O estudo do metabolismo lipídico em ruminantes tem fascinado a comunidade científica, incluindo em Portugal que ao longo de mais de duas décadas se têm focado nesta temática com o objetivo final de melhorar o valor nutricional da gordura da carne e leite dos ruminantes.
Devido ao metabolismo digestivo característico dos ruminantes, os lípidos dos alimentos ingeridos por estes animais, maioritariamente compostos por ácidos gordos polinsaturados, como em ácido linoleico (18:2 n-6) nos cereais ou em ácido linolénico (18:3 n-3) nas forragens e pastagens, são extensamente metabolizados. No rúmen, os lípidos são hidrolisados e os ácidos gordos libertados, maioritariamente ácidos gordos insaturados, são bioidrogenados. Pelo processo de bioidrogenação, os ácidos gordos insaturados da dieta dão origem a ácidos gordos saturados (principalmente o ácido esteárico, 18:0) e a um conjunto de ácidos gordos intermediários da bioidrogenação com configurações cis e/ou trans (ex.: ácidos 18:1 trans) [1]. Por esta razão, a gordura dos produtos dos ruminantes apresenta elevado conteúdo em ácidos gordos saturados, baixos níveis de ácidos gordos polinsaturados e quantidades variáveis de ácidos gordos trans.
Devido à sua composição em ácidos gordos, o consumo de produtos com origem nos ruminantes tem sido associado ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças crónicas.
Com o objetivo de melhorar o valor nutricional dos produtos dos ruminantes têm sido exploradas diversas estratégias nutricionais que possam reduzir o seu teor em ácidos gordos saturados e incrementar a quantidade de ácidos gordos considerados benéficos para a saúde, principalmente em ácidos gordos omega-3, ácido vacénico (18:1 trans-11) e no ácido ruménico (18:2 cis-9, trans-11).
Na última década, a utilização de taninos, tanto condensados como taninos hidrolisados, tem sido uma das estratégias mais estudadas para melhorar a composição em ácidos gordos nos produtos dos ruminantes (…).
→ Leia o artigo completo na edição de junho 2023 da Revista Voz do Campo
Autoras:
Eliana Jerónimo e Olinda Guerreiro
Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL)/Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), 7801-908 Beja, Portugal
MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento & CHANGE – Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade, CEBAL, 7801-908 Beja, Portugal
Financiamento: Programa Operacional Alentejo 2020 através do Projeto Val+Alentejo – Valorização dos
produtos dos pequenos ruminantes (ALT20-03-0246-FEDER-000049) co-financiado pelo Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional (FEDER) e do Programa de Potenciação de Transferência de Tecnologia do CEBAL –
Reforço de Capital Humano Altamente Qualificado de Interface (ALT20-05-3559-FSE-000076) co-financiado pelo
Fundo Social Europeu (FSE).
Referências bibliográficas:
1 – Harfoot C e Hazelwood G, 1997. The Rumen microbial ecosystem; Elsevier: London (UK). pp. 382–426. 2 – Jerónimo E, et al., 2010. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 10710–10721. 3 – Guerreiro O, et al., 2016. Animal Feed Science and Technology, 219, 304–312. 4 – Costa M, et al., 2017. Journal of the Science of Food and Agriculture, 97, 629–635. 5 – Alves S P, et al., 2017. Animal Feed Science and Technology, 225, 157-172. 6 – Francisco A, et al., 2015. Meat Science, 100, 275–282. 7 – Francisco A, et al., 2018. Animal, 12, 872–881. 8 – Guerreiro O, et al., 2020. Meat Science, 160, 107945. 9 – Guerreiro O, et al., 2022. Animal Feed Science and Technology, 291, 115398. 10 – Jerónimo E, et al., 2023. Animal Feed Science and Technology, 300, 115654.
One thought on “Utilização de Taninos em Estratégias Nutricionais para Melhoria da Composição em Ácidos Gordos dos Produtos dos Ruminantes”
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