protocolos padronizados; estimular a produção integrada de cogumelos (e substratos), com medidas de rastreabilidade desde as formulações de RAF; promover o consumo dos cogumelos junto dos atores relevantes e o público em geral; e sensibilizar sobre os benefícios do consumo de cogumelos para uma alimentação equilibrada, saudável e sustentável, a partir do envolvimento dos atores relevantes e o público em geral.
HARVEST: Valorizar a Horta fAmiliar de forma a educaR para uma dieta mediterrânica, saudáVel E SustenTável, apresentada pelo MORE – Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação – Associação, tendo em vista construir uma cadeia alimentar que beneficie os consumidores, os agricultores e o ambiente, com recurso a ferramentas de inovação social que ajudem a revitalizar a horta familiar; fomentar o consumo de alimentos menos calóricos, como parte integrante na pirâmide alimentar da Dieta Mediterrânica, de modo a reverter as consequências do êxodo rural nos hábitos alimentares dos portugueses e a sua integração nos modelos de desenvolvimento rural; e consolidar e aprofundar métodos e práticas agroecológicas inovadoras, de forma a garantir uma alimentação em modo de produção biológica, possibilitando que os consumidores façam escolhas alimentares mais saudáveis e sustentáveis.
CERTRA – Desenvolvimento de Cadeias de Valor de Cereais Tradicionais para uma Alimentação, apresentada pelo Instituto Politécnico de Bragança e tendo objetivos definidos em diferentes campos: Dieta Mediterrânica – Levantamento de populações tradicionais de trigo e centeio e milho; conhecimentos, tecnologia e práticas utilizadas na produção de cereais tradicionais; Produtos – Caracterização agronómica, genética e química dos cereais tradicionais, produção de cereais, ensaios de panificação e outros produtos transformados, autenticidade dos produtos; Consumo – Identificação de estratégias de mercado que integrem dinâmicas de produção, transformação, comercialização e consumo de cereais tradicionais e seus transformados num quadro de circuitos curtos, segurança alimentar e promoção da saúde; Comunicação – Organização e trabalho em rede com os agentes da cadeia de valor dos cereais tradicionais, formação em modo de produção biológico, campanhas de comunicação e sensibilização dos consumidores.
Com uma forte ligação à revitalização dos territórios e à promoção da investigação, a iniciativa “Alimentação Sustentável” pretende incentivar a produção nacional, a adoção de sistemas de produção e distribuição mais sustentáveis, as cadeias curtas de abastecimento, a valorização dos produtos de qualidade, a adesão à dieta mediterrânica e a sensibilização dos consumidores e da população em geral para a adoção de uma alimentação nutricionalmente equilibrada, bem como para o consumo de produtos de época. Além deste aviso, foram já contratualizados outros quatro e, a par destes projetos de investigação, desenvolvimento e inovação, o financiamento PRR contempla ainda a transformação digital da área governativa e a dinamização da rede de inovação, com polos dedicados a diferentes áreas, tantas vezes diretamente relacionadas com os territórios em que se inserem.
Esta sessão foi antecedida por uma visita à Quinta da França, parceira no contexto da implementação da Agenda “Terra Futura”, onde está a ser desenvolvido um projeto na área da produção extensiva sustentável, com foco na mitigação e adaptação às alterações climáticas, na agricultura circular e na agricultura 4.0.
Decorreu ainda, durante a manhã, a visita à Adega 23, enquanto exemplo de investimento no interior do país e que comprova o papel do setor no desenvolvimento regional e na gestão ativa do território
No espírito de proximidade que alicerça esta iniciativa do Governo, ao final da tarde ocorreu uma sessão de apresentação/esclarecimento sobre o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, aberta aos agricultores e produtores da região e que pretendeu aprofundar o diálogo e a cooperação na construção e implementação da política pública.