Em 2022, detetámos mais uma espécie de tripes em Portugal. Chama-se Scirtothrips aurantii. É mais um desafio para a nossa agricultura.

Tem potencial para causar prejuízos consideráveis: menos frutos são produzidos, os frutos ficam feios e há restrições na comercialização a nível nacional e internacional.

Fig. 1. Adulto de Scirtothrips aurantii ao microscópio (original de Manuel Trindade, INIAV)

Scirtothrips aurantii, o que é? É uma espécie de insetos, também conhecidos por “tripes-dos-citrinos-da-África-do-Sul”. São amarelo-claros e pequenos. Os adultos medem cerca de 1mm.
A espécie encontra-se dispersa em África. A primeira deteção na Europa foi em 2020, em Espanha (Huelva). Seguiu-se Portugal, em 2022: encontrámo-la no Algarve e no Litoral Alentejano.

Como se desenvolve numa cultura? Até chegar a adulto, cada indivíduo passa por diferentes fases sucessivas de desenvolvimento: o ovo, depois a larva 1, a seguir a larva 2, que origina a pré-pupa e, mais tarde, surge a pupa. Esta dá origem ao adulto. O ovo e as larvas estão nas plantas, mas, a larva 2, quando está quase a pupar, normalmente, deixa-se cair no solo e pupa aí, ligeiramente enterrada ou alojada entre as folhas mortas. Os adultos surgem do solo e voam para as plantas, onde se alimentam, acasalam e põem ovos.
Num ano, podem ocorrer várias gerações, que se sobrepõem. Quando está calor, as transformações acima referidas são rápidas e em cerca de 20 dias surgem os adultos. Estes acasalam e as fêmeas logo começam a pôr os ovos da nova geração. No inverno, as transformações são mais lentas e ao todo podem demorar cerca de 40 dias.
Em Portugal, há condições para os indivíduos de S. aurantii se manterem ativos durante todo o ano: temperatura elevada, baixa humidade e plantas hospedeiras em abundância.

Plantas hospedeiras e sintomas
As larvas e o adulto alimentam-se nas partes mais jovens e tenras das plantas: nos rebentos foliares e florais e nos frutinhos. Podem alimentar-se em muitas espécies vegetais. Os citrinos são os hospedeiros preferidos. Mas, outras culturas também estão em perigo como, por exemplo, as de pequenos frutos, banana, manga, chá, entre outras (…).

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Autora: Célia Mateus, INIAV

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