Projeto NEP pretende criar procedimentos internacionais que permitam às entidades distinguir produtos com “baixa pegada de azoto”.
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Instituto Superior de Agronomia responsável por projeto dedicado à produção de culturas com elevada eficiência de azoto
O projeto PDR2020 NEP-High Nitrogen Efficient crop Production for better water management, que reúne oito organizações portuguesas, iniciou-se no final de 2017 e, ao longo destes anos, tem desenvolvido dois novos produtos agrícolas de baixa pegada de azoto (nitrogénio): o tomate indústria e a uva para a produção de vinho.
O projeto é da responsabilidade do ISA-Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa e intervém nas regiões de Viseu, de Évora e de Montemor-o-Novo (uva) e ainda em Benavente, na Azambuja e em Salvaterra de Magos (tomate indústria).
O azoto constitui 78% do ar que se respira, como gás inerte não reativo. Mas só os compostos reativos é que podem ser absorvidos pelas plantas. Como esses compostos reativos também se perdem para o ambiente, há que encontrar soluções inovadoras para produzir uva e tomate com a menor pegada de azoto possível. Ao mesmo tempo, há que criar um efeito demonstrador, na organização das práticas agrícolas, que vise a utilização do azoto num compromisso entre a produtividade e a sustentabilidade ambiental.
Assim, através do projeto NEP, a produção agrícola de baixa pegada de azoto será uma aposta para a resolução do problema do excesso deste nutriente. O que abre a oportunidade para criar novos produtos de mercado na ótica da uva e do tomate. Em Portugal, é importante garantir a qualidade da água, do solo e da atmosfera e a mitigação das perdas de azoto das práticas agrícolas convencionais. Durante o projeto NEP está também a desenvolver-se uma ferramenta de cálculo da pegada de azoto para estes dois produtos agrícolas.
“Desde o início do século XX que a produção industrial de adubos minerais azotados permitiu alimentar a população mundial. No entanto, essa produção tem causado mudanças sem precedentes no ciclo do azoto, devido à baixa eficiência do seu uso e à acumulação de azoto reativo no ambiente.” diz Cláudia Marques dos Santos, professora do ISA e coordenadora do projeto NEP nesta universidade. Afirma ainda que: “O excesso de transformação industrial do azoto atmosférico não-reativo, em todos os outros compostos de azoto reativo, ameaça a qualidade do ar, da água e do solo e produz mudanças na biodiversidade e nos ecossistemas. Apesar de, atualmente, o azoto reativo que se perde para o ambiente ter ultrapassado a capacidade de assimilação na natureza, ainda é possível reverter a situação. Este projeto contribui para este objetivo.”
As atividades agropecuárias contribuem para a emissão de amoníaco para a atmosfera, consequentes chuvas ácidas, acidificação dos solos, perda de biodiversidade e o declínio da qualidade da água. E por isso, surge a necessidade de consciencialização – através da criação do conceito de Pegada do Azoto – para que se consiga medir o impacto de cada atividade no enriquecimento do ambiente com azoto reativo.
O ISA-Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa conduz o projeto NEP, em colaboração com sete organizações parceiras beneficiárias, que apoiam na sua execução: a Benagro-Cooperativa Agrícola de Benavente, o CCTI-Centro de Competências para o Tomate Indústria, a FEA-Fundação Eugénio de Almeida, a Lusovini Distribuição, a Reguenguinho-Sociedade Agrícola e a Sociedade Agro-Pecuária do Vale da Adega.