Autor:
Margarida Henriques Mourão
Laboratório de Virologia – UEISPSA
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária
A gripe, também conhecida como influenza, é uma doença infeciosa viral muitas vezes confundida com uma constipação comum, que se caracteriza principalmente por febre, fraqueza e dores musculares. O agente etiológico é um vírus pertencente à família Orthomyxoviridae, que inclui atualmente sete géneros. Os mais importantes do ponto de vista clínico são os géneros Alphainfluenzavirus, ao qual pertencem vírus capazes de infetar aves e mamíferos, incluindo humanos; e Betainfluenzavirus, ao qual pertencem muitos dos vírus que provocam a gripe sazonal em humanos.
Todas as pandemias de influenza registadas até à data foram provocadas por vírus pertencentes ao género Alphainfluenzavirus, muitos deles de origem aviária. Após o vírus da gripe aviária ter sido identificado pela primeira vez em 1901, registaram-se vários surtos, o maior dos quais em 1918, que ficou conhecido como gripe espanhola e foi responsável por cerca de 40 milhões de mortes em todo o mundo. Seguiram-se a gripe asiática (1957), a gripe de Hong-Kong (1968), a gripe Russa (1977), o H5N1 (1997) e a gripe A (2009). As aves selvagens aquáticas são o hospedeiro natural do vírus da gripe aviária, onde a doença é assintomática, mas podem transmiti-lo a aves domésticas, capazes de desenvolver a doença. O vírus pode atravessar a barreira da espécie e infetar mamíferos, incluindo humanos. Nos humanos, os sinais clínicos observados são idênticos aos de uma gripe comum, enquanto nas aves se podem observar sinais respiratórios, neurológicos, digestivos e reprodutivos, muitas vezes associados a uma mortalidade elevada e súbita. A transmissão do vírus dá-se por contacto direto ou indireto de aves domésticas com aves aquáticas migratórias, através de fezes, tosse, espirros e corrimento nasal. No caso dos humanos, a transmissão dá-se por contacto direto com secreções de aves infetadas, pois a transmissão humano-humano é raramente observada.
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