1. Produção de cereja em Resende:
A produção de cereja em Portugal foi de 23 930 t, em 2021 (FAOSTAT, 2023), sendo a região do Douro Sul responsável por cerca de 30% da produção nacional, representando por isso um forte contributo neste setor. O microclima duriense confere à cereja uma qualidade superior e um sabor caraterístico, fazendo com que este fruto tenha uma enorme procura no mercado nacional e internacional (Figura 1). Adicionalmente, as condições edafoclimáticas permitem que a cereja de Resende chegue ao mercado cerca de duas semanas antes que qualquer outra do resto do país e do resto da Europa.
Apesar do elevado valor económico da cereja de Resende, existem dificuldades no aumento da sua produção, nomeadamente devido à heterogeneidade das árvores dentro dos pomares e à existência de árvores de grande porte, às tecnologias de produção muito tradicionais, à fertilização e regas desajustadas em relação às necessidades das plantas e à colheita dispendiosa, bem como à existência de um elevado número de explorações de pequena dimensão. De facto, o peso das explorações com pomares de cerejeiras de área inferior a 2 hectares é ainda de cerca de 31% da área total cultivada, sendo que as plantações com área superior a 10 hectares têm uma expressão muito reduzida na região.
Este artigo tem como principal objetivo apresentar e discutir os principais aspetos relativos à otimização da fertilização de um pomar de cerejeiras.
2. Fertilização do cerejal
As cerejeiras preferem solos mais profundos, com espessura superior a 50 cm, de textura mais grosseira ou ligeira (franca ou franco-arenosa), com boa permeabilidade e arejamento, ligeiramente húmidos, e que favoreçam um maior desenvolvimento radicular (Figura 2).
Figura 2. Pomares de cerejeiras em Resende, localizados à cota alta (A) e à cota baixa (B)
Em termos de pH do solo, os valores ótimos para a cerejeira estão definidos no intervalo de 6,5 a 7,0. Uma parte significativa dos solos relativos a pomares de cerejeira é pobre em matéria orgânica, com teores inferiores a 1%, pelo que a adição de corretivos orgânicos poderá apresentar vantagens, nomeadamente na melhoria da capacidade de retenção de água e nutrientes, assim como no desenvolvimento e estabilidade da estrutura do solo (…).
→ Leia o artigo completo na edição de junho 2023 da Revista Voz do Campo
Berta Gonçalves1, Sandra Pereira1, Francisco Guedes2, Sérgio Pinto3, Ana Paula Silva, Fernando Raimundo1, João Ricardo Sousa1
Agradecimento:
Grupo Operacional para a valorização da produção da Cereja de Resende e posicionamento da subfileira nos mercados (iniciativa n. º 362), financiado pelo “Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER)” e pelo “Estado Português” no contexto da “Ação 1.1 «Grupos Operacionais»”, integrado na “Medida 1. «Inovação» do PDR 2020-Programa de Desenvolvimento Rural do Continente”.
Referências Bibliográficas:
FAOSTAT, 2023. https://www.fao.org/faostat/en/#data (acedido em 20/05/2023). Gonçalves, B., Vilela, A., Malheiro, A., Ribeiro, C., Bacelar, E., Raimundo, F., Guedes, F., Cortez, I., Sousa, J., Pereira, S., Pinto, S., Silva, A.P., 2022. Manual de Boas Práticas da Cultura da Cerejeira / Resende. Gonçalves, B., Silva, A.P. (eds.). Editora Dolmen – Desenvolvimento Local e Regional, Crl, 182pp., ISBN: 978-989-53563-0-0.
https://gocerejaresende.pt/manual.pdf