Como é do conhecimento geral dos produtores de pera ‘Rocha’ o fungo Stemphylium vesicarium (Wallr.) E. Simmons, responsável pela doença estenfiliose continua a provocar graves prejuízos na produção de pera ‘Rocha’, principalmente na região Oeste.

Como foi referido na edição n.º 229, de agosto-setembro de 2019 da Revista Voz do Campo, pág. 40 e 41, foi criado, pelo despacho n.º 11400/2016, de 23 de setembro do Sr. Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, um Grupo de Trabalho (GT) para identificar as linhas de investigação e experimentação necessárias ao estudo desta doença, assim como para a monitorização do fungo e sensibilização/informação dos produtores. Este GT é composto por cinco entidades: Instituto Nacional de Investigação Agrário e Veterinária (INIAV), que preside, Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAPLVT), Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP) e Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN). O Plano de Ação apresentado por este GT foi aprovado pelo Sr. Secretário de Estado, no entanto a parte referente ao financiamento para a execução do plano não foi.

Tal como relatado na edição n.º 229 desta revista, o problema era e é grave pelo que o GT promoveu em abril de 2018 uma reunião entre os representantes da produção e os representantes das empresas fornecedoras de fatores de produção para que fosse assegurado o financiamento para uma das ações proposta no Plano de Ação, e que era a monitorização da estenfiliose em quatro pomares da região Oeste. Esta parceria envolve 13 organizações de produtores e 8 empresas, sendo 50% das despesas cobertas por algumas organizações de produtores e os restantes 50% pelas empresas. A observação em laboratório do material recolhido nos pomares é efetuada pelo técnico contratado no laboratório do INIAV-ENFVN, em Alcobaça e a identificação do fungo em flores e frutos no INIAV-UEIS-SAFSV, em Oeiras. Os resultados semanais são publicados pelo COTHN, sobre a forma de folha informativa.

Embora a informação semanal seja pública, no entanto, as entidades que estão a suportar as despesas desse técnico têm acesso à informação oito dias mais cedo que os restantes.

Já decorreram 5 anos e esta parceria continua e a produzir resultados o que revela a importância do trabalho que está a ser feito.

Divulgação dos resultados

No passado dia 3 de maio foram apresentados publicamente, na Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade, em Alcobaça, os dados mais relevantes referentes à monitorização do fungo no ano de 2022. Nesta ação de divulgação estiveram presentes cerca de 70 participantes repartidos por produtores, técnicos e outros agentes ligados ao setor. Neste pequeno artigo tentaremos resumir os resultados apresentados referentes ao ano de 2022.

Pomares Monitorizados

Tentando abarcar toda a região produtora de pera ‘Rocha’ e atendendo ao histórico dos pomares foram selecionados quatro pomares, um na região do Bombarral (Sobrena), outro na região de Torres Vedras (Picanceira), e dois na região de Alcobaça, um com histórico da doença (Maiorga) e outro sem histórico (Alcobaça). As entidades que colaboram neste trabalho permitindo efetuar as observações semanais são: Associação de Produtores Agrícolas da Sobrena (APAS), Campotec, Associação de Agricultores da Região de Alcobaça (AARA) e INIAV-ENFVN. Todos os pomares estão perto de uma estação meteorológica.

Cronologia da monitorização nos pomares

A 21 de fevereiro de 2022 iniciou-se a determinação do Índice de Maturação (IM) das pseudotecas, com a recolha de folhas debaixo da copa das árvores marcadas em cada pomar. As pseudotecas, são estruturas que se formam no inverno, que se encontram nas folhas secas e em outro material vegetal em decomposição no solo e que se vão desenvolvendo formando os ascos, que quando maduros, libertam os ascósporos. Esta determinação do IM decorreu até 3 de março sendo objeto da publicação de duas folhas informativas. Esta determinação é extremamente importante uma vez que se as folhas e os restos de lenha da poda forem retirados do pomar antes das pseudotecas libertarem os ascósporos o nível de inóculo inicial será muito reduzido (…).

Leia o artigo completo na edição de junho

Autores

Autores:
Rui M. Maia de Sousa e Daniel Félix*
INIAV, I.P., Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade, 2460-059, Alcobaça | e-mail: rui.sousa@iniav.pt
*COTHN, Estrada de Leiria, 2461-997, Alcobaça | e-mail: alcobaca.gtestenfili@iniav.pt

Referências bibliográficas:
ROSSI, V., BUGIANI, R., GIOSUÉ, S., NATALI, P. 2005. Patterns of airborne conidia of Stemphylium versicarium,
the casual agenst of brown spot disease of pears, in relation to weather conditions. Aerobiologia, 21(3), 203-
2016.

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